Usar FGTS para pagar dívidas é um erro

Visando reaquecer a economia, o Governo estuda a possibilidade de flexibilizar o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), liberando que pessoas físicas utilizem parte dele para pagar dívidas com os bancos. Essa iniciativa, apesar de pautada na melhoria da situação do País, me gera grande preocupação.Precisamos pensar que a proposta do […]

Reinaldo Domingos

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Visando reaquecer a economia, o Governo estuda a possibilidade de flexibilizar o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), liberando que pessoas físicas utilizem parte dele para pagar dívidas com os bancos. Essa iniciativa, apesar de pautada na melhoria da situação do País, me gera grande preocupação.

Precisamos pensar que a proposta do Fundo é ser um investimento de longo prazo que o trabalhador pode contar em caso de demissão e/ou no momento de sua aposentadoria. Embora tenha um rendimento baixo, o menor do mercado, o FGTS força o trabalhador a ter uma poupança e estar minimamente precavido para imprevistos no futuro.

O endividamento e a inadimplência são problemas seríssimos em nosso país, agravados com o desemprego e a crítica situação econômica atual, que precisam ser resolvidos com educação financeira na base, ou seja, nas escolas. Os brasileiros precisam aprender a lidar com o dinheiro de forma sustentável já na infância, para que consigam alcançar seus objetivos ao longo da vida com segurança financeira.

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O que vejo, entretanto, é que o investimento em educação vem sendo deixado de lado, enquanto o FGTS vem sendo considerado a “salvação” dos brasileiros, já que neste ano foi disponibilizado também para ser usado como garantia em empréstimos consignados. Ações como essas colocam a população em sério risco de perder uma importante garantia financeira – que, para muitos, é a única.

No longo prazo, o uso do Fundo para amortizar dívidas pode comprometer ainda mais a economia, gerando maior endividamento e inadimplência. Para quem passa por isso, a principal orientação é: conheça verdadeiramente a sua situação financeira e trace um planejamento para sair dessa situação. Não é com pressa, trocando uma dívida por outra, que o problema irá se resolver, pelo contrário.

A mudança precisa ser comportamental, a fim de eliminar costumes e hábitos que levam ao consumismo não planejado e descontrolado. O mesmo se aplica a transformação social, é preciso investimento em educação financeira para que as pessoas saibam administrar suas finanças de forma consciente e sustentável. 

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Reinaldo Domingos

Reinaldo Domingos é presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), autor de vários livros e criador da Metodologia DSOP de Educação Financeira.