A “festa” do Tesouro Direto se justifica?

As Operações do Tesouro Direto estão sendo a sensação do momento para os aplicadores com perfis moderados e conservadores, oferecendo ótima rentabilidade e também novidades que facilitam os caminhos dos investidores. No ano passado, o Governo Federal já havia anunciado mudanças no programa realizando uma reformulação no site de compra.Outra mudança é a facilitação do […]

Reinaldo Domingos

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As Operações do Tesouro Direto estão sendo a sensação do momento para os aplicadores com perfis moderados e conservadores, oferecendo ótima rentabilidade e também novidades que facilitam os caminhos dos investidores. No ano passado, o Governo Federal já havia anunciado mudanças no programa realizando uma reformulação no site de compra.

Outra mudança é a facilitação do entendimento da aplicação e melhor visualização dos rendimentos dos títulos, remunerações e vencimentos dos papéis. Agora, neste mês de dezembro, foi lançado um aplicativo que facilita as operações no Programa Tesouro Direto, na chamada “segunda onda” de melhorias com o objetivo de tornar mais fáceis, acessíveis e seguras as operações. O aplicativo possibilitará, entre outras coisas, a realização de análises das transações como investimentos, resgates, agendamentos e consulta de extrato.

Também foi alterado o horário de resgate das aplicações, que agora pode ser feito das 9h30 às 18h. Enfim, são muitas as facilidades para realizar essa aplicação, que já era tida como a queridinha dos consultores, mas será que essa fama se justifica?

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Vamos entender melhor essa aplicação: essa linha, que também é conhecida por Títulos Públicos, faz parte de um programa criado para custear gastos públicos pela Secretaria do Tesouro Nacional. Funciona como se o investidor emprestasse dinheiro para o Governo Federal, e em troca, depois de um período, recebesse o dinheiro de volta corrigido.

São dois os formatos existentes, o pré-fixado, no qual o rendimento é definido no momento em que é feito o investimento, e o pós-fixado, no qual a rentabilidade está associada a algum índice, como a taxa Selic ou o IPCA. Os títulos pós-fixados se favorecem em momentos em que a economia tem alta de juros, mas perdem rendimento em momentos de queda de juros. Já no caso dos pré-fixados, há a garantia do rendimento, independente do momento que o país atravessa.

Por mais que hoje sejam muitas as facilidades de retirada, ainda recomendo que os títulos sejam utilizados para aplicações de médio e longo prazo, que já são comprados com prazo de vencimento – ou seja, já é definido o dia que o governo pagará o investimento. Se negociados antes dessa data, será recebido o valor de mercado no momento, que poderá ser menor ou maior do que o estipulado para o vencimento.

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Sobre os riscos, como dito em artigo anterior, esse é baixo, uma vez que o governo é a garantia. Funciona assim: é como se o investidor emprestasse dinheiro para o Governo Federal, e em troca, depois de um período, recebesse o valor de volta corrigido (rendimento).  Contudo, os investidores estarão sujeitos ao pagamento de duas taxas no ato da aquisição: uma cobrada pela BM&FBovespa e outra cobrada pela instituição ou intermediário financeiro com quem operará. 

Mas o alerta mais importante que faço é que, se a situação política e econômica do país é instável, qual a segurança de que essa dívida será paga, ou seja, que os investidores receberão o que lhes é devido? Estamos observando um cenário de crescimento da dívida pública, o que pode impossibilitar que o Governo honre seus compromissos.

As perspectivas não são nada boas e, se assim for, quem será um dos afetados, sofrendo grandes prejuízos? Os investidores do Tesouro Direto. É por isso que a recomendação, nesse momento, é de cautela.

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Não acho que os investidores devem agir por impulso, tirando todo o dinheiro investido nos títulos públicos, não é nada disso. Apenas aconselho a fazer uma análise mais crítica, ficando sempre atendo aos desdobramentos da crise. O segredo de um bom investimento é buscar se informar o máximo possível sobre os assuntos relacionados e não sair fazendo o que, aparentemente, todo mundo está fazendo.

Assim, por mais que sejam muitas as facilidades, é importante ver o que mais se encaixa em seu perfil diante de todas as possibilidades. Também é costumo recomendar a pulverização de investimentos, o que garantirá mais segurança.

Enfim, não quero “jogar água no chope” nesta festa relacionada ao Tesouro Direto, mas acho importante que cuidados prévios sejam tomados antes de investir. Lembrando que as reformulações oferecidas foram poucas e mais relacionadas ao controle das operações.

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Reinaldo Domingos

Reinaldo Domingos é presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), autor de vários livros e criador da Metodologia DSOP de Educação Financeira.