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Baseado no livro de Tom Clancy, “Caçada ao Outubro Vermelho” é um dos maiores livros (e filmes) de espionagem da história. Com Sean Connery e Alec Baldwin, o filme narra a deserção do capitão de submarinos soviético Marko Ramius.
Na história, Ramius decide desertar para os Estados Unidos, entregando para os americanos um submarino da classe typhon com uma tecnologia inovadora que o torna praticamente indetectável ao radar, o “Outubro Vermelho”
Só há um pequeno mas relevante problema nessa história: o nome. Tradicionalmente a revolução comunista de 1917 é creditada em outubro, daí o nome do submarino (e do livro).
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O problema é que neste período os russos ainda adotavam um calendário chamado de Juliano, criado ainda por Juliu Cezar, e que eliminava 1 dia a cada 128 anos, enquanto o resto do mundo seguia o calendário Gregoriano. Na prática, a Rússia estava 13 dias atrás do resto do mundo, de modo que a revolução ocorreu em novembro – então em outubro.
Preciosismo histórico ou não, nos acostumamos a acompanhar e marcar eventos como estes, adotando alguns rituais, como a ideia de que o ano possui uma divisão clara e precisa.
Ainda que mudanças de ano não signifiquem grandes coisas no cotidiano (exceto uma boa desculpa para um feriado e pra estourar uma champanhe), elas nos acompanham na datação histórica.
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E tão importante quanto conferir o que já passou, é se preparar para o que está por vir. Na economia, estes devem ser só principais fatos de 2022:
Esqueça o V e se acostume com um recuperação em W
O “V de Nike” como diz o ministro Paulo Guedes, significa uma retomada onde o PIB registra um fundo e, em seguida, volta aos níveis anteriores.
O problema é que, estruturalmente, a economia brasileira não está preparada para manter a segunda perna do V subindo.
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Recuperar a queda brusca na economia por conta da pandemia foi uma situação relativamente natural.
Em julho deste ano, porém, os sinais de retomada começaram a arrefecer.
Na comparação de trimestre contra trimestre, a economia brasileira caiu 0,4% no 2º trimestre de 2021, além de outros 0,1% no 3º trimestre.
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Na prática, 2 trimestres seguidos de queda significam “recessão técnica“.
Ainda assim, a economia deve crescer no ano cerca de 4,6%, número acima da previsão inicial de 3,9% feita em dezembro de 2022.
Para 2022, é provável que o crescimento fique significativamente abaixo deste valor, com algo entre 0,5% e 1,5%. Isso levaria o gráfico do PIB a representar um W, não mais um V.
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A alta de juros, tensões políticas e outros fatores comuns por aqui, devem cobrar seu preço.
A Inflação deve sentir o efeito dos juros
Desvalorização do Real, crise hídrica, juros “surrealistas” (que começaram o ano em 2% e devem acabar em 9.25%), o vai e vem da pandemia, crise energética global, recuperação do petróleo, cadeias de suprimento completamente desajustadas e uma impressão desenfreada de dinheiro no mundo.
Tempere tudo isso com uma instabilidade política, um governo que busca melhorar sua avaliação por meio de aumentos em programas sociais, sem se definir sobre qual o tamanho do gasto, e um meteoro de gastos extraordinários como precatórios.
Não é lá muito difícil perceber o turbilhão em que os brasileiros foram jogados neste não, que deve fechar com a maior inflação desde a criação do plano real.
Com a renda ainda em queda, famílias se viram diante de custos elevados em itens como combustíveis e alimentos.
Para 2022, a expectativa é de que o aumento da taxa de juros puxe o freio de mão, derrubando a inflação.
A incerteza sobre a Covid-19 e o aumento de casos com a variante Omicron, porém, podem pesar, como ocorreu no longínquo início de 2021.
Gerar empregos é importante, mas não tem sido suficiente
Foram 2,9 milhões de empregos gerados entre janeiro e novembro deste ano. Um número expressivo, entre os 3 maiores da história do país em valores absolutos, capaz de reduzir a taxa de desemprego de 13,6% para 12,1%.
Ainda assim, um fator importante precisa ser destacado: a informalidade.
Trabalhos informais ocupam 54% do total de geração de emprego no Brasil em 2021, o que por sua vez impacta na renda deste trabalho.
Até julho deste ano, o salário médio dos brasileiros ainda estava 4% abaixo do nível pré-pandemia.
Com gastos em alta por conta da inflação, os brasileiros ainda precisam se equilibrar a uma realidade de renda menor.
O resultado é que o consumo das famílias continua fraco, levantando dúvidas sobre o crescimento da economia.
Para 2022, a expectativa de PIB menor leva com ela também a menor geração de empregos. A alta de juros que combate a inflação, via redução de investimentos e consumo, também afeta os salários.
Com melhor regulação, investimentos devem começar a sair do papel
Em 2021 tivemos alguns “marcos”, com o perdão do trocadilho.
Saneamento e ferrovias ganharam enorme destaque, o que é uma excelente notícia.
Leilões de concessão de água em esgoto ocorreram literalmente de norte a sul do país, como no Amapá, que conseguiu atrair R$5 bilhões entre investimento e outorga, fazendo ruir o mito de que investidores privados estariam interessados apenas nos grandes centros.
Serão 750 mil pessoas atendidas em um investimento total de R$ 3 bilhões para universalizar o saneamento.
No Brasil onde metade da população ainda não possui saneamento básico, o dado é significativo. A estimativa é de que cada R$1 investido em saneamento gere uma economia de R$4 em saúde.
Outros estados também tiveram leilões bem sucedidos como Rio de janeiro, Espírito Santo e Alagoas.
Na área de ferrovias, o marco legal do setor levou a R$180 bilhões em pedidos de investimento, e ainda que boa parte não deva sair do papel (por serem investimentos redundantes ou não economicamente viáveis), os anúncios representam um ganho imenso para o país.
Considere que apenas metade saia do papel e teríamos aí 1% do PIB investido em ferrovias, apenas com anunciados este ano, cerca de metade do que foi investido nos últimos 20 anos.
São investimentos e regulações que ajudam, e muito, um país carente em infraestrutura.
Investimento em ativos globais
É impossível falar de 2022 sem citar o óbvio: trata-se de um ano de eleição.
Independente de quem vencerá, ou de quem vai receber seu voto, os últimos anos deixaram claro a importância de investir em ativos globais e diversificar seus investimentos.
Desde 2008 a economia brasileira saiu de 3,3% para 1,9% do PIB mundial, crescendo abaixo da média.
Por uma questão lógica, não há pq você estar totalmente preso ao destino de uma fração ínfima da economia global.
Como dados do Banco Central apontam, investimentos de brasileiros em ações no exterior cresceram de R$6 para R$ 15 bilhões entre 2020 e 2021, com destaque para o setor de criptomoedas que saltou para R$5,9 bilhões.
Prova desta tendência é o expressivo crescimento do número de ETFs da bolsa brasileira, contando com ativos dos mais variados, no Brasil e no exterior, além das BDRs.
Hoje é possível comprar por aqui ações como Apple, Microsoft, Tesla e inúmeras outras, em uma tendência que deve ganhar ainda mais força com as tensões em ano de eleição.
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