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A indústria de fundos de investimento no Brasil se distingue por suas características únicas. Impulsionada por taxas de juros historicamente altas, a preferência por investimentos em renda fixa é notória. Em contrapartida, a volatilidade dos retornos e os ciclos econômicos intensos resultam em uma participação mais tímida de fundos de ações, enquanto os fundos multimercado assumem um papel central. Essa categoria, que é extremamente versátil, inclui estratégias diversas como macro, long e short, quantitativo e internacional, atraindo tanto investidores profissionais quanto o varejo.
Em setembro de 2023, o volume investido em fundos de investimento no Brasil ultrapassou R$ 8 trilhões, com os fundos multimercados representando mais de R$ 1,7 trilhão desse montante, o que corresponde a mais de 20% do total, ficando atrás apenas dos investimentos em fundos de renda fixa. A elevação das taxas de juros e os problemas de credito causados pela Americanas impulsionaram um expressivo movimento de saída de recursos dos fundos de investimento, contabilizando R$ 86,6 bilhões em 2022 e R$ 57 bilhões em 2023, até o momento. Isso mais do que neutralizou a captação recorde de mais de R$ 100 bilhões observada em 2020. O IHFA, índice que avalia a performance dos fundos multimercado, apresentou uma alta de apenas 3,25% nos últimos 12 meses, um resultado abaixo da inflação e da taxa de juros. Contudo, em um horizonte de cinco anos, o índice registrou um ganho de aproximadamente 41,5%, superando o Ibovespa, que teve um avanço de 34%, embora tenha ficado aquém do índice de títulos do governo brasileiro atrelados à inflação, o IMA-B, que subiu 55,3%.
Quando falamos em diversificação, os fundos multimercado ganham destaque pela sua capacidade de combinar diferentes classes de ativos e estratégias, oferecendo uma menor correlação com os mercados tradicionais de ações e renda fixa. Isto significa que eles podem suavizar as flutuações do portfólio, diminuindo o risco geral e melhorando a relação risco-retorno. A diversificação é uma ferramenta essencial na gestão de investimentos, pois permite que os investidores diversifiquem seus riscos e aproveitem oportunidades em vários mercados.
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A análise desses fundos se torna mais justa quando se considera a volatilidade dos ativos. Nesse sentido, a volatilidade do índice de fundos multimercado é menor do que a do IMA-B (índice de títulos do governo) e substancialmente inferior à da Bolsa de Valores. Adentrando uma análise mais detalhada, a correlação entre os retornos dos ativos ou dos fundos é um fator crítico para a composição de um portfólio de investimentos. Para ativos com volatilidade similar, quanto menor for a correlação entre o fundo em questão e o portfólio existente, menor será a volatilidade do portfólio resultante e maior o efeito de diversificação. Desde 2009, a correlação do IHFA com o Ibovespa é considerável, marcando 0,67, enquanto com o IMA-B é de 0,49.
A análise agregada do índice pode ser enganosa, pois engloba uma variedade de estratégias, desde fundos alocados em ativos internacionais até aqueles focados no mercado de ações, como os “long bias”. A estratégia macro, que oferece total liberdade de alocação baseada na visão macroeconômica do gestor, é a mais comum. Os fundos long & short operam na compra e venda de ações e, geralmente, não possuem grandes exposições direcionais. Por outro lado, os fundos quantitativos, que são guiados por algoritmos, podem seguir diversas abordagens.
Ao examinar os cinco principais fundos de cada uma dessas três categorias do IHFA, percebemos diferentes graus de correlação com o Ibovespa e o IMA-B. Os fundos macro exibem uma correlação de 0,4 com o Ibovespa e de 0,25 com o IMA-B, enquanto os fundos long & short mostram uma correlação de 0,3 com o IMA-B e de 0,40 com o Ibovespa. Os fundos quantitativos, por sua vez, não têm correlação com esses índices, destacando seu potencial de diversificação.
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Se o fundo não apresentar uma baixa correlação com outros índices e seu desempenho não for substancialmente superior ao benchmark, alternativas como ETFs ou fundos passivos, que são geralmente mais acessíveis e líquidos (menor prazo de resgate), podem ser consideradas. No entanto, existem exceções: os fundos sistemáticos ou quantitativos frequentemente têm menor correlação, assim como certas estratégias macro, e podem ser mais vantajosos em determinados cenários.
Em resumo, a diversificação é um pilar fundamental na construção de um portfólio de investimentos robusto e os fundos multimercado oferecem uma ferramenta valiosa para alcançar esse objetivo. Com a ampla gama de estratégias que eles englobam, os investidores podem beneficiar-se tanto de retornos potencialmente superiores quanto de uma redução de riscos, o que os torna essenciais em qualquer estratégia de investimento bem equilibrada. Consequentemente, é prudente avaliar minuciosamente cada fundo, levando em conta sua correlação com outros ativos, custo, liquidez e gestão de risco empregada pela gestora, para assegurar uma decisão de investimento que esteja em harmonia com os objetivos financeiros e o perfil de risco do investidor.