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O ataque do Irã a uma base americana foi o suficiente para despertar a paranoia – ou desejo inconsciente alimentado pelo antiamericanismo? – de que o mundo caminhava para a 3ª guerra mundial.
De CNN a especialistas em política externa, todos falavam na possibilidade do fim do mundo. Aquele mesmo pessoal que errou com o Brexit, eleição de Bolsonaro e vitória de Trump não descartava a hipótese de uma 3ª guerra mundial.
Acreditavam de maneira simplista que o mero ataque a uma base americana faria Trump entrar numa guerra automaticamente, por impulso, sem pensar. E, pior, Rússia e China, aliados do Irã, imediatamente lutariam contra os EUA. Mais uma vez erraram.
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Mas por que erram tanto? Provavelmente porque confundem torcida com análise. O repúdio da intelligentsia por Trump – vale para Bolsonaro também – cega a capacidade de análise de acadêmicos e jornalistas. Torcem por uma barbeiragem de Trump para poderem reforçar as suas narrativas de que “Trump é um louco, nacionalista que só pensa em guerras”.
O ponto é que Trump agiu como um estadista. Fez um discurso duro, ameaçador e sabiamente não revidou com força militar; mas reagiu no âmbito econômico, aumentando sanções econômicas contra o Irã.
Diante da reação de Trump fica evidente que os EUA não querem uma nova guerra no Oriente Médio. É ingenuidade acreditar que o presidente da nação mais rica do mundo irá entrar automaticamente numa guerra em resposta a um ataque a suas bases que não deixou vítimas. Não dá para analisar a decisão de entrar numa guerra ou não como se fosse a lógica de uma briga entre coleguinhas de escola. Uma guerra custa vidas, muito dinheiro e traz um ônus político enorme.
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Particularmente no caso dos EUA, a guerra contra o terror no Oriente Médio tem custado muito caro. Desde 2001, os gastos somam 5 trilhões de dólares. Nada mal para um para um país que tem problemas internos relevantes para resolver, como questões imigratórias.
Como bem observou o intelectual conservador Stefan Molyneux, a imigração ilegal é um problema muito maior para o americano médio do que a guerra ao terror no Oriente Médio. Prova disso é que 100 mil imigrantes ilegais, com histórico criminal, conseguiram anistia no governo Obama e estão livres em território americano. Diante desse fato, segundo Molyneux, o custo da construção de um muro (0,1% do que já foi gasto na guerra ao terror) se torna pequeno perto do que é gasto no Oriente Médio.
Essa discrepância de prioridade apenas colabora para um sentimento da população americana de que a invasão ao Iraque foi um erro (não foi comprovado a produção de armas químicas) e que a manutenção de tropas no Oriente Médio até hoje é muito cara, tanto em custo de oportunidade do dinheiro, quanto em vidas de soldados.
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Certamente, Trump capta esse sentimento da população americana e por isso evita o confronto militar direto. A fim de evitar uma guerra, utiliza-se da retórica, de estratégias de negociação, de sanções econômicas, de ataques pontuais com drones contra terroristas (Soleimani) e de revisão de acordos que só beneficiavam os ditadores- sejam eles comunistas ou xiitas.
Até agora, goste ou não dele, a estratégia de Trump tem sido vencedora. O Irã tem tido dificuldades de seguir com o seu programa nuclear devido ao enfraquecimento de sua economia causada pelo embargo americano. Já a Coréia sinalizou em frear seu programa nuclear e o número de mortes por ataques terroristas tem caído significativamente desde 2016 em todo o mundo. Segundo o banco de dados da Universidade de Oxford, em 2016 foram 34.871 mortes por terrorismo contra 26.445 em 2017.
Em suma, a bem sucedida política externa dos EUA, aliado ao desempenho da economia americana, coloca Trump como favorito nas eleições deste ano. O resto é torcida.
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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação