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“Happiness is a Warm Gun”: tensões menores no leste europeu ajudam ativos de risco

Difícil dizer se a situação voltará ao normal como se nada tivesse acontecido, mas alívio protagonizado pelos russos e pela diplomacia fizeram o mundo respirar mais confortavelmente
Por  Roberto Dumas Damas -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Com *Georgia Guimarães, economista

Escrever sobre guerras ou possíveis guerras sempre levantou arquibancadas e obviamente rendeu vários prêmios jornalísticos. Esses escribas estão longe disso e nem são experientes em “conquistar 24 territórios com 2 exércitos em cada país” como um dos objetivos do jogo “War”, o qual adorávamos, mas dificilmente jogamos até o fim. Entendedores entenderão.  Demorava demais.

A guerra, quase guerra ou não guerra da Rússia invadindo a Ucrânia acabou mexendo vários dados, peões (de várias estirpes), cavalos, artilharias, mas agora ao que tudo indica, as peças voltarão ao caixote do jogo, onde o Rei se iguala às outras peças, como diz o ditado chinês.

Melhor assim. Melhor para a humanidade, que obviamente não precisa de guerra e nem da volatilidade exacerbada dos preços dos ativos, que esses rebentos bélicos suscitam em um mundo globalizado.

Petróleo e gás natural subindo, preços e ofertas de fertilizantes da Bielorrússia e Rússia cada vez se comportando como em um cenário psicótico, aumentando ainda mais a probabilidade de um novo choque de oferta e demanda, o que frearia o crescimento econômico mundial, com mais inflação, maiores taxas de juros e incertezas desnecessárias em um horizonte quase pós-pandêmico. Chega, né?

O prognóstico econômico parece melhor para o mundo, ainda não estelar, mas pelo menos melhor em alguns países, apesar de determinados preços de commodities energéticas e metálicas ainda agitarem suas bandeiras insistentes de batalha.

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Tudo voltará ao normal? Difícil afirmar. Putin deixou claro em suas demandas que os novos países membros da Otan (Organização do Atlântico Norte) do Leste Europeu deveriam suspender qualquer forma de expansão militar, bem como exercícios militares com as antigas repúblicas soviéticas, além de nenhum membro adicional da região poderia se juntar à organização ocidental.

Parece que a promessa da Ucrânia em não se juntar a aliança do ocidente foi suficiente, apesar de que de facto, a possibilidade de guerra levou a maioria dos países ex-Pacto de Varsóvia e atuais Otan a se prontificarem a ajudar a Ucrânia, mesmo essa última não fazendo parte da Otan. Estranho isso.

Além disso, Putin aparentemente parece continuar aceitando que algumas unidades de comando localizadas nos países bálticos e na Polônia sejam capazes de atingir Moscou em um prazo menor do que duraria um amistoso brinde moscovita do tipo “Za zdorovie” – algo como “à saúde”.

Mas a Rússia também tem mísseis em Kaliningrado, que faz fronteira com a Lituânia e a Polônia, que poderiam chegar à Berlim em minutos. A tensão na região ainda não acabou.

Como dissemos, difícil dizer se a situação voltará ao normal como se nada tivesse acontecido. Mas esse alívio protagonizado pelos russos e pela diplomacia fizeram o mundo respirar mais confortavelmente, a economia mundial ter um menor empecilho para seu crescimento em 2022, e no final todos agradecem. Ativos financeiros de risco, moedas, commodities e bolsa. Que assim seja.

Roberto Dumas Damas Roberto Dumas Damas é estrategista-chefe do Voiter e representou o Itaú BBA em Xangai de 2007 a 2011. Em 2017, atuou no banco dos BRICs em Xangai. Dumas é mestre em Economia pela Universidade de Birmingham na Inglaterra, mestre em Economia Chinesa pela Universidade de Fudan (China), além de professor de MBA e pós graduação do Insper e da FIA e professor convidado da China Europe International Business School (CEIBS) e Fudan University (China)

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