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Copa do Mundo é Copa do Mundo: medindo a competitividade

Nesta coluna trarei comparativos em relação à formação dos elencos das equipes que se classificaram para as oitavas-de-final
Por  Cesar Grafietti -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Chegamos às oitavas-de-final da Copa do Mundo. No início da competição fui convidado a comentar sobre o valor dos elencos das seleções que entram em campo no Catar. Não é exatamente algo que eu goste muito, porque é muito complexo apontar valor para atletas. Mas há quem se aventure nesse campo.

Entre as diversas fontes, aquela que considero com uma técnica envolvida é a CIES – Football Intelligence, uma entidade suíça composta por acadêmicos que desenvolve estudos com base científica. Certo ou errado, ao menos fazem com a devida técnica.

Resolvi, então, aprofundar a análise e avaliar os elencos de outra forma. A pergunta inicial é: como saber se um elenco é tecnicamente forte e preparado para uma competição como a Copa do Mundo?

Antes de responder essa pergunta é preciso considerar algumas coisas: Copa do Mundo é uma competição de tiro curto, para a qual as equipes costumam se preparar de forma espaçada e que, especialmente nesta edição, tiveram pouquíssimo tempo para se preparar. Não dá, portanto, para fazer uma relação direta entre perfil de elenco e qualidade do jogo, exceto se você for um terraplanista do futebol.

Por isso, tenho ressalvas em relação a qualquer comparação ou avaliação de chances de conquista relacionadas diretamente a temas como valor de elenco ou qualquer outra forma de análise semelhante.

De qualquer forma, nesta coluna trarei comparativos em relação à formação dos elencos das equipes que disputaram as oitavas-de-final.

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Antecipo que não é uma forma de prever nada. Qualquer previsão baseada em dados que não sejam a soma dos 90 minutos de cada partida é mero chute e os acertos são meros acasos. Mas, de qualquer forma, vale como curiosidade e referência entre a eventual força dos elencos e os avanços na competição.

No limite, se pensassemos as seleções como equipes para disputar uma competição de 38 rodadas por pontos corridos, avaliações como essas poderiam fazer mais sentido.

Mas vamos lá. A ideia dessa avaliação é somar pontos por atletas, de forma a tentar avaliar o grau de competitividade em que eles atuam. A base é a liga onde jogam. Quanto mais competitiva, maior a pontuação. A escala definida foi a seguinte:

• Premier League – 5 pontos
• LaLiga/Serie A/Bundesliga – 4 pontos
• Ligue 1 – 3 pontos
• Holanda/Portugal – 2 pontos
• Demais ligas europeias – 1 ponto
• Brasileirão – 2 pontos
• México – 2 pontos
• Demais ligas no mundo – 1 ponto

Além disso, adicionei pontos pelo desempenho recente dos clubes onde os atletas atuam, separando em dois blocos:

• Classificados para as oitavas-de-final da Champions League – 3 pontos
• Campeão Brasileiro – 2 pontos
• Campeão da Libertadores – 5 pontos

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Com isso, chegamos à seguinte pontuação para as seleções classificadas para as oitavas-de-final:

A Inglaterra é a seleção com mais atletas que atuam em alto nível de competitividade, seguida de Brasil, Espanha e Portugal, muito próximos. Na sequência, estão Espanha e Argentina. Depois, abre-se um abismo.

O fato de a maior parte da seleção inglesa disputar a Premier League em equipes de alto nível favorece a conta em nome do time da terra de Charles III, assim como termos muitos brasileiros nessa liga também.

Agora, fazendo a comparação jogo-a-jogo, a partida entre Países Baixos e EUA foi aquela com maior nível de competitividade, com diferença de 25% a favor da Holanda. Enquanto isso, a Argentina já era a maior favorita, com 263% de pontuação acima da Austrália. Número que é próximo à diferença entre Brasil e Coréia do Sul.

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Novamente, não dá para cravar nada, nem dizer que temos garantidos as oito seleções que passarão, muito menos garantir que a Inglaterra fará a final com o Brasil. Essa é apenas uma simulação que, para se tornar realidade, precisa de um treinador competente, uma equipe focada, um enorme grau de sorte – porque, diferente do que diz a frase de Ferran Soriano, a bola entra sim por acaso.

Seguimos então com a competição. E veremos depois se esse suposto favoritismo se comprova ou não e qual o grau de aderência e zebra que teremos. Toda atenção é fundamental. Afinal, Copa do Mundo é Copa do Mundo.

 

 

Cesar Grafietti Economista, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte. 27 anos de mercado financeiro analisando o dia-a-dia da economia real. Twitter: @cesargrafietti

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