Criação de Emprego e Produtividade

No momento atual da economia brasileira, o baixo crescimento do PIB e a perspectiva de recessão já começam a pressionar o nosso mercado de trabalho, com o fechamento de vagas e com a redução do contingente populacional ocupado.De acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego), no mês de fevereiro último, a geração de empregos formais apresentou o pior resultado dos últimos 16 anos.

Rubens Menin

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O ritmo de crescimento da economia de qualquer país impacta e é impactado pela geração de emprego nessa mesma economia. As duas variáveis guardam uma relação causal recíproca e interagem com alguma defasagem (geralmente pequena). Sempre que aumenta o estoque de postos de trabalho ocupados, costuma ocorrer, em seguida, o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto, ou seja, de todas as riquezas produzidas no país (salários, lucros, rendas, etc.), mantidas constantes as demais variáveis. No sentido oposto, e também com alguma defasagem, sempre que ocorre retração econômica continuada em um país (estagnação ou redução do PIB), costuma acontecer uma diminuição no número de postos de trabalho ocupados, com a conseqüente deterioração dos salários e das rendas.

No momento atual da economia brasileira, o baixo crescimento do PIB e a perspectiva de recessão já começam a pressionar o nosso mercado de trabalho, com o fechamento de vagas e com a redução do contingente populacional ocupado.De acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego), no mês de fevereiro último, a geração de empregos formais apresentou o pior resultado dos últimos 16 anos. Os setores que mais contribuíram para o péssimo resultado apresentado no mês de fevereiro, nesse particular, foram o Comércio (redução de 30.354 postos de trabalho) e a Construção Civil (diminuição de 25.823 vagas). A prevalecerem as relações causais já mencionadas, teremos, conseqüentemente, um segundo trimestre com fraco desempenho da economia. Essa perspectiva segue a mesma lógica daquela utilizada pelas agências especializadas que pesquisam, por exemplo, as quantidades produzidas no setor de cartonagem (embalagens) para embasar previsões de desempenho industrial nos períodos subseqüentes: menos embalagens encomendadas hoje, menos produtos comercializados na seqüência ou, também, menos mão de obra contratada hoje, menos produção nos períodos seguintes.

Esse quadro torna-se ainda mais complexo quando se examina a produtividade no trabalho e seus efeitos. Aumentos reais de salários e rendas (acima da inflação) somente são sustentáveis quando eles superam, também, os paradigmas anteriores de produtividade. Em outros termos, aumentos salariais sustentáveis somente são possíveis quando associados à diminuição ou, no máximo, à manutenção dos custos totais de produção. Se o número de homens-hora gastos para a produção de um automóvel ou de um apartamento sofre diminuição pelo aumento da produtividade, a diferença entre os custos totais nos dois instantes pode ser transformada sustentavelmente em ganhos salariais ou aumento de renda. Tentativas fora dessa lógica natural são fadadas ao insucesso, ainda que respaldadas em lei ou decreto. Em sua complexidade infernal, a economia tratará de eliminar os excessos não sustentáveis, com os meios de que dispõe, entre os quais, o crescimento inflacionário para diminuir o valor da moeda distribuída a maior. Portanto, o que deve ser perseguido, como fonte de prosperidade geral e de estabilização econômica é o aumento da produtividade nacional, seja com o investimento em novas tecnologias de produção, na melhoria da nossa precária infraestrutura ou com a educação e capacitação da nossa mão de obra. Nunca é demais lembrar que, em 1980, um trabalhador brasileiro tinha o mesmo nível de produtividade de um coreano e dez vezes mais do que o de um chinês. Passados 35 anos, a situação se inverteu absurdamente: o nível de produtividade dos chineses já está quase ultrapassando o dos brasileiros, enquanto os coreanos ostentam índices quatro vezes maiores do que os nossos. E, para piorar as comparações: os índices de produtividade nacional não crescem há mais de três décadas.

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A nossa Construtora, MRV Engenharia, percebeu essa situação há muito tempo e vem aplicando esforços significativos na melhoria de seus índices de produtividade, seja com o investimento em novas tecnologias de gestão e produção, seja com um intenso programa de capacitação do numeroso contingente empregado nas suas obras e até mesmo das famílias desses últimos e das comunidades vizinhas à sua área de atuação. Para atingirmos as nossas metas de erradicação do analfabetismo e de promoção do aprendizado, estaremos inaugurando no próximo dia 17 de abril, a centésima escola de alfabetização e qualificação (100ª Unidade MRV Escola Nota 10) que vimos implantando em nossos canteiros de obra. As atividades que oferecemos nessas unidades, que incluem Ensino Fundamental, e cursos específicos de Alvenaria, Pedreiro de Acabamento, Bombeiro Hidráulico, Gesseiro, etc. têm modificado a vida de mais de 1.800 alunos operários. O nosso programa inclui, ainda, a contratação, em todo o Brasil, de alunos de cursos profissionalizantes oferecidos pelo SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, além da ativação de cursos específicos de qualificação que já envolveram mais de mil treinamentos presenciais e 26 mil horas de capacitação virtual. Tudo isso, complementado por um importante programa de estágios que já tive oportunidade de detalhar em outro tópico deste blog.

Pretendi, com esse depoimento, estimular o meio empresarial para a ativação de atividades semelhantes, de acordo com as possibilidades de cada um, para que possamos dar uma contribuição efetiva ao aumento geral da produtividade nacional e à estabilização da nossa combalida economia, promovendo, com isso, a prosperidade dos nossos colaboradores e de suas famílias.