2017 vem aí!

É fácil aferir o sentimento dos brasileiros acerca do ano que está terminando. À medida que se aproxima o dia da virada de exercício, as manifestações, íntimas ou públicas, da grande maioria dos nossos patrícios só variam na forma ou no adjetivo de qualificação, mas, em geral, quase todas convergem para uma constatação fortemente depreciativa: vai-se embora um ano que não deixa saudades! De fato, foi um ano em que vivemos turbulências políticas e desastres econômicos sucessivos, que acabaram por produzir uma crise sem precedentes na história da nossa República. Negócios (novos e antigos) foram por água abaixo, setores produtivos inteiros desestruturaram-se, capitais evaporaram ou foram procurar outras plagas, um enorme contingente de brasileiros foi lançado no desemprego, famílias passaram a conviver com o opressivo fantasma da inadimplência, sonhos foram desfeitos e a maior parte da nossa sociedade passou a ostentar uma expressão comum de desalento, insegurança e apreensão.

Rubens Menin

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É fácil aferir o sentimento dos brasileiros acerca do ano que está terminando. À medida que se aproxima o dia da virada de exercício, as manifestações, íntimas ou públicas, da grande maioria dos nossos patrícios só variam na forma ou no adjetivo de qualificação, mas, em geral, quase todas convergem para uma constatação fortemente depreciativa: vai-se embora um ano que não deixa saudades! De fato, foi um ano em que vivemos turbulências políticas e desastres econômicos sucessivos, que acabaram por produzir uma crise sem precedentes na história da nossa República. Negócios (novos e antigos) foram por água abaixo, setores produtivos inteiros desestruturaram-se, capitais evaporaram ou foram procurar outras plagas, um enorme contingente de brasileiros foi lançado no desemprego, famílias passaram a conviver com o opressivo fantasma da inadimplência, sonhos foram desfeitos e a maior parte da nossa sociedade passou a ostentar uma expressão comum de desalento, insegurança e apreensão.

Mesmo em um panorama desses, cada espírito reage de uma forma ao estímulo da proximidade simbólica da data de mudança de ano. Alguns reacendem uma chama de esperança e se preparam para enterrar de vez o mau período; outros encaram com desconfiança o advento do novo ano e a entrada de 2017. Vamos repetir ou aprofundar as nossas dificuldades e mazelas? Ou vamos dar a volta por cima e deixar para trás as incertezas e angústias?

Vivi de perto o que aconteceu com a indústria brasileira da construção civil. Esse setor ostentou, no exercício que agora se finda, um triste recorde acumulado: perdemos 700 mil postos de trabalho. Nenhum outro segmento econômico perdeu tanto! Aliás, nos 42 anos da minha vida profissional ativa nesse setor, nunca vi um período tão ruim e tão difícil. Além da conjuntura econômica desfavorável e da grande perda de renda dos brasileiros, a indústria da construção foi fortemente afetada pelas turbulências da Operação Lava-Jato, seja pela desativação de grandes obras e investimentos, seja pela própria perturbação política decorrente dessa investigação. No entanto, sou particularmente otimista quanto aos efeitos finais dessa grande operação investigativa e de suas consequências judiciais. Sairemos delas como um país muito mais amadurecido e preparado para observar os procedimentos éticos que comprovadamente conduzem à melhores resultados econômicos e produtivos finais. Vejo com otimismo, também, a própria retomada do nível de produção da construção imobiliária. Na minha percepção poderemos construir, em 2017, em todo o território nacional, de 100 a 200 mil unidades habitacionais a mais do que o montante construído neste ano de 2016. É uma boa retomada, que, na prática, depende de ajustes relativamente simples na estrutura de produção nacional e na adaptação gerencial das empresas ao novo ambiente econômico que passará a prevalecer já no próximo ano. É possível e pode ser alcançado. Em decorrência, poderiam ser recuperados cerca 200 mil novos postos de trabalho, em um prazo não muito longo. Ou seja, estamos conjecturando sobre uma belíssima contribuição potencial que a indústria da construção poderá prestar à inadiável retomada do crescimento econômico nacional.

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Evidentemente, qualquer postura otimista sobre o nosso horizonte imediato somente poderá ser adotada se for acompanhada pela indispensável atitude de interesse, cooperação e engajamento propositivo nas ações fundamentais de reorganização política e econômica que a nação exige neste momento crítico, seja a nível pessoal, familiar, corporativo ou mais geral. Ou melhor, tudo dependerá de um comportamento proativo e consistente por parte da nossa sociedade ou de segmentos preponderantes dela, para que tenhamos o direito de encarar 2017 com otimismo. Mas, essa é uma aposta que vale a pena ser feita!

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