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“Preço é o que se paga, valor é o que se recebe”. Essa frase famosa do megainvestidor Warren Buffett não poderia ser mais precisa quando estamos falando de ativos de altíssimo risco, mas seu completo entendimento passa desapercebido por vários de nós.
Ter entendimento sobre o valor do que se está comprando deveria ser pouco afetado pelas variações de preço de curto prazo, mas sabemos que isso não é a forma como pensamos. Eu diria que é uma tarefa quase que impossível desassociar o quanto bom e promissor é determinado ativo do seu preço atual.
A análise de qualquer iniciativa, sempre passa por uma visão financeira que envolve o preço atual dela e seu potencial. O problema é que quando fazemos essa análise em ativos que têm alta volatilidade, fica muito difícil acharmos o preço ideal dele e, portanto, em geral acabamos alterando esse preço com base no emocional do mercado. Se está tudo bom, achamos que ficará melhor, se está ruim, que piorará. Vieses comportamentais que todos estamos sujeitos.
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Nesse sentido, é difícil explicar, por exemplo, porque investidores queriam comprar alguns projetos de cripto, ou investir em fundos cripto em dezembro de 2021 e, agora, com alguns desses ativos com preços mais de 70% inferiores, tendo passados por um stress de mercado enorme e se provados resilientes, ninguém quer investir. E a resposta aqui pode estar na diferença entre valor e preço.
O valor desses projetos que sobreviveram, mantiveram suas estruturas e têm caixa para continuar a seguir a vida, é hoje muito maior do que o valor que eles tinham em dezembro, e se o preço é menor, recebe-se mais valor pagando-se menos!
Mas ninguém quer comprar. E por isso mesmo o preço está baixo.
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Talvez valor seja a parte racional dizendo que é bom, mas a parte emocional olha preço e não compra.
O fluxo de notícias nos últimos meses tem claramente sido mais negativo que positivo e isso afeta nosso emocional e nos faz não olhar para valor e ficar no preço. E ler somente coisas negativas nos influencia a ficar mais negativo ainda. Quanto mais lemos, mais no momento ficamos e menos racional e atentos ao valor ficamos.
Por isso gosto muito da estratégia que o Luis Stuhlberger segue, que é de ler textos e assuntos não relativos a mercados de forma consistente. Além de poder encontrar insights importantes, ele sai um pouco do newsflow unidirecional do mercado financeiro. Bill Gates também tira uma semana por ano para ir para um lugar isolado e ficar lendo compulsivamente por 7 dias sobre assuntos dos mais variados possíveis.
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As mídias sociais, e seus algorítmicos, maximizam esses fatores, restringindo o que recebemos ao que está no momento e sem abrir outras possibilidades.
Tentar limpar nossa cabeça dessa enxurrada emocional e ver o valor das coisas em todos os momentos, positivos e negativos, talvez seja o principal fator de sucesso no longo prazo. Mas não é fácil fazê-lo.
Uma das coisas que me ajudam a isso, é tirar uns períodos para ficar mais offline, assinar a The Economist em papel (pois é, em papel mesmo!), onde me deparo com reportagens que nunca apareceriam digitalmente e que são bem interessantes, ir a eventos sobre temas variados e não relativos a mercado cripto ou financeiro, pedalar com pessoas de background e trabalho muitos diferentes, e por aí vai.
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É uma bala de prata e que resolve todos os meus vieses e faz com que eu foque sempre no valor e menos no preço? Certamente não. É um desenvolvimento constante e que requer sempre estarmos atentos.
Lembrei agora de outra frase de um amigo que trabalha em fundos de investimento: “Períodos bons para captar recursos para os fundos são períodos ruins para investir os recursos do fundo, e vice-versa”. Essa é outra forma de dividir entre o racional (gestor do fundo) e o emocional (investidor do fundo).
E a provocação que fica: O que você faz para tomar decisões racionais? Racionais de verdade!
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