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A maior parte de nossas decisões são impulsionadas pelas nossas emoções.
Por isso, é preciso que compreendamos primeiro estas emoções, muitas vezes avassaladoras, para somente depois tomarmos quaisquer decisões, sejam elas quais forem.
Somos seres humanos e, portanto, somos uma mistura de percepções, emoções, sentimentos e pensamentos. Assim, para construirmos um processo racional levamos mais tempo, pois a razão precisa de mais experiências subjetivas e de mais conhecimento prático, até que as situações passem a se tornar óbvias, lógicas.
Esse processo se inicia na infância. Portanto, não interrompa, não ignore e não critique as fases dos “por quês” das crianças, pois são fases muito importantes no trabalho de construção da razão.
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E como as emoções afetam, então, as finanças?
Certa vez li um post: “Uma vontade de ir a Paris igual ao ano passado. Ano passado também tive vontade, mas não fui.”
Parar para pensar se será possível ter algo agora, ter que investir dinheiro, tempo e energia para conquistar algo depois, mudar hábitos financeiros já tão enraizados, sentar para fazer uma planilha financeira e ver a realidade, pensar o futuro para poder tomar qualquer decisão financeira parecem ser coisas sem graça, duras e distantes, exatamente porque o sentimento é de afastamento da emoção de viver tudo o que a vida tem para oferecer agora. Dessa forma, muitas pessoas ou deixam de realizar seus maiores sonhos – o de ir a Paris, por exemplo – ou os realizam de forma atropelada.
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Na teoria psicanalítica da personalidade de Freud, essa é a briga do Ego Vs ID, ou seja, o princípio da realidade se esforçando para satisfazer os desejos do id de forma realista e socialmente adequada. O princípio da realidade pesa os prós e os contras de uma ação antes de decidir agir ou abandonar um impulso, mas o ID…aaaa, o ID é regido pelo princípio do prazer, isto é, da ideia de gratificação imediata.
Tudo isso mora dentro de nós e, por isso, sim, a razão conhece o que o coração (órgão nomeado como sendo o centro das emoções) deseja e o “coração”, fofo, meigo, sabe encontrar suas razões convincentes para, em um impulso, fugir da realidade.
De maneira geral, até fazendo “conta de padaria”, as pessoas sabem se elas entrarão em uma armadilha financeira ou não ao adquirirem seus objetos de desejo sem planejamento algum: a razão diz: “Alerta vermelho. Você não pode comprar isso agora.”, mas a emoção grita:”Claro que pode.Passa logo esse cartão.”
Quanta emoção por trás das aquisições e quanta razão para ser.
Encontrar o equilíbrio entre a razão e a emoção, especificamente com as próprias finanças, equacionando o SER e o TER é um trabalho diário e deveria ser iniciado desde a infância.
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Como diz o português António Damásio, um dos maiores neurocientistas da atualidade:
“As emoções foram extremamente bem sucedidas, ao longo da evolução, em nos manter vivos. (…) Mas as emoções por si só têm limites. Para vivermos em sociedade no século XXI, precisamos muitas vezes ser capazes de criticar as nossas próprias emoções e dizer não a elas. E a única maneira de ultrapassar as emoções é o conhecimento: saber analisar as situações com grande pormenor, ser capaz de raciocinar sobre elas e decidir quando uma emoção não é vantajosa.”