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SÃO PAULO – Nos Estados Unidos, uma das profissões mais populares no mercado de trabalho é o de consultor financeiro. De acordo com o ranking da U.S Bureau of Labor Statistics, a profissão deve crescer 32% até 2020, indicador superior a média de outras ocupações. O motivo, segundo a publicação, é o envelhecimento da população. Com a aposentadoria à vista, os trabalhadores precisam da ajuda de um especialista para lidar com seus investimentos.
Mas não é só nos EUA que a profissão deve crescer. No mercado de trabalho brasileiro, a profissão também tem um futuro promissor. Isso porque, com o novo cenário econômico de juros baixos, os investidores terão de mudar a estratégia e principalmente assumir mais risco. Para que ele não dê um “tiro no escuro” é importante ter a assessoria de um profissional que entenda do mercado e dos produtos financeiros. É ai que entra este profissional, que no Brasil é conhecido como agente autônomo de investimento.
“A medida que o juros caem, mais as pessoas precisam de alguém aconselhando e orientando. Ele passa a ser uma figura respeitada no mercado, ele visita os clientes, ele é acessível e tem credibilidade”, explica o gerente de Expansão e Novos Negócios e sócio da XP Investimentos, João Fonseca.
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O que ele faz
Fonseca explica que este profissional trabalha como intermediador entre as corretoras e os investidores, mas de maneira independente. “Ele é um distribuidor de investimentos”. Entre as funções que podem ser desenvolvidas por ele estão recepção, registro, transmissão de ordens, prestação de informações sobre produtos oferecidos e serviços prestados pela instituição integrante do sistema de distribuição de valores imobiliários, além de realizar as atividades de prospecção e captação de cliente. Em contrapartida, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não autoriza que o agente faça gestão de carteira, ou seja, com recursos do investidor, ele compre ou venda ações, por exemplo, sem a autorização do investidor.
Sobre a remuneração, Fonseca explica que ela varia de acordo com a carteira de clientes que o agente de investimento tem, ou seja, depende do perfil dos investidores, da renda e do tipo de produto que o investidor irá comprar. “Se a carteira tem clientes mais agressivos, que compram ações, certamente o ganho é maior. Quanto maior o risco, maior a remuneração. Se os clientes são mais conservadores, o ganho é menor”. Em média, o agente autônomo de investimento ganha de 0,7% a 1% ao ano de tudo que ele capta. Um profissional extremamente bem-sucedido que conhece muita gente com dinheiro e consegue montar uma carteira de R$ 100 milhões de reais, por exemplo, poderia obter uma receita de até R$ 1 milhão em um único ano. “Se o profissional correr atrás, certamente terá muitos clientes. É um trabalho ativo”.
Certificação
Para trabalhar como agente autônomo de investimento, o profissional tem de ter uma certificação expedida pela CVM. A prova é realizada pela Ancord (Associação das Corretoras e Títulos e Valores Imobiliários, Câmbio e Mercadorias). Ao todo são sete provas ao ano. Para realizar a prova não é necessário ter Ensino Superior, basta ter concluído Ensino Médio. Mesmo assim, Fonseca esclarece que o maior interesse são por profissionais formados por Economia, Administração de Empresas ou quem já trabalhava com produtos financeiros, como gerentes de bancos e corretores de seguros. “Este público tem facilidade maior na posição de agentes de investimentos”. É o caso de Claudemir Martins.
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No começo do ano passado, Martins trabalhava no banco oferecendo produtos de previdência aos seus clientes. Até que um dia, um dos correntistas do banco atendido por ele pediu outra opção de produto, mas ele não tinha. “O cliente perguntou por que eu não tinha um fundo imobiliário, por exemplo. Foi assim que eu percebi que não atendia a necessidade do cliente, só atendia a minha, que era bater a meta. A meta do banco”. Interessado em oferecer outros produtos, ele descobriu que existia uma profissão que lhe permitia isso.
Há dez anos
Outro profissional que trabalha como agente de investimento é Arthur Moraes (foto). Há 13 anos nesta área, ele seguiu a profissão do pai, que atua há 45 anos no mercado. Desde 1999, muitas coisas mudaram. Naquela época, os agentes autônomos eram conhecidos como corretores de bolsa. A atividade também era regulada, mas o certificado era o RGA (Registro Geral de Autonômos). Ele lembra que nesta época o pregão era viva-voz, “era tudo na base da gritaria. O pregão era muito charmoso, mas hoje o mercado é muito mais transparente”.
Apesar da evolução tecnológica, Moraes afirma que a profissão ainda não tem o reconhecimento claro de qual é o papel do agente autônomo no mercado. “A CVM é mais clara no sentido que estes profissionais não podem fazer do que eles podem”. Para ele, o principal papel do profissional é oferecer um atendimento que atenda a demanda do investidor. “Os clientes que estabelecem uma boa relação com o agente autônomo conquistam uma relação de anos, isso é confiança.”
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