[ESPECIAL] Salários vão ou não aumentar em 2018? Especialistas comentam e estudo traz valores

Em entrevista para o InfoMoney, especialistas de recursos humanos se revelam otimistas com o mercado de trabalho e com as projeções de remuneração

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – O mercado de trabalho brasileiro começa a dar seus primeiros suspiros após enfrentar uma das maiores crises já enfrentadas pelo país – e, já para este ano, é visto com otimismo por especialistas.

Dados da consultoria de recursos humanos Robert Half apontam que no final de 2017 o mercado, embora “preocupado com os cenários econômico e político”, apresentou alta no volume de contratações, ainda que os salários não tenham sofrido variações significativas. Em 2018, a tendência de contratações deve continuar e ficar ainda mais intensa, impulsionada principalmente por projetos especiais dentro de empresas.

Esses projetos podem ser a implantação de novos sistemas, novas linhas de produção, lançamento de produtos, entre outros. “Normalmente são projetos que se embasam em uma perspectiva positiva do mercado”, afirma o diretor geral da Robert Half, Fernando Mantovani, em entrevista para o InfoMoney.

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No que diz respeito às remunerações praticadas pelas empresas, entretanto, a perspectiva é de uma “estagnação” no curto prazo, segundo Fernando. O próprio salário mínimo para o próximo ano reflete isso: de uma expectativa de R$ 969 do próprio governo, ele foi fixado em R$ 965, frente aos R$ 937 atuais; considerando que o PIB de 2016 sofreu retração ante o registrado em 2015, o novo salário não apresenta aumento real.

“A expectativa é de que, se a economia se recuperar como os indicadores apontam, talvez a gente comece a ver um aumento na remuneração entre o final do ano e início de 2019”, diz em uma análise geral do mercado. Isso muda quando passamos a observar cada setor individualmente: tendem a ter aumento acima da média nas remunerações cargos dos setores jurídico, de tecnologia, recursos humanos.

A justificativa para as “boas previsões” de tais áreas foi a própria crise. “No caso da área jurídica, vimos uma demanda maior em questões fiscais e tributárias. O de Recursos Humanos, pela demanda de reorganização de pessoal nas empresas”, explicou. O crescimento do setor de tecnologia se justifica, já que se trata de um que vê o surgimento de novos cargos e exigências a cada ano.

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Renato Villalba, gerente sênior da também consultoria Michael Page, segue a linha de Mantovani, mas vai mais longe e coloca também os setores de saúde, logística, infraestrutura e principalmente o de finanças como os que sentirão a retomada do mercado em remunerações e contratações.

“Nos últimos anos, os recrutamentos da área financeira tinham perfil mais voltado para cuidar de custos, processos e controles, posições que representavam uma cautela por parte das empresas. Com a retomada de investimentos por parte das próprias empresas no Brasil, elas agora procuram profissionais com uma base sólida, conhecimentos técnicos e que atendam perfis do dia a dia, uma maior integração entre as áreas”, explicou.

Aumento são de até 17%

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Dados do Guia Salarial 2018 da Robert Half, que apresenta a previsão dos salários para diversos setores e cargos diferentes do mercado, apontam que, de fato, o setor de tecnologia é o que verá maior aumento nas remunerações, de 16,98% no cargo de CSO – Diretor de Segurança, a maior variação de todo o estudo. Não existe variação negativa dos cargos analisados do setor.

Na ponta oposta está o setor de engenharia, que apresenta variação negativa – ou seja, uma redução das remunerações de 2018 frente às de 2017 – que chega a 16,7%.

Foram avaliados oito setores diferentes: engenharia, finanças e contabilidade, jurídico, marcado financeiro, seguros, tecnologia e vendas e marketing. Ele se baseou em pesquisas globais com diretores de RH, CFOs e CIOs e uma análise do mercado de recrutamento com base nos dados da Robert Half.

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Confira a seguir quais as estimativas de salários para 2018, de acordo com cada setor e cargo específicos:

Nos últimos anos, por conta da sanção da Lei Anticorrupção (nº 12,846/2013) em 2014, empresas dos diversos setores começaram a dar maior atenção também a profissionais para a área de Compliance. Se destacam nesse cenário os profissionais com experiência na área financeira pela capacidade de criar maiores índices de eficiência.

Além do Compliance, as maiores oportunidades, de acordo com o Guia, são nas áreas de Operações Estruturadas, Fiscal, Contábil e Auditoria.

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Segundo o guia da Robert Half, essa é uma área que não verá quedas nas remunerações, pelo contrário: os aumentos vairam entre 0,3% e 6,6%.

As oportunidades são para os setores de compliance e auditoria, crédito, comercial, costumer experience & digital innovation.

Para 2018, as remunerações apresentam variações de até 10,5% nenhum dos cargos avaliados terá uma remuneração menor.

Essa é uma das áreas que nos últimos anos têm apresentado maior crescimento, também por conta da sanção da Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013). As remunerações seguem a tendência e veem um aumento de até 10,2%, de acordo com o ranking – e, de todas as profissões, o menor salário é de R$ 5 mil, para analistas de finanças.

No geral, o foco da área neste ano é em segurança, com maior espaço para o CSO – Chief Security Officer. As oportunidades estão exatamente nas áreas de Segurança de Informação, BI, Big Data, Cientista de Dados, PO e Scrum Master.

Salários médios de cada setor
A pedido do InfoMoney, a Catho elaborou um levantamento em que apresenta os salários médios de diferentes setores do mercado de trabalho para 2018. Os números apresentados são diferentes dos estimados pelo levantamento da Robert Half pois foram calculados com base nas vagas anunciadas no portal.

Confira a seguir quais são:

 Setor Salário médio em R$
Instituições financeiras 5.453,49
Seguros 5.453,49
Arquittura 4.230
Importação e exportação 3.982
Pesquisa científica 3.976,63
Fornecimento de gás, água e energia elétrica 3.696
Sistemas de informação e internet 2.935,38
Publicidade e Propaganda e Marketing 2.882,88
Academia e Esportes 2,878,03
Saúde hospitalar, laboratórios, farmacêutico, odontologia e planos de saúde 2.803,65
Incorporadoras e Imobiliárias 2.748,40
Recursos Humanos 2.555,45
Beleza e Estética 2.332
Administração geral 2.271,45
Comunicação social e editoriação 2.208,43
Produção de eventos e entretenimento 2.159,83
Call Center 1.980
Hotelaria e turismo 1.898,71
Telecomunicações 1.876,63
Operações em rodovias 1.870,99
Jurídico 1.810,83
Financeiro contábil 1.796,12
Serviços de cartório 1.757,81
Instituições profissionalizantes, idiomas, cursos para vestibulares 1.472,92
Serviço automotivo 1.355,81
Supermercados 1.214,18
Comercial 1.168,09

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