As raras profissões em que mulheres ganham mais que homens no Brasil

Apenas 15% das posições de trabalho oferecem salários maiores para mulheres; na média, elas ganham 19% a menos

Paula Zogbi

Sala de aula (Shutterstock)
Sala de aula (Shutterstock)

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SÃO PAULO – Das 2509 profissões listadas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), apenas 379 (cerca de 15%) trazem médias salariais maiores para as mulheres do que para os homens, de acordo com dados compilados pela Fipe, via Projeto Salariômetro, com exclusividade para o InfoMoney. Quando se analisa apenas amostragens mais altas (acima de 200 profissionais de pelo menos um dos gêneros registrados), para garantir confiabilidade, são somente 131 áreas em que profissionais mulheres ganham mais. Confira a tabela ao final da reportagem.

Raridade

No Brasil e no mundo, a regra é que mulheres ainda ganhem consideravelmente menos: os dados analisados pela Fipe mostram que, no geral, a média salarial das brasileiras é 19% inferior à dos brasileiros. De acordo com a OIT, mulheres ao redor do mundo ganham 77% do salário dos homens exercendo as mesmas funções – ou seja, 23% menos.

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Pesquisa do Fórum Econômico Mundial lançada em outubro do ano passado estimou que o mundo demorará 95 anos para atingir a igualdade de gênero, mesmo levando em conta que as mulheres do país têm desempenho melhor que os homens nos indicadores de saúde (vivem cinco anos a mais) e educação (ocupam 1,3 vaga no ensino superior para cada vaga masculina). Por fora dos dados que podem ser analisados mais a fundo, a OIT estima que 36% das mulheres brasileiras ocupam empregos informais.

No ranking mundial, o Brasil ficou na 79ª posição no ranking do Fórum Econômico Mundial de igualdade de gênero, que contém 144 países. A pontuação do país nesse sentido é de 0,687 – o ideal é 1,0, que significa paridade. Dentre os maiores países da América Latina, o Brasil é o pior colocado, atrás de Argentina (33º), México (66º) e Chile (70º). 

Áreas

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Dentre as 131 ocupações em que mulheres conseguem salários mais altos, 38 são de professora de diversas áreas, no ensino fundamental, médio e superior. Nessas profissões, em boa parte dos casos, vê-se também números absolutos consideravelmente maiores de profissionais do sexo feminino – com exceção das disciplinas de Arquitetura, Comunicação Social, Matemática Aplicada no Ensino Superior, Sociologia no Ensino Superior e Odontologia.

Ainda no recorte de profissões cujos salários femininos são mais altos, 11 deles superam os salários masculinos em até 0,5%. O salário médio mais alto para mulheres brasileiras fica com o cargo de Procuradora do Trabalho: R$ 33.409. Neste cargo, a média salarial feminina é apenas 0,5% maior que a masculina – cerca de R$ 150 a mais.

A segunda área que paga melhores salários dentro desse recorte é a de Defensora Pública (R$ 25.566 para mulheres e R$ 23.868 para homens), seguida de Procuradora da Autarquia (R$ 17.890 mulheres e R$ 16,697 homens).  

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A maior parte das áreas onde mulheres ganham mais que os homens (82) têm salários acima da média geral de profissões. Entre todas as 2509 profissões da CBO, a média salarial total é de R$ 2.541 – enquanto a masculina é de R$ 2.734 e a feminina é R$ 2.293.

Confira, abaixo, a tabela com as 131 profissões onde mulheres ganham mais que os homens no Brasil. Elas estão ordenadas de acordo com a diferença salarial – da maior para a menor. Além do salário médio por gênero, a tabela tem o salário médio do conjunto (homens e mulheres) e as respectivas quantidades de trabalhadores, e a última linha apresenta os resultados das 2509 ocupações, mostrando a diferença salarial de 19% no geral.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney