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SÃO PAULO – A hora da entrevista de emprego é a oportunidade que o candidato tem para mostrar suas características, qualidades e tentar impressionar o recrutador. No entanto, algumas perguntas podem ser pegadinhas – e, ao respondê-las de maneira errada, o profissional pode arruinar as chances de conseguir a vaga.
O InfoMoney conversou com três consultorias de recrutamento para montar um compilado de perguntas muito populares durante entrevistas, mas que a maioria dos entrevistados erra.
Confira quais são e como respondê-las da maneira correta:
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1.Você pode contar mais sobre si mesmo?
Segundo Roberto Picino, diretor executivo do PageGroup, esse é o tipo de pergunta que permite que o candidato possa discorrer sem um direcionamento específico, mas é justamente essa a pegadinha.
“É uma pergunta aberta o que pode dificultar a vida do candidato. Normalmente, o principal erro que os candidatos cometem é responder de forma vaga. Focam na vida pessoal e prologam muito o discurso”, explica o especialista. Ou seja, a pessoa conta histórias da família, compartilha seus hobbies, mantém um tom muito pessoal durante um momento profissional.
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Mas o que o entrevistador espera é uma resposta com começo, meio e fim e foco no aspecto profissional, trazendo marcos importantes da carreira.
“O recrutador vai observar como o candidato se organiza mentalmente e como a vida profissional entra na sua história de vida. Geralmente é avaliado também a escala de valores e a maturidade. A vida pessoal pode ser usada, mas como gancho para a resposta. Por exemplo, contar uma situação pessoal para explicar porque escolheu a carreira em questão”, diz.
André Ferragut, gerente sênior de recrutamento da Hays, acrescenta que o recrutador também espera uma demonstração de autoconhecimento ao fazer uma pergunta tão ampla. “O candidato precisa expressar de forma clara suas principais características comportamentais, as chamadas soft skills. Cada vez mais elas são valorizadas em todas os cargos e setores”, afirma.
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Isso inclui exemplificar situações em que habilidades como a capacidade de gestão, resiliência, empatia, liderança, ética, entre outras foram utilizadas, por exemplo.
2. Por que você saiu da empresa em que trabalhava?
Muitos candidatos acabam não apresentando de forma clara e objetiva as razões pelas quais deixaram o último emprego. “Muitos se sentem desconfortáveis em dizer que foram demitidos e acabam inventando alguma história. Só que um consultor de recrutamento mais experiente vai aprofundar as perguntas e descobrir a mentira e isso, certamente, vai prejudicar a pessoa no processo de seleção”, afirma Fernando Mantovani, diretor geral da consultoria Robert Half no Brasil.
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Mas o ideal para esta pergunta é, na verdade, o básico: seja sincero. “Ser demitido não é demérito para ninguém, acontece. O melhor é dizer a verdade e explicar as razões para a sua saída, se foi por um corte de custos ou porque a empresa queria um profissional mais barato naquele momento, por exemplo”, diz.
Ainda, o candidato pode ter se demitido porque não estava feliz ou as expectativas não foram supridas. Se for o caso, não há mal nenhum em deixar isso exposto.
3. Por que você quer trocar de emprego?
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Outra saia justa é quando o recrutador pergunta ao candidato, ainda empregado, por que ele quer sair da atual empresa. “O principal erro que as pessoas cometem é expor negativamente a empresa, a equipe ou o gestor. É uma pegadinha clássica”, afirma Ferragut.
Ele aconselha o candidato oferecer fatos, dados e exemplos dos pontos que vai citar e explicar por que ele acredita que não está se encaixando mais no emprego atual.
Para Mantovani, não há problema algum em dizer que você não se adaptou à cultura da empresa, e especificar algum ponto em relação a isso, ou, ainda, justificar sua saída pela vontade de crescer na carreira, por exemplo.
4. Qual o seu nível de inglês/espanhol?
O principal erro é informar que possui fluência em um idioma quando, na verdade, você tem um nível intermediário ou abaixo disso. “Seja objetivo. Diga qual o seu nível de inglês para não criar falsas expectativas no entrevistador. Caso contrário, a mentira pode acabar fechando portas. E, pior, se o entrevistador começar a fazer a entrevista em inglês na hora, o candidato pode passar vergonha”, afirma Mantovani.
5. Qual é o seu maior defeito?
Segundo Ferragut, o principal erro para esta pergunta é responder o defeito com uma qualidade. “O candidato responde: ‘sou perfeccionista’, mas essa é uma característica que pode ser útil no dia a dia, ou ‘sou muito ansioso com prazos’, mas também pode ser algo bom a julgar que dificilmente ele vai atrasar uma entrega, por exemplo. Não são defeitos. Então, não tente vender uma qualidade como algo ruim”, afirma o gerente sênior de recrutamento da Hays.
Mantovani complementa que alguns candidatos respondem simplesmente que não têm pontos fracos. “Isso não é positivo, afinal, ninguém é perfeito. Sempre há algo a ser aperfeiçoado”, diz o diretor geral da Robert Half no Brasil.
Para ambos os especialistas, o entrevistador quer saber se o candidato tem autoconhecimento sobre seu defeito e o que fez para minimizá-lo ou melhorar a falha.
“Para esta resposta, eu aconselho a utilizar o último feedback do seu gestor direto e apresentar um plano de ação para sanar esse defeito”, sugere Ferragut.
Roberto Picino, diretor executivo do PageGroup, afirma que é uma pergunta bem clichê e, por isso, os candidatos devem estar preparados para respondê-la. “O segredo é ser objetivo. É para apontar uma característica que atrapalhou a carreira de alguma maneira. Sempre baseado em exemplos passados”, complementa.
6. Qual é a sua pretensão salarial?
Apesar de algumas mudanças no mercado, ainda hoje muitas pessoas se sentem desconfortáveis ao falar de salário. “É uma pergunta complicada. Se der um número sem embasamento, pode perder a vaga. Se demorar para responder, perde a objetividade ou mostra que não está preparado para falar sobre o assunto. A empresa quer um número”, afirma Picino.
O diretor executivo do PageGroup diz, ainda, que o ideal é dizer quanto ganha no atual emprego ou ganhava no anterior e apresentar um incremento do seu salário em porcentagem para não parecer inflexível.
“O candidato pode afirmar que quer um aumento de salário de 20%, por exemplo, mas deve explicar por que espera esse aumento e sempre deve deixar aberto para negociação a depender dos benefícios”, explica.
7. Onde você se enxerga daqui há 10 anos?
Ferragut diz que essa pergunta é bem popular no Brasil. “O erro é responder com uma postura agressiva ou arrogante, ou muito ambiciosa. Por exemplo, dizer ‘quero estar na sua posição’ para o entrevistador. Pode soar intimidador”, alerta.
É importante demonstrar a ambição de forma positiva, expressando um plano de ação para chegar onde quer estar. “Pode nomear o cargo em que pretende chegar, gerência, diretoria, entre outros. Além disso, deixe claro quais ações está fazendo hoje que vão possibilitar esse passo no futuro. O candidato deve demonstrar o protagonismo na carreira ao longo prazo”, afirma o gerente sênior de recrutamento da Hays.
Essas ações incluem cursos que está fazendo ou pretende fazer, desenvolvimento de liderança, competências comportamentais que acredita serem importantes para chegar nessa posição, entre outros.
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