Conteúdo editorial apoiado por

Venda de ativos, aporte e novo conselho: o que a Americanas combinou com seus principais credores

Proposta conta com a assinatura de Bradesco, Santander, BTG Pactual e Itaú, detentores de cerca de R$ 15 bilhões em dívidas da varejista

Rikardy Tooge

Publicidade

A Americanas divulgou nesta segunda-feira (27) que selou um acordo com seus principais bancos credores para dar início a um processo de saída de sua recuperação judicial que ultrapassa os R$ 40 bilhões. O plano deverá ser aprovado em uma assembleia geral de credores (AGC) marcada para o dia 19 de dezembro, com segunda convocação prevista para 22 de janeiro de 2024. A proposta já conta com o aval de representantes de 35% da dívida.

Os quatro maiores credores da varejista – Bradesco, Santander, BTG Pactual e Itaú –, que possuem cerca de R$ 15 bilhões a receber da varejista, assinam o documento. O Banco Votorantim (BV), com R$ 305,6 milhões em créditos, ainda não fechou acordo, mas fontes próximas às discussões dizem que a instituição também deverá aderir. Já o Banco Safra, quinto maior credor com R$ 2,53 bilhões a receber, ficou de fora e tenta na Justiça adiar a realização da assembleia de credores.

Caso a proposta seja aceita por mais de 50% dos credores no dia da assembleia, o trio de acionistas de referência, os bilionários Beto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann, fará um aporte DIP (Debtor in Possession, em inglês, linha para empresas em RJ) de R$ 3,5 bilhões por meio de uma debênture com vencimento em dois anos.

Continua depois da publicidade

A varejista já havia tomado R$ 1,5 bilhão em um financiamento DIP emitido no primeiro semestre. Ainda sob este contexto, um novo conselho para a varejista deverá ser nomeado até dez dias após a homologação do acordo. O board seguirá composto por sete membros e terá mandato de dois anos.

No acordo de apoio à reestruturação (PSA, na sigla em inglês), de 257 páginas obtido pelo IM Business, a Americanas reforça a intenção de promover as vendas da Hortifruti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co. No início do mês, a varejista havia engatado negociações para a venda da HNT, mas os valores oferecidos não agradaram e o processo de venda foi suspenso.

Os recursos levantados com as alienações serão destinados para o pagamento antecipado de dívidas (o chamado cash sweep) e, caso a cifra ultrapasse R$ 1 bilhão, o restante será aplicado para financiar as operações da companhia. O documento diz ainda que outras Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) não-listadas inicialmente, como a operação de lojas físicas e e-commerce, poderão vir a ser negociadas.

Continua depois da publicidade

Ao todo, serão injetados R$ 24 bilhões na Americanas. Além dos R$ 5 bilhões em financiamentos DIP vindo de seus acionistas de referência, eles deverão aportar mais R$ 7 bilhões em uma emissão de ações, na qual os bancos deverão converter R$ 12 bilhões de dívida em equity da Americanas.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br