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Uma das maiores produtoras de soja, milho e algodão do país e do mundo, a SLC Agrícola não escapou das turbulências que afetaram os mercados de grãos e de insumos na safra 2022/23, mas projeta para o ciclo 2023/24, cujo período de plantio terá início nas próximas semanas, um retorno à normalidade. Embora sejam crescentes os sinais de que o fenômeno El Niño vá influenciar o clima em algumas regiões produtivas brasileiras, a empresa acredita que em suas lavouras não haverá problemas de rendimento, e vê na queda dos preços dos insumos e na recente reação das cotações das commodities espaço para garantir boas margens.
De qualquer forma, não será uma temporada de expansão expressiva. É claro que oportunidades para a ampliação dos negócios podem surgir, mas, segundo Aurélio Pavinato, CEO da companhia, o foco estará concentrado em garantir a eficiência das operações existentes. Com o uso crescente de ferramentas digitais, as atenções estarão voltadas à otimização do uso de sementes, fertilizantes e defensivos e à garantia da sustentabilidade das atividades, e por esse caminho serão direcionados os investimentos.
Mesmo que a cautela impere, os aportes tendem a ser vultosos, tendo em vista uma área plantada da ordem de 675 mil hectares – em 2022/23, esse gigantismo levou o capex da SLC a alcançar cerca de R$ 600 milhões. Na temporada que terminará com a conclusão da colheita das segundas safras, que está na reta final, a empresa semeou 346,9 mil hectares com soja (comercial e sementes), 162,2 mil hectares de algodão (primeira e segunda safras) e 137,6 mil de milho (segunda safra). Outros 27,6 mil hectares foram dedicados a outras atividades.
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As produtividades médias registradas nas 23 fazendas operadas pela SLC no Brasil (nove em Mato Grosso e 11 no “Matopiba”, confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) em geral cresceram em 2022/23, e a expectativa é de bons resultados também em 2023/24, cuja área plantada total ainda não está sendo divulgada. “O El Niño, que costuma gerar chuvas mais intensas na região Sul e afetar o regime pluviométrico também no Nordeste, deverá ter pouco impacto sobre a SLC”, afirmou Pavinato ao IM Business.
Depois das disparadas dos defensivos, ainda em razão do fechamento de fábricas na China por causa da pandemia, e dos fertilizantes, em decorrência da invasão russa na Ucrânia, os preços entraram em espiral de queda a partir do segundo semestre do ano passado, voltaram a patamares históricos e vão aliviar os custos da empresa em 2023/24. “Outros custos, como os de energia e diesel, também estão se ajustando”, disse ele. Segundo cálculos da consultoria MacroSector, o preço médio dos fertilizantes vendidos no país, por exemplo, deverá cair 45% em 2023 ante 2022.
É verdade que as cotações de soja e milho também recuaram um degrau após as máximas observadas com a invasão russa, mas o patamar atual ainda é elevado (a soja inclusive subiu nos últimos meses) e o resultado da equação tende a resultar em rentabilidades positivas – maiores que as de 2022/23, segundo analistas, ainda que menores que as dos dois ciclos anteriores, que foram consideradas “fora da curva”.
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Pavinato define os resultados obtidos pela companhia no ciclo 2022/23, que teve custos elevados, como “consistentes”. No primeiro semestre deste ano, a receita líquida da SLC caiu 10,1% ante igual intervalo do ano anterior, para R$ 3,664 bilhões, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 27,7%, para R$ 1,503 bilhão, e o lucro líquido diminuiu 28%, para R$ 923,7 milhões.
Mesmo com geração de caixa ajustada negativa de R$ 386 milhões entre abril e junho, a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado fechou o segundo trimestre em 1,61 vez, patamar considerado confortável para um período de elevada necessidade de capital de giro. Em junho, as terras da empresa foram avaliadas pela Deloitte Touche Tohmatsu em quase R$ 11 bilhões.
No momento, a SLC está negociando a venda de uma parte das produções do ciclo 2022/23 – um terço, no caso da soja –, travando as vendas das colheitas de previstas para 2023/24 (55% da soja já está com preço fixado) e fechando as aquisições de insumos que estarão no campo na nova temporada, que estão praticamente concluídas. “As compras de insumos demoraram um pouco mais que o normal, porque estávamos esperando a queda dos preços. Isso gerou algum atraso nas vendas, por conta da nossa política de hedge, mas acertamos”, afirmou Pavinato.
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