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Fitch prevê redução de “downgrades” de empresas diante da melhora do mercado de crédito

Número de rebaixamentos na avaliação de crédito deve reduzir nos próximos meses

Iuri Santos

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Após um pico de rebaixamentos em 2023, empresas brasileiras respiram no terceiro trimestre e devem ver uma redução no número de rebaixamentos de nota de crédito, aponta relatório a agência de risco de crédito Fitch. Uma das principais razões para uma projeção mais animadora da companhia é a retomada do mercado de crédito no Brasil.

Entre janeiro e maio de 2023, período marcado pela exposição do rombo nas contas da Americanas, a Fitch registrou um recorde de oito rebaixamentos e uma elevação na sua carteira internacional, e 21 rebaixamentos e cinco elevações na nacional. Houve uma inversão do cenário já entre junho e setembro, com um rebaixamento e uma elevação na carteira internacional e quatro rebaixamentos e nove elevações na nacional.

“O mercado de dívida local melhorou significativamente após meses de restrições, abrindo espaço para refinanciamentos e reduzindo riscos e liquidez” explica Renato Donatti, diretor da agência. “Dados positivos, como inflação controlada, juros mais baixos e um mercado de trabalho resiliente, ainda não se traduziram em demanda, que continua fraca”, diz.

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As melhoras no cenário têm sido refletidas em uma diminuição nos spreads de crédito que, apesar de seguirem acima do histórico para as empresas e os setores mais vulneráveis, devem ser compensados parcialmente pela queda contínua na taxa de juros.

“A Fitch estima que os rebaixamentos continuarão diminuindo, levando a uma dinâmica rebaixamento/elevação mais equilibrada nos próximos trimestres, devido a fluxos de caixa positivos, em função da inflação controlada e do início de um ciclo de queda das taxas de juros, em agosto de 2023”, aponta o relatório.

De acordo com a publicação, os emissores dos setores de materiais de construção e construção e proteínas têm baixa capacidade de enfrentar desafios em 2024.

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“Os desafios de curto prazo das empreiteiras brasileiras continuam superando eventuais benefícios de médio prazo”, aponta o relatório. Levam a essa avaliação a fraca estrutura de capital e a capacidade limitada de geração sustentável de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — na sigla em inglês) positivo do setor. Já no setor de proteínas, o cenário é de estabilidade com forte demanda internacional e demanda nacional reprimida. “A pressão sobre a margem aumentará para empresas brasileiras expostas ao mercado e carne bovina dos Estados Unidos, devido à menor disponibilidade de gado naquele país.”

Por outro lado, a avaliação é de que os emissores dos setores de processados, siderurgia e mineração, petróleo e gás, celulose e papel, shoppings centers, ferrovias e hidrovias e concessionárias de água e esgoto terão alta capacidade de enfrentar desafios no próximo ano, marcados por uma tendência de estabilidade.