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A transição energética em curso tem acelerado a busca das empresas do segmento a diversificar suas apostas até o fim da década. Mesmo sem ter uma tecnologia vencedora no processo, o desafio está em ampliar o leque de produtos ao mesmo tempo que o core business não fique de lado.
“Estamos buscando novo posicionamento no mercado e sair de uma empresa de óleo e gás e se tornar uma empresa de energia”, explica Luiza Freitas, gerente executiva de novas energias da Ocyan. A executiva destacou a estratégia da companhia para “desbravar novos mercados”, em especial tecnologias emergentes.
“Temos estudado muito sobre como sair do nosso métier normal para ingressar nesse novo mercado”, comentou Luiza, durante um dos painéis do Rethink Energy, que ocorreu esta semana no Rio de Janeiro, organizado pela MJV Tecnologia & Inovação em parceria com a Informatica. Entre as iniciativas buscadas pela companhia estão energia eólica offshore, hidrogênio verde, mercado de carbono, tecnologia de captura de carbono e biomassa.
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Na Vibra, maior distribuidora de combustíveis do país, o plano não é diferente. Renato Vieira, diretor de inovação da companhia, afirma que o plano é aumentar o portfólio para novas energias. Vieira destacou, entre os esforços, o investimento de R$ 4 bilhões nos últimos três anos para entrada no mercado de energia elétrica, de biometano, no mercado de eletromobilidade e combustível verde para aviação.
“Os investimentos estão aí, o dinheiro está indo para aí e as oportunidades estão na mesa para a transição energética”, considera, destacando que, em 2022, houve investimento de US$ 2,8 trilhões de investimento total de energia. Da cifra, US$ 1,7 trilhão foi direcionado para energia limpa.
Dentre as estratégias da Vibra na área, a companhia desenvolveu um hub de inovação. A plataforma atua com 70 startups e parte do portfólio é em energia. O diretor ressalta que estão sendo feitas provas de conceito em tecnologias para buscar eficiência energética em transporte, como por exemplo, em soluções que fazem conversão de diesel para hidrogênio, que podem significar eficiência teórica de até 5%. Para a Vibra, isso é relevante, pois é uma empresa que faz milhares de carregamentos em todo Brasil.
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Desafios à vista
Embora Ocyan e Vibra estejam com suas estratégias em curso, Luiza Freitas lembra que há muito que ser percorrido. “No que temos estudado, encontramos desafios de tecnologia, não temos uma economia de escala, esbarramos em falta de capacitação de portos e falta de capacitação de pessoal”, considera.
Outro grande entrave, em especial para a implementação de energias renováveis, é a intermitência. Nos estudos realizados pela Ocyan sobre o tema, a conclusão é que atualmente não há uma tecnologia que seja validada e que tenha viabilidade econômica para garantir a superação do problema.
Entre os exemplos destacados por Luiza, está a geração de biometano, que pode ter origem tanto animal quanto em aterros sanitários, mas que ainda encontra obstáculos práticos para uso e comercialização em maior escala.
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“Como eu conecto o biometano na rede? Como eu vendo esse biometano?”, indaga a diretora, reforçando que falta a rede de conexão no mercado, uma vez que o biometano costuma ser produzido no interior do Brasil e não nos grandes centros de distribuição. Além disso, a diretora comenta que a ausência de armazenamento e de estratégias do governo em termos de infraestrutura dificultam o avanço.
“Se eu quero gerar o biometano, eu tenho que ter uma estrutura de gás para vender esse gás, para exportar esse gás”, comenta. Ainda assim, a Ocyan tem realizado investimentos robustos no novo mercado para buscar posicionamento e a diretora acredita que seja possível descentralizar a geração de energia e amplificar a geração de empregos para o país.
“Estamos investindo tempo e recursos para entender como se posicionar nesse novo mercado”, ressalta, destacando acompanhamento de iniciativas externas em busca de “tropicalização” de processos realizados na Europa. A Ocyan pretende obter, até 2040, 25% de suas receitas oriundas de energias limpas, segundo a diretora.
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Prêmio verde
Sobre investimentos em iniciativas ‘verdes’, Vieira mencionou que a questão da alocação de capital transforma a competitividade no setor porque os aportes são limitados. “Vivemos o modelo da externalidade, o fator externo é mais preponderante, que nos faz ir para tecnologias mais caras buscando a transição energética”, comenta o diretor da Vibra.
No mercado, há o conceito de “prêmio verde”, que pode ser considerado um valor a mais a ser pago por um produto sustentável ou que tenha base renovável, que justifica a busca das companhias.
Sobre os avanços necessários no setor, Vieira ressaltou a necessidade de divisão de riscos para sua diluição, através de parcerias e movimentos em grupo em relação à transição energética.
Luiza explicou que, para algumas iniciativas, como eólicas offshore, não há como montar projetos de grandes proporções por ausência de navios especializados, por exemplo. Assim, há necessidade de atuação conjunta entre vários entes para buscar tecnologia e compreensão de modelos de negócios para encontrar soluções.
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