Conteúdo editorial apoiado por

MRV ainda modera apetite por lançamentos, mesmo com demanda mais forte

Companhia mira em recuperação de rentabilidade perdida durante a pandemia e diz que volume de vendas está em segundo plano

Mitchel Diniz

Publicidade

Após registrar um crescimento de 54,5% nas vendas líquidas no terceiro trimestre de 2023 – e alcançar uma cifra de R$ 2,2 bilhões – a MRV se mostra confiante em relação a uma recuperação de demanda.  Os volumes  de venda cresceram e a empresa tem conseguido elevar preços acima da inflação. Mas, ainda que a conjuntura pareça propícia à ampliação do número de lançamentos, a companhia não quer dar um passo maior que a perna e prefere trabalhar em uma calibragem que permita a recomposição de seu caixa.

“No ano passado, a gente acabou lançando um pouco mais do que vendendo. Este ano vamos fazer o contrário, vender um pouco mais do que lançar. E, para o ano que vem, devemos balancear um pouco mais esses dois números aí”, afirmou Ricardo Paixão, diretor-executivo da MRV&Co, em entrevista ao Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney.

Segundo o CFO, mudanças no teto de financiamento do imóvel pelo programa Minha Casa Minha Vida, anunciadas no começo do último mês de julho, pelo governo federal, ajudaram a destravar a demanda represada de uma parte da população que ficou impossibilitada de comprar imóveis por um tempo. Hoje, 92% dos estoques da MRV estão dentro do programa habitacional. Mas, a prioridade da companhia, no momento, é recuperar a rentabilidade perdida nos anos da pandemia, sem necessariamente avançar em volumes de vendas.

Continua depois da publicidade

“Lançamento não vai ser gargalo”, diz Paixão. “A gente tem mais projetos para lançar hoje do que apetite para lançamentos. Então, devemos ficar entre 35 mil a 42 mil unidades de lançamento por ano, para uma venda estabilizada na casa de 40 mil”.

A conta inclui as 11 mil unidades do “mega” empreendimento Cidade Sete Sóis, um complexo de 65 edifícios que vai ser construído nos próximos 10 anos em Pirituba, bairro da zona norte de São Paulo, com um investimento estimado em R$ 2 bilhões. “Na primeira fase [do projeto], são quase mil unidades que a gente vai lançar ao longo deste mês de novembro”, afirma Paixão, acrescentando que o quarto trimestre de 2023 será um período de lançamentos importantes.

“A gente está em um momento diferente de inflação de matéria-prima, com valor muito mais comportado do que antes, dentro do que havíamos previsto de inflação para o ano. Então estamos em um rumo, efetivamente, de recuperação de rentabilidade, a operação já nos mostra isso. Basta só esperar o tempo passar e, a construção de todas essas unidades para ver, de forma full, toda essa melhora operacional se concretizando”.

Continua depois da publicidade

Saúde financeira vem primeiro

Com a oferta subsequente de ações realizada em julho, a MRV conseguiu levantar quase R$ 1 bilhão e usou os recursos para melhorar a estrutura de capital da companhia. No terceiro trimestre, a dívida líquida equivalia a 45,6% do patrimônio líquido da empresa. No segundo, antes da operação, a relação era de 68,3%.

“A gente colocou R$ 960 milhões para dentro […] e foi 100% para quitação de dívidas. Então, efetivamente, desalavancamos a companhia. Estamos com um perfil de dívida longo, bem confortável. Todos os vencimentos que a gente tem de curto prazo são menores do que o caixa que a gente tem disponível”, afirma o CFO.

Com a alavancagem do terceiro trimestre, a companhia está, inclusive, abaixo do guidance estabelecido para esse indicador em 2023 – na faixa de 54% a 58%. As projeções de margem bruta também estão sendo cumpridas, em 22,1% no acumulado de nove meses, e tendência de subida, segundo Paixão. A receita operacional líquida, de R$ 5,343 bilhões, também cumpre, por enquanto, com as orientações da companhia para 2023.

Continua depois da publicidade

Por outro lado, o segmento de incorporação da MRV&Co, que inclui MRV Incorporação e Sensia, registra queima de caixa de R$ 332 milhões nos nove primeiros meses do ano. O guidance previa caixa neutro à geração de R$ 200 milhões.

“A dinâmica de geração de caixa tem melhorado trimestre após trimestre. Tudo nos leva a crer que, no quarto trimestre, seremos geradores de caixa. Mas não dá para garantir e até improvável que a gente gere caixa em um montante suficiente para zerar toda a queima de caixa que tivemos nos nove primeiros meses do ano”, diz o CFO, endossando a previsão de Rafael Menin, CEO da companhia, durante a teleconferência dos resultados trimestrais da MRV.

Confira os destaques da sessão desta segunda-feira assistindo ao Radar InfoMoney:

Continua depois da publicidade

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados