Iguatemi lança primeiro Relatório de Sustentabilidade

Em 2022 o grupo Iguatemi S.A. fez sua primeira mensuração de carbono. E também preparou seu primeiro inventário de gases de efeito estufa (GEE). Ao mesmo tempo, a companhia consolidou a contratação de 100% de sua energia proveniente de fontes renováveis, oriundas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). E implementou um projeto que viabiliza a economia de 70% na carga da iluminação nos empreendimentos da empresa, por meio da  substituição de aproximadamente 60 mil lâmpadas convencionais por LED.

Essas são algumas das informações que constam do Relatório de Sustentabilidade, que a companhia passou a divulgar no segundo trimestre deste ano.  E que, além de dar transparência a medidas que têm sido adotadas e apontar quais metas estão sendo atingidas, ajuda a empresa a entender onde estão seus pontos mais fortes e onde é preciso ainda avançar.

“Sempre foi nossa preocupação adotar práticas que levem em consideração a comunidade, o nosso entorno, mas nunca havíamos contabilizado essas ações. Esse relatório foi um exercício de aglutinar todas essas informações e dar transparência a elas junto aos diferentes stakeholders”, explica Cristina Betts, CEO do Iguatemi.

Do ponto de vista da diversidade, a companhia é signatária do movimento “Elas Lideram 2030”, que estabelece a meta de ter 50% da liderança composta por mulheres no fim desta década. O Iguatemi cumpriu esse objetivo com folga: sete anos antes do prazo, já é contabilizada a presença de 50% de mulheres no comitê executivo e também em cargos de liderança. “Assumimos a responsabilidade que não é só de manter o número, mas também de fortalecer essa conversa no nosso ecossistema para tracionar o setor nessa direção”, afirma Vivian Broge, diretora de RH e de ESG do  Iguatemi.

Outro programa ao qual a companhia aderiu é o  Empoderando Refugiadas, desenvolvido pela ACNUR, agência da ONU para refugiados, para garantir a empregabilidade desse público. Participam também outras refugiadas portadoras de deficiência ou cuidadoras de pessoas com essa condição. O objetivo do projeto é  capacitar as refugiadas que estavam vivendo em abrigos na cidade de Boa Vista, Roraima, para que a partir da profissionalização pudessem ser empregadas formalmente no mercado de trabalho brasileiro.

O primeiro relatório foi publicado em agosto no site de Relações com Investidores (RI) da companhia, porque há uma percepção de que o mercado começa a demandar cada vez mais esse tipo de comunicação. “O investidor estrangeiro é muito mais exigente ainda em relação a esse tema, mas já temos avançado muito no Brasil”, diz Cristina. A ideia é que o relatório circule entre outros públicos, especialmente entre os colaboradores, o que pode contribuir para dar mais uniformidade a determinadas ações. Afinal, além da holding, o grupo reúne 16 shoppings em diferentes cidades do país.

“É preciso medir, comunicar e ensinar”, afirma Cristina. “A gente dá visibilidade a ações nas quais a gente é protagonista e a outras para as quais começamos a enxergar o caminho.”  O relatório seguiu as métricas do Sasb, conselho de padrões de contabilidade de sustentabilidade.

Retomada forte

O primeiro semestre mostrou que o setor de shoppings ingressou em um período de recuperação, após o baque causado pela pandemia. E o Iguatemi tem o benefício adicional de atender a um público de média e alta renda, menos impactado pelo período de juros altos no país. Isso ajuda a explicar o resultado positivo da companhia no  segundo trimestre. A receita líquida ficou em R$ 302,7 milhões, 19,3% acima do observado em igual período de 2022. Já o lucro líquido consolidado alcançou R$ 78,7 milhões, ante prejuízo de R$ 31,8 milhões um ano antes.

“Temos um ano muito importante porque finalmente paramos de comparar os resultados com 2019, ano que antecedeu a pandemia”, observa Cristina. “Para nós, 2022 já foi um bom ano, e em 2023 estamos mostrando um crescimento importante.” Para o próximo semestre, diz a executiva, a expectativa é que a taxa de crescimento seja mais modesta, porque a comparação vai se dar sobre um período em que os resultados já mostraram uma reação importante. “Mas os números absolutos devem ser altos”, explica.

O portfólio de lojas abrigadas pelos shoppings  do grupo Iguatemi, com participação de marcas internacionais e de luxo, contribui para explicar esse cenário mais positivo. “Até 2022, esse segmento mostrou mais resiliência. Mas já estamos vendo as marcas nacionais acelerando a um ritmo parecido agora”, diz Cristina, sem abrir números. “A gente está em um momento de queda da inflação, pessoas com mais poder aquisitivo, redução de  juros, isso tudo contribui para melhorar o orçamento do cliente final.”

Parte dos clientes dos shoppings – como lojas de eletroeletrônico e de vestuário –  ainda sofrem com os efeitos do juro, que continua elevado. Mas a executiva diz que, para o grupo, esta não é uma fonte de pressão. Ainda que algumas dessas empresas decidam fechar lojas em alguma praça, a substituição acontece com rapidez. “Mudanças fazem parte do nosso negócio. É óbvio que podem gerar desequilíbrio momentâneo em termos de ocupação, mas acaba sendo uma forma de abrir espaço para que a gente faça um giro no portfólio”, explica. Segundo ela, historicamente, a empresa nunca teve mais de 10% de vacância em termos agregados.03