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Grupo Boticário à frente dos testes de IA Generativa do Google no Brasil

Empresa de cosméticos tem servido como “alpha tester” das soluções do Duet AI, da big tech americana, no Brasil

Iuri Santos

Fábrica de Camaçari do Grupo Boticário (Foto: Divulgação)

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Quem esteve no evento Google Cloud Summit na última quinta-feira (5) ouviu falar no Grupo Boticário algumas vezes. Pode não parecer óbvio: por que uma empresa de cosméticos seria tão comentada em um evento de tecnologia? Acontece que o Grupo Boticário é um parceiro estratégico do Google Workspace no Brasil e acumula cases com a big tech americana.

Uma das empreitadas de testes mais recente entre as marcas ocorreu com a chegada do Duet AI, ferramenta que inclui soluções de inteligência artificial generativa nas plataformas do Workspace, como Google Docs, Gmail e Planilhas. O Grupo Boticário foi um dos convidados para ser alpha tester — quem testa um produto antes do lançamento — da funcionalidade no Brasil ainda em maio deste ano, junto com  empresas como Nubank e Mercado Livre.

As funcionalidades do Duet AI foram recentemente liberadas para todos os usuários pagos do Workspace e apenas na versão em inglês. Mas o Google segue trabalhando para incluir novas soluções no escopo do produto — e o Boticário é um parceiro nos testes. É o caso de uma ferramenta anunciada no Cloud Summit e que está chegando agora no Brasil, o “Attend for Me” (ou “atenda para mim”, em tradução livre). Essa funcionalidade permite que um assistente de inteligência artificial entregue mensagens em reuniões do Google Meet em nome de um colaborador com a agenda cheia, além de anotar pontos importantes para a recapitulação.

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“Essa parte mais avançada do Generative AI é o que eles [Grupo Boticário] querem muito e o que a gente está mirando para os próximos meses”, diz Alberto Zafani, Head do Google Workspace no Brasil. “O Boticário é um parceiro estratégico. Eu acho muito bacana que eles tenham um grau de maturidade em tecnologia, comparando a nível global, muito elevado”, diz.

Alberto Zafani, head do Google Workspace no Brasil. (Divulgação)

A empresa de tecnologia americana começou a fornecer os serviços de ferramentas de compartilhamento em nuvem ao Boticário há três anos, após vencer uma concorrência com a Microsoft, antiga fornecedora da empresa de cosméticos. À época, o Google só estava dentro da empresa com o Google Ads, produto de anúncios pagos em plataformas do Google.

O Grupo Boticário ainda não comenta sobre os testes em andamento utilizando inteligência artificial generativa, mas abre o jogo quanto às iniciativas em parceria com o Google Workspace que já ocorreram desde lá.

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Houve uma sinergia grande entre as aplicações do Workspace com a reestruturação promovida pelo Grupo Boticário pouco antes da pandemia. Até então, a empresa era organizada por verticais, como “mini-empresas” dedicadas exclusivamente às marcas, como o Boticário, Quem Disse, Berenice? e Eudora.

“Aí fomos para uma estrutura matricial. Na prática, quer dizer que as estruturas estão orientadas ao cliente: uma que trabalha com o cliente franqueado, uma que trabalha para o cliente do e-commerce, outra para o meu cliente de lojas, e assim por diante”, explica Talita Franco, gerente Sênior de Gestão da Mudança do Grupo Boticário.

A nova estrutura descentralizada demanda soluções de ferramentas compartilhadas em nuvem mais robustas, porque os grupos precisam trabalhar paralelamente, e de forma complementar, nas marcas. Alguns dos cases de maior sucesso da parceria dentro da empresa são frutos do AppSheet, solução no-code que permite aos colaboradores fazerem seus próprios aplicativos, ainda que não saibam desenvolver.

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Os times dentro de cada estrutura já desenvolveram mais de 100 soluções para resolver problemas do dia a dia e o Grupo Boticário estimula que isso continue ocorrendo. “Quando falamos do objetivo de conectar as pessoas, torná-las mais produtivas, ter todo mundo trabalhando com tecnologia, e não só desenvolvedor, cases demonstram isso na prática”, aponta.

A empresa recentemente promoveu um hackathon, maratona de desenvolvimento comum entre programadores, incluindo também colaboradores de outras áreas com desafios de desenvolvimento no AppSheet.

Foi da equipe de Recursos Humanos, e não de desenvolvimento, que surgiu a ideia de fazer uma ferramenta para facilitar o ciclo de aumentos, promoções e bônus anual da empresa. A equipe precisava lidar com diversas planilhas de resultados que iam e vinham a cada período de premiações dos funcionários pelo bom trabalho.

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Para resolver o problema, um sistema que centraliza as bases de dados e calcula automaticamente informações para os gestores: é possível por exemplo, visualizar como fica a distribuição salarial da sua equipe quando um funcionário recebe um aumento, bem como o nível de equidade salarial daquele grupo — informações que antes estavam espalhadas em diferentes planilhas.

O time de tecnologia costuma ter um papel mais consultivo quando outra equipe decide desenvolver um aplicativo — isso quando participa do processo. O Grupo Boticário diz que não há um indicador geral sobre os resultados de cada equipe com o desenvolvimento dos aplicativos, já que eles possuem finalidades distintas. Há, no entanto, uma percepção de que os times são mais bem-sucedidos ao identificar e resolver os problemas, sem precisar delegar o desenvolvimento às equipes de tecnologia. “Entendemos que existe a parte do desenvolvimento de produto que tem que ficar com o time de tecnologia. Mas existem outras coisas, rotinas, processos administrativos, que hoje a gente faz de uma forma muito truncada”, diz Franco