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Seja no campo ou na indústria, trabalhar o mercado de ovinos na Austrália não tem se mostrado muito lucrativo em 2023. Maior exportador mundial da proteína, o país vem sofrendo com um excedente de oferta sem precedentes, que tem derrubado tanto o preço dos animais quanto os valores da carne no mercado internacional.
Entre 2019 e 2022, a Austrália surfou uma onda que combinou dois fatores positivos: a demanda em ascensão estimulou a retenção de matrizes e alavancou a produção, que ainda contou com condições climáticas favoráveis.
O rebanho ovino do país chegou a 78,7 milhões de cabeças, o maior desde 2007, segundo o Meat and Livestock Australia (MLA). Com o aumento da oferta e a dificuldade de segurar pelo menos uma parte dos animais no pasto devido à seca que atinge o país neste ano, a oferta acabou superando a demanda global.
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O próprio Departamento de Agricultura, Pesca e Florestal da Austrália (Ministério da Agricultura) prevê que as exportações de carne ovina do país recuará 16% no ciclo 2023/24, para US$ 3,8 bilhões.
Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que nos últimos 12 meses a carne ovina no mercado internacional acumula uma desvalorização de 25%. Em outubro, o preço médio foi de US$ 0,856 por libra-peso, o mais baixo em sete anos, ante US$ 1,154 do mesmo mês do ano passado.
Mas o cenário negativo é ainda anterior. Em janeiro do ano passado, o preço médio da carne ovina alcançou os US$ 1,682 por libra-peso, maior patamar desde 2008. Desde então, o mercado tem visto uma retração constante das cotações internacionais.
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Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3) são as duas empresas brasileiras que têm operações de ovinos na Austrália. A JBS preferiu não conceder entrevista sobre sua situação nesse mercado no país. A Minerva informou que, como os preços da carne estão mais firmes que os dos animais, tem conseguido margens positivas na operação.
Além de ovinos, a JBS tem na Austrália operações de bovinos, suínos e peixes. Em seu último balanço trimestral, a companhia reportou uma queda de 12% na receita gerada no país, para R$ 7,68 bilhões. Não é possível identificar o peso de cada proteína nas vendas.
Em fevereiro, a JBS chegou a anunciar um investimento de US$ 20 milhões e a reinauguração da unidade de cordeiros instalada em Cobran. O anúncio ocorreu dois meses depois de a Minerva ter comunicado a entrada no mercado australiano de ovinos, com a aquisição da Australian Lamb Company.
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Em outubro de 2022, a Minerva se juntou ao Salic – fundo soberano da Arábia Saudita – para levar por US$ 260 milhões a Australian Lamb Company, maior empresa de cordeiros da Austrália. À época, a Minerva informou que a nova aquisição tinha 93% de sua receita gerada a partir das exportações para países como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Europa e Oriente Médio.
O negócio garantiu à Minerva a liderança do mercado australiano de cordeiro, com uma participação de 15% do abate total no país. Um ano antes, a companhia já havia adquirido dois frigoríficos de ovinos na Austrália – Shark Lake e Great Eastern Abattoir. Somadas, as operações deram à empresa brasileira uma capacidade para abater 4,78 milhões de animais por ano.
A Minerva passou a divulgar dados sobre seus negócios na Austrália a partir de 2023. No terceiro trimestre, a receita da companhia a partir do país recuou 6,9% em comparação ao segundo trimestre, para R$ 497,6 milhões. O volume de vendas também caiu, 7,5%, para 17,3 mil toneladas.
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