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A comitiva com cerca de 90 empresários e agentes do governo que chegou no domingo em São Paulo, assinou 25 acordos em um total de US$ 3,5 bilhões em negócios, segundo uma fonte que acompanhou a comitiva.
Os memorandos de entendimento (MoUs) assinados são dos setores petroquímico, de processamento de alimentos, saúde, turismo, aeroespacial e imobiliário. Um desses memorandos foi assinado entre o Ministério de Investimentos Saudita e a construtora OEC (antiga Odebrecht), que pretende abrir uma sede regional no país do Golfo.
A expectativa é de que esta seja apenas uma parcela do volume de negócios que a parceria entre os dois países pode alcançar. Segundo um mapa de oportunidades da ApexBrasil, foram identificadas 333 oportunidades para produtos brasileiros na Arábia Saudita, principalmente nos setores de máquinas e equipamentos, alimentos, manufaturas e químicos, somando US$ 21,3 bilhões em oportunidades comerciais.
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Os principais setores com oportunidades alinhadas aos interesses dos sauditas são aqueles ligados à transformação energética e à segurança alimentar. “O Brasil oferece excelentes oportunidades ligadas ao ciclo de hidrogênio e às energias renováveis solar e eólica. No segmento da segurança alimentar, destacamos a produção de fertilizantes e os canais logísticos rodoviários, ferroviários e portuários”, avalia Helena Brandão, gerente de investimentos da ApexBrasil.
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Na perspectiva dos investimentos greenfield (aquele que acontece quando uma organização tem a iniciativa de se internacionalizar) da Arábia Saudita anunciados no Brasil, Brandão destaca a expansão da fábrica de borracha da Arlanxeo, subsidiária da Saudi Arabian Oil Company, em Triunfo-RS, estimada em US$ 96 milhões em 2023, e a abertura de um centro de distribuição da Arlanxeo em São Paulo, estimado em US$ 43 milhões em 2023. “Também podemos citar o centro de P&D da Clariant, subsidiária da Saudi Arabian Oil Company, em Belo Horizonte-MG, estimado em US$ 70 milhões em 2021; e a fábrica de cimentos da Arabian Cement, estimada em US$ 29 milhões em 2014”, afirma.
Em 2023, a Saudi Agricultural and Livestock Investment Co. (Salic), uma empresa estatal da Arábia Saudita, e a Marfrig Global Foods S.A. do Brasil concordaram em comprar até US$ 890 milhões em novas ações da BRF. A transação daria à Salic uma participação entre 10% e 15% na BRF, conforme amplamente divulgado na mídia.
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Aproximações
De acordo com dados do Banco Central, em 2010 havia três empresas sauditas operando no Brasil, e em 2020 já eram nove. “É importante notar que, por uma questão de confidencialidade e sigilo fiscal das empresas investidoras, o BACEN não divulga os valores do estoque investido por determinado país quando: a) há poucas empresas do mesmo país investindo no Brasil, ou b) quando o volume de investimentos é menor que US$ 1 mi por empresa”, afirmou Igor Celeste, gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil.
Segundo Celeste, em termos de fusões e aquisições, os setores que mais interessam às empresas árabes são proteína animal, infraestrutura, aviação e hotelaria.
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A Arábia Saudita tem procurado se aproximar dos BRICS, visando a uma possível integração ao bloco econômico no futuro. Em junho de 2023, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Sheikh Faisal bin Farhan al-Saud, participou da reunião do bloco BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na África do Sul.
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A participação no grupo multilateral facilitaria o acesso do reino aos mercados emergentes, o que se tornará cada vez mais importante para a política de industrialização da Arábia Saudita, que busca aumentar as exportações não petrolíferas. A possível adesão da Arábia Saudita ao BRICS também sustentaria e destacaria laços diplomáticos mais estreitos, o que poderia apoiar os esforços sauditas para defender a participação de mercado em países que são grandes importadores de petróleo, como China, Índia e África do Sul.