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Com rating para chamar de seu, Tokio Marine mira oportunidades em infraestrutura

Após obter nota máxima da Moody’s Local, seguradora quer usar ‘selo’ como diferencial em licitações de obras e em projetos de óleo e gás

Rikardy Tooge

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A Tokio Marine aproveitou o ambiente de retomada da infraestrutura, a partir do anúncio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para se armar na disputa entre as principais seguradoras do país pelas apólices das grandes obras. Para isso, a empresa obteve sua primeira nota de crédito (“rating”) local em mais de 60 anos de atuação no Brasil. Com avaliação máxima no rating local da agência Moody’s, a seguradora se vê bem posicionada para este novo ciclo.

“Nós achamos que era importante ter esse diferencial. Em alguns processos de concorrência, seja no setor público e, em especial, no privado, esse ‘selo’ faz a diferença”, explica Daniel Dibe, diretor executivo de Finanças e Administração da Tokio Marine, em conversa com IM Business. “Há um movimento forte de o Brasil voltar a ter investimentos importantes em infraestrutura e petróleo e nossa diretoria achou importante ter um rating próprio para além da nossa holding.”

Controlada pela japonesa Tokio Marine Holdings, que possui rating Aa3 pela Moody’s internacional (quarta maior nota na escala da agência e grau de investimento), a Tokio Marine Brasil obteve nota local AAA.br, com perspectiva estável. Na avaliação, a agência reconheceu que a holding contribuiu para a classificação da seguradora brasileira. Vale lembrar que outras empresas do setor, como Porto Seguro e Bradesco Seguro, também possuem nota de crédito por outras agências, como a Fitch.

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Daniel Dibe, CFO da Tokio Marine: rating dá diferencial de mercado para seguradora (Divulgação)

Para a Moody’s, a nota de crédito foi resultado da baixa alavancagem da Tokio Marine somada a sua relevância no mercado brasileiro. “O rating da Tokio Marine reflete uma forte posição competitiva no setor de seguros gerais, como a terceira maior seguradora do país, a adequada qualidade de ativos, a baixa alavancagem bruta de subscrição e a forte rentabilidade”, explica a agência. No fim do primeiro semestre, a relação entre patrimônio líquido e capital mínimo regulatório chegou a 162% – o que significa ter mais de uma vez e meia a solvência necessária.

E é justamente por contar com esse espaço no balanço que a Tokio Marine quer avançar em produtos de maior risco. Entre as oportunidades observadas estão seguros para garantia da obra, riscos de engenharia civil e riscos de petróleo. “É sabido que algumas agências reguladoras, por exemplo a ANP [Agência Nacional do Petróleo], já incluíram em seus processos de licitação a oportunidade para que as seguradoras pudessem colocar seus ratings locais”, lembra o executivo.

Por outro lado, Dibe destaca que a Tokio Marine não pretende assumir grandes riscos sozinha. A depender da complexidade da apólice, irá recorrer a parcerias com outras seguradoras ou contratar resseguro. O excesso de exposição ao risco também poderia ser um detrator do rating da empresa. Segundo a Moody’s, uma concentração de carteira nesse tipo de produto poderia pesar negativamente na definição do rating. A agência, entretanto, afirma que não vê esse risco em uma janela de 12 a 18 meses.

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O motivo é que, atualmente, cerca de 70% da carteira da Tokio Marine são de produtos chamados massificados, como o seguro de automóveis. Com 2,7 milhões de veículos segurados, 61,1% do faturamento da empresa vêm desse segmento. Seguros patrimoniais (16,7%), transportes (6,9%), responsabilidade civil (4,4%), coletivo (3,5%) e outros (7,4%) completam a lista.

A Tokio Marine encerrou o primeiro semestre deste ano com lucro líquido de R$ 673 milhões, três vezes mais que em igual período do ano passado (R$ 196 milhões). O prêmio emitido, o equivalente ao faturamento das seguradoras, chegou a R$ 5,92 bilhões, alta de 17,9% em relação a igual período do ano passado. O crescimento da última linha foi beneficiado pela redução da sinistralidade no período, que saiu de 71,5% na primeira metade de 2022, para 47,2%.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br