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Com 13 mil das mais de 90 mil farmácias que existem atualmente no Brasil, o Estado de São Paulo é um dos principais mercados para os varejistas do segmento. Prova disso é que apenas a capital, cidade mais populosa do país, concentra ao menos um terço dos estabelecimentos de todo o Estado. Mesmo com tanta oferta, a ponto de se encontrar praticamente uma farmácia em cada esquina, a Nissei ainda vê espaço para conquistar o consumidor paulista.
A aposta do CEO Alexandre Maeoka está no conceito americano de farmácias, em que são vendidos muitos outros produtos além dos medicamentos. “São Paulo se prova interessante para a nossa tese de ‘drugstore’”, reforça o executivo ao IM Business.
O sistema ganhou aderência dos paranaenses, Estado em que a Nissei nasceu há 37 anos e onde possui cerca de 300 lojas, algumas delas em imóveis que lembram templos japoneses. Nas unidades da rede, que têm como característica atendimento 24 horas e cerca de 250 metros quadrados, há, além de produtos de cuidados pessoais, os de conveniência – até pães e outros itens de mercearia. “Conseguimos trazer mais frequência às nossas lojas e podemos competir com um alcance de um público maior do que o das farmácias tradicionais”, diz Maeoka.
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A concorrência em regiões mais populosas de São Paulo tende a ser acirrada. Grandes redes do setor, como RaiaDrogasil (RADL3) e Drogaria São Paulo, são consolidadas no Estado e devem dificultar o jogo para a Nissei. Além do desafio de mercado, a empresa e o setor como um todo devem ter pela frente um crescimento menor da receita. Em relatórios recentes sobre essas varejistas, XP e Itaú BBA apontam como um desafio para as farmácias um menor reajuste de preço dos medicamentos, reflexo direto da queda da inflação nos últimos 12 meses.
“Isso deve ser um vento favorável para a alavancagem operacional, mas também representa um risco para o ano de 2024, uma vez que a dinâmica da inflação é o principal impulsionador do reajuste de preços [dos remédios], que ocorre em abril”, escreveu a XP, em uma análise sobre a RD. Na mesma linha, o BBA lembra que os medicamentos são produtos com margens estreitas, o que torna o volume de vendas um item ainda mais importante na estratégia das empresas.
É justamente nesse ponto que o CEO da Nissei se vê em vantagem frente às gigantes. “Vender remédio é tudo igual, sabemos que não há como agregar margem. Por isso acreditamos que nosso conceito de drugstore e atendimento podem gerar mais recorrência e receita”, aponta Alexandre Maeoka.
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Caixa reforçado para a disputa
Para avançar na estratégia, a Nissei reforçou o caixa com o objetivo de ampliar sua rede de lojas em São Paulo. Com 40 unidades no estado atualmente, a empresa captou no fim de junho R$ 250 milhões por meio de uma oferta pública de distribuição de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), em que parte dos recursos será destinada à expansão no mercado paulista.
Um dos passos para crescer no Estado foi dado antes mesmo da conclusão da operação. Em maio, a Nissei encaminhou a compra de 55 lojas em São Paulo pertencentes à Poupafarma, varejista que está em recuperação judicial, por R$ 18,9 milhões. O processo está em fase de diligência.
Caso o negócio seja confirmado, a empresa mais que dobrará sua presença no Estado, concentrada no interior, em cidades como Presidente Prudente, Araraquara e Bauru. A longo prazo, a ideia é chegar no Vale do Paraíba, região de Campinas e Metropolitana de São Paulo.
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Faturamento bilionário e IPO
A Nissei encerrou 2022 com R$ 2,3 bilhões em faturamento, o que a credencia como a sétima maior rede do país. A empresa possui cerca de 370 lojas, com 300 somente no Paraná, operação em São Paulo e 19 lojas em Santa Catarina. São cerca de 6 mil funcionários.
Fundada em 1986 pelo pai de Alexandre, Sérgio Maeoka, a Nissei teve sua primeira loja em Curitiba, capital do Paraná. A farmácia foi montada com a venda de um Chevette de Sérgio e por um período foi sustentada com o dinheiro que vinha da pastelaria da família. Filho de agricultores, Sérgio teve seu primeiro contato com o mundo das farmácias aos 14 anos, quando começou a trabalhar como entregador de remédios em Apucarana.
No mercado de capitais, a empresa fez sua primeira operação em 2017, com a emissão de R$ 153 milhões em debêntures para organizar sua estrutura de capital e iniciar seu plano de expansão. Desde então, reforçou sua estratégia de profissionalização e chegou a ensaiar uma oferta pública inicial (IPO, em inglês) em 2020, o que acabou não ocorrendo.
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Apesar disso, o CEO da Nissei mantém a abertura de capital como estratégia de longo prazo, embora afirme que não tem pressa para tocar a operação. “O importante é seguir construindo uma relação de confiança com o mercado para quando for o momento. Estamos prontos para isso”, completa Alexandre Maeoka.
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