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Em apenas um ano, a Origeo, joint venture entre a americana Bunge e a indiana UPL, uma das maiores empresas de defensivos do mundo, já conquistou mais de mil grandes produtores de grãos no Brasil. A empresa foi criada em julho do ano passado com foco concentrado nas demandas de agricultores com mais de 4 mil hectares da região do Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Mas acelerou seu crescimento com a ampliação do raio de atuação para Mato Grosso, já está presente também em Rondônia e agora quer cobrir o Cerrado como um todo.
Maiores responsáveis pelo aumento da produção global de soja e milho nas últimas duas décadas, os grandes agricultores do Cerrado brasileiro são também protagonistas de mudanças importantes nas relações ao longo da cadeia produtiva. Capitalizada, tecnológica e com novas alternativas de financiamento à disposição, a categoria trabalha constantemente em busca de soluções capazes de elevar eficiência e rentabilidade, e com isso leva grandes agroindústrias que operam antes, dentro e depois da porteira a também ajustarem estratégias para acompanhar a transformação e ampliar os negócios, como fizeram Bunge e UPL.
A Origeo tinha pouco mais de 300 clientes no início deste ano. Com a chegada aos polos de Mato Grosso, que lidera a produção brasileira de grãos, o número chegou a 1.035. Segundo Roberto Marcon, CEO da joint venture, o objetivo é atrair e fidelizar cerca de 4 mil produtores de grande porte de soja, milho e algodão em dois ou três anos, a depender das condições de mercado. A companhia estima que sua carteira represente atualmente 40% da colheita das três commodities em Mato Grosso, Rondônia e no Matopiba, embora muitos dos produtores atendidos trabalhem também com outros fornecedores de insumos ou tradings.
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Com o “ecossistema” criado pela Orígeo, os agricultores têm acesso aos defensivos produzidos pela UPL, que importa a maior parte dos princípios ativos da Índia, e aos serviços de originação e logística da Bunge, uma das líderes mundiais nessas operações, ao lado de multinacionais como Cargill, ADM, Louis Dreyfus Company e Cofco. Podem comprar, ainda, sementes da argentina GDM, cuja genética está presente em mais de 40% da produção global de soja, e fertilizantes de uma plataforma desenvolvida por Bunge e UPL para esse fim.
Assistência agronômica e alternativas de financiamento, como o barter (troca de insumos por colheitas futuras), além de consultorias sobre planejamento de safra, práticas sustentáveis e certificações em agricultura regenerativa e de baixo carbono também estão no pacote oferecido pela Orígeo. São serviços que os grandes produtores podem contratar com outros players que atuam no agro, mas que, reunidos, a joint venture acredita serem seu diferencial. A companhia tem à disposição cerca de 260 profissionais de campo, 120 dos quais de áreas técnicas, como agrônomos.
“As tradings sempre foram até a porteira, e vimos que entrar fazia sentido. Com a Orígeo, a proposta é fortalecer o relacionamento com os agricultores e avançar em questões importantes dentro das fazendas, como a sustentabilidade e a rastreabilidade da produção”, disse Marcon ao IM Business durante evento que reuniu centenas de produtores (a grande maioria de Mato Grosso) ontem na capital de São Paulo.
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Entre as vantagens da joint venture realçadas por seu CEO estão as operações de travamento de preços, boa parte das quais via barter. “A garantia em se fazer operações de hedge com o envolvimento de um player forte também em logística, como a Bunge, é maior”, afirmou o executivo, que é egresso da múlti americana.
A Orígeo não divulga seus dados sobre faturamento ou volumes de grãos originados e insumos vendidos. A Bunge encerrou o segundo trimestre deste ano com vendas líquidas globais de US$ 10,9 bilhões e lucro líquido de US$ 622 milhões. Já a UPL fechou o ano-fiscal 2023, em março, com vendas de US$ 6,7 bilhões e lucro líquido de US$ 1,4 bilhão.
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