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A reação do CEO da Marisa na rede social

João Nogueira Batista reage à comemoração da Shein sobre adesão ao Remessa Conforme. Explica ainda como a empresa se reorganiza na parceria com Credsystem

Lucinda Pinto

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Um dia depois de ter anunciado a adesão ao Remessa Conforme, o CEO da Shein, Marcelo Claure afirmava por meio das redes sociais que a “empresa é tão brasileira quanto as outras do varejo”. Mas o que realmente chamou a atenção nessa postagem foi o comentário feito pelo concorrente, o CEO da Marisa, João Pinheiro Nogueira Batista: “Cara de pau”.

O comentário, que foi apagado assim que Batista se deu conta da repercussão, traduz o sentimento do varejo local diante da isenção de Imposto de Importação para compras abaixo de US$ 50,00 que a inscrição no Remessa Conforme garante. “É uma excrescência”, diz. “A Remessa Conforme é um avanço, mas essa isenção é um absurdo, uma situação anacrônica”, afirmou ao IM Business.

Batista diz acreditar que o que ele chama de “distorção” vá ser corrigida ainda este ano. Isso porque a Receita Federal vem expressando preocupação com a renúncia fiscal que a isenção está provocando. E porque há, da parte do ministro Fernando Haddad, sinalização de que quer corrigir essa falta de isenção. “Gosto de competir, mas em condições iguais. Não com alguém que vem de fora e paga somente 17,5% de ICMS”, define.

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Fachada de uma loja das Lojas Marisa
Loja da Marisa: varejista em reconstrução (Shutterstock)

A Marisa é uma das varejistas mais afetadas pelo avanço das asiáticas em terreno brasileiro. E é mais uma das pautas com as quais Batista precisou lidar nos últimos meses, em que colocou uma rigorosa reestruturação em curso. Depois de fechar lojas e reduzir o custo operacional, a empresa anunciou esta semana uma parceria com a Credsystem, que assume o braço financeiro da operação. Esta área vinha drenando recursos e energia da companhia. “A gente, como varejista, não sabe operar crédito”, diz.

Batista diz que Marisa e Credsystem vão dividir o resultado das operações de crédito fechadas no balcão das lojas da rede. A empresa recebe ainda R$ 110 milhões dentro de um ano pela parceria e tem chance de adicionar outros R$ 100 milhões, saldo entre empréstimos a receber e os passivos. “O mercado está desafiando, dizendo que não temos acesso a crédito, que vamos ter que diluir o acionista, um monte de bobagem. Só que, só nessa brincadeira, são pelo menos R$ 110 milhões que a gente tem ao longo de um ano”, diz. A capacidade de atender ao cliente da rede, com mais limite e mais prazo de crédito, é outra vantagem da parceria.

Para o executivo, a reação do mercado ao anúncio da parceria com a Credsystem decepcionou. “Eu achei que a ação iria bombar, mas acho que não entenderam que se trata de uma mudança estrutural”, diz. Isso demonstra que há um caminho ainda a percorrer em termos de reconquistar a confiança dos bancos e dos investidores. “Eu tenho uma ponte a construir, é verdade, mas é uma ponte já muito mais fácil de ser transposta, temos definido o acesso a recursos de forma estruturada”, diz.

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Se tudo correr bem, afirma, a varejista quer fazer a emissão de uma debênture no primeiro semestre do ano que vem. O próximo passo da reestruturação é um ajuste do parque remanescente de lojas, o que passa por modernização e também ajuste do espaço, que pode ser menor. E, à medida que o mercado seja convencido de que esses ajustes renderão resultado, a empresa deve voltar a acessar o mercado de capitais para levantar linhas de crédito. “Um erro do passado foi concentrar todo o passivo no curtíssimo prazo. Então, a gente tem que ter uma estrutura de dívida mais defensiva, mais alongada”, diz.

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Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.