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À espera de saída do controlador francês, GPA foca em operação “100% brasileira”

Para CEO, venda de participações em ativos estrangeiros ajuda empresa a focar na desalavancagem e busca por rentabilidade

Mitchel Diniz

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No primeiro trimestre do ano que vem, o GPA vai concluir a venda de sua participação de 13,3% na colombiana Almaneces Éxito e embolsar os R$ 800 milhões aos quais tem direito na transação. A partir daí, a empresa já poderá ser considerada um ativo 100% brasileiro, com foco total em operações no país, o que a administração da companhia vê com bons olhos. “Um ativo 100% brasileiro com um cliente 100% brasileiro, acho que ajuda a simplificar tanto para o nosso foco interno como para o investidor”, afirmou Marcelo Pimentel, CEO do GPA ao IM Business.

A dona das bandeiras Pão de Açúcar e Extra continua focada em seu plano de reestruturação de operações e estrutura de capital combinado com a busca por rentabilidade. A empresa conseguiu reduzir custos estruturais em R$ 360 milhões no intervalo de um ano e meio e mira em margem Ebitda entre 8% e 9% em 2024. No terceiro trimestre de 2023, o indicador chegou a 7%.

No mesmo período, o GPA reduziu o consumo de caixa em R$ 1 bilhão, comparando com um ano antes. Em evento com investidores nesta quarta-feira (6), a administração reafirmou o compromisso de destinar o total de recursos de seus desinvestimentos para reduzir a alavancagem financeira.

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Leia mais: Sem medo do Oxxo, GPA põe foco em expansão em minimercados enquanto reduz dívida

Na semana passada, a “nacionalização” do GPA deu mais um passo, com a aprovação da venda da fatia de 34% que o GPA detinha na Cnova, operação de e-commerce do seu controlador, o Casino. O comprador foi o próprio grupo francês, que vai desembolsar 10 milhões de euros e ficar com 98,8% da empresa.

“Foi uma questão de coerência. Não fazia sentido, para nós, ter 33% de uma empresa francesa, listada na Holanda, que não tem nenhuma correlação com o nosso negócio”, disse Pimentel. “São movimentos importantes para o foco principal que é a recuperação do Pão de Açúcar”.

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Marcelo Pimentel, CEO do GPA (Imagem: Divulgação)

Relação com o controlador

A companhia está ciente de que é uma questão de tempo para que o Casino venda sua participação majoritária na empresa. Afinal, o controlador informou, no último mês de junho, que pretende se desfazer de ativos na América Latina. Este ano, o grupo francês se desfez de toda sua posição acionária no Assaí e no grupo Éxito.

“A nossa relação com o Casino hoje é operacional e temos trabalhado muito alinhados aos movimentos de estratégia e desalavancagem do negócio, entendendo que isso é o melhor para o Pão de Açúcar. Com relação a movimentos de venda de participação deles, não entramos nessa conversa. Essa é uma prerrogativa do controlador, que tem suas interlocuções quando e onde entender ser conveniente”, disse Pimentel.

O CEO voltou a dizer que rumores sobre negociações para que a empresa venha a ser uma coporation, sem acionista controlador, são especulações de mercado sem qualquer relação com movimentos estratégicos. “Não estamos em nenhum tipo de negociação”. O rumor fez com que as ações PCAR3 fechassem o pregão de ontem em alta de 12,32%. Hoje, os papéis subiram novamente, fechando em alta de 3,92%.

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Questionado pelo IM Business se há vantagens para o GPA em ser uma corporation no futuro, Pimentel disse que a existência ou não de um controlador em nada muda o foco da companhia. “Movimentos e estruturações societárias, quando se derem, vão ser tratados no devido momento. Mas não acredito que eles impactem o gerenciamento e o movimento estratégico que está sendo feito aqui”.

“Temos um projeto de turnaround muito claro, uma estratégia muito bem resolvida e definida que é o foco da empresa para o futuro. Independente de quando e como o controlador vai sair”, conclui o CEO.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados