China traz otimismo ao mercado e Ibovespa sobe 3,83%; OGX dispara 30%

SÃO PAULO – Em meio ao otimismo com dados na China, Europa e melhor estimativa com PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2013, o Ibovespa inicia o primeiro pregão de setembro no positivo, seguindo o bom humor dos principais mercados mundiais, com exceção das bolsas norte-americanas, que estão fechadas nesta segunda-feira (2) por conta do feriado do Dia do Trabalho. Às 10h06 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 3,82%, a 51.920 pontos. Diante do bom humor do mercado, apenas 1 de 71 ações que compõem o benchmark da bolsa brasileira registrava queda. 

Ajuda a puxar o desempenho positivo do índice as ações da Vale (VALE3, +2,76%, R$ 35,37; VALE5, +3,09%, R$ 32,06), que são fortemente beneficiadas pela melhora da economia chinesa. Juntos, os ativos representam 10,8% da carteira teórica do índice. Para a equipe de análise da XP Investimentos, tal dado chinês é positivo para o universo de commodities no curto prazo, especialmente metálicas, gerando sustentação para preços e podendo assim refletir positivamente para a mineradora. 

No mesmo sentido, as ações das siderúrgicas também respondem positivamente à economia chinesa, sendo elas: CSN (CSNA3, +4,51%, R$ 8,80), Usiminas (USIM3, +1,08%, R$ 10,30; USIM5, +1,94%, R$ 10,51) e Gerdau (GGBR4, +1,34%, R$ 17,38).

O PMI oficial chinês confirmou a leitura do índice PMI do HSBC, que retornou ao território de crescimento: o PMI do Markit (HSBC) subiu para 50,1 em agosto, ante 47,7 em julho, em linha com a preliminar da semana passada, registrando o primeiro crescimento em quatro meses, à medida que a demanda doméstica apresentou recuperação. Economistas comemoraram o resultado como um sinal de que o crescimento da economia da China, que esfriou em 12 dos últimos 14 trimestres, está finalmente se estabilizando. 

Também em destaque, mas não muito positivo, está a revisão do crescimento econômico chinês de 2012, que sofreu uma leve diminuição, passando de 7,8% para 7,7%. O PIB (Produto Interno Bruto) da China totalizou 51,89 trilhões de iuanes (US$ 8,48 trilhões), menos de 38 bilhões de iuanes em relação à estimativa original, afirmou o escritório em um comunicado. 

Além disso, os investidores ainda refletem a possibilidade de um ataque à Síria, que causou forte tensão nos mercados nas últimas semanas, não ser iminente. Nos próximos dias, os mercados se atentarão à fala do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que procura reunir um consenso no Congresso sobre um ataque à Síria. Vale ressaltar que, no último sábado, Obama afirmou que decidiu que o país deve adotar uma ação militar contra alvos do governo sírio, em resposta a um mortal ataque com armas químicas, mas disse que irá buscar a aprovação do Congresso norte-americano. “Não podemos e não iremos fechar os olhos para o que aconteceu em Damasco”, disse Obama durante declarações na Casa Branca. 

Já os papéis da OGX Petróleo (OGXP3) ganharam maior peso na nova composição do Ibovespa, de 1,537% para 4,263%. Após sofrer uma perda de 40% no último pregão, fechando a R$ 0,30, as ações disparam 33,33% nesta sessão, a R$ 0,40 – liderando os ganhos do Ibovespa. Isso porque ao passo que as ações tiveram sua participação elevada no Ibovespa, foram excluídas nesta segunda-feira do índice MSCI Brazil, seguidos pelos investidores estrangeiros.

Reflete sobre os papéis ainda o comunicado da empresa divulgado na noite da sexta-feira passada de que contratou consultorias para buscar alternativas que permitam melhorar a sua estrutura de capital. 

9 ações sobem mais de 4%
Além de OGX, outras oito ações sobem mais de 4% nesta sessão, sendo elas: LLX Logística (LLXL3; +5,59%, R$ 1,51), ordinárias da Oi (OIBR3, +5,53%, R$ 4,01), PDG Realty (PDGR3, +5,22%, R$ 2,42), CSN (conforme mencionada acima), Brookfield (BISA3, +4,71%, R$ 1,78), MRV Engenharia (MRVE3, +4,44%, R$ 8,70), Rossi (RSID3, +4,36%, R$ 2,87) e Gol (GOLL4, +4,02%, R$ 8,80).

Do outro lado, apenas os papéis da Transmissão Paulista (TRBL4) operam no negativo. Os ativos registram queda de 2,06%, a R$ 33,20.

Focus eleva projeção para PIB do Brasil 
Na agenda doméstica, a expectativa econômica divulgada no relatório Focus também mostrou melhora nas projeções para a economia brasileira em relação ao visto na semana anterior. O compilado das estimativas divulgado pelo Banco Central apontou maior expectativa de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, de 2,32% ante 2,20%, embora tenha reduzido a projeção para 2014, de 2,40% para 2,30. 

Ainda entre os dados internos, a inflação medida pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) avançou para 0,20% no fim de agosto, ante alta de 0,16% observada na terceira leitura do mês. Com este resultado, o indicador acumula alta de 3,32% no ano e de 5,54% nos últimos 12 meses.  

Dados econômicos mistos na Europa
Além da China, os dados da zona do euro impulsionam as bolsas por lá, após a Alemanha reportar um ritmo de crescimento da indústria mais rápido em dois anos, de acordo com dados do PMI. 

O PMI de indústria do Markit para o setor industrial alemão, que responde por cerca de um quinto da economia, subiu para 51,8 em agosto, ante 50,7 no mês anterior. A leitura ficou acima da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo segundo mês seguido, embora ligeiramente abaixo da leitura preliminar de 52,0. No cenário político, as atenções se voltam com a proximidade das eleições na Alemanha: em debate neste final de semana, analistas políticos destacaram que a atual chanceler Angela Merkel falhou em obter uma vitória clara sobre o rival Peter Steinbruck, mas segue como favorita no pleito de 22 de setembro. 

Por outro lado, a venda de carros na Espanha caíram 18,3% em agosto sobre o mesmo período de 2012, depois de subirem quase 15% em julho, afirmou a associação de montadoras de veículos Anfac, nesta segunda-feira. Os números de agosto foram impactados por efeito sazonal e por uma forte base de comparação. As vendas de agosto de 2012 tinham disparado antes de aumento de 3 pontos percentuais em imposto no mês seguinte. 

O grande destaque destaque fica ainda para as ações da Vodafone, que tem forte alta de cerca de 4% em meio à iminência de um acordo de US$ 130 bilhões para que a Verizon assuma o controle total da sua companhia, acabando com um impasse comercial que já durava uma década.