Decisão do Cade pode “forçar” venda mais rápida da TIM e ação responde; entenda o caso

Na véspera, o Cade determinou que a Telefónica se desfaça da sua posição na TIM ou que busque um sócio para compartilhar o controle da Vivo; presidente da TIM tranquiliza mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da TIM Participações (TIMP3) tiveram uma sessão bastante movimentada nesta quinta-feira (5), na esteira da percepção de parte do mercado de que uma eventual venda da companhia poderia ocorrer em condições menos favoráveis. Este movimento ocorre após a decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na véspera.

Na mínima do dia, os ativos TIMP3 registraram uma queda de 3,43%, mas se recuperaram e atingiram a cotação máxima de 2,39% em meio à tranquilização do presidente da companhia, Rodrigo Abreu, de que não há possibilidade de forçar a venda da operadora no Brasil. Ao final do pregão da Bovespa, as ações registravam ganhos de 1,85%, a R$ 11,57.

Na noite anterior, o Cade determinou que a Telefónica se desfaça da sua posição direta ou indireta na TIM ou que busque um sócio para compartilhar o controle da Vivo (VIVT4). As condições foram impostas para aprovar a saída da Portugal Telecom do capital da Vivo, anunciada em 2010, devido ao fato de a Telefónica, que controla a Vivo, também ter participação na Telecom Italia, controladora da TIM. Depois da elevação da participação da Telefónica na Telco, controlador da Telecom Italia, as expectativas sobre uma possível venda da companhia brasileira TIM ganharam forças. Contudo, a decisão do Cade levou a maiores temores sobre em que condições o negócio será realizado.

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Dois cenários
Conforme apontam os analistas do JPMorgan, Andre Baggio e Marcelo Santos, a decisão do Cade deve empurrar para uma decisão mais rápida para a Telefônica em comprar a TIM ou vender a sua participação na Telecom Italia. Foi dado um período de tempo não revelado para que a Telefônica encontre um parceiro com conhecimento técnico e sem presença no mercado brasileiro para adquirir o controle da Vivo, como foi o caso com a Portugal Telecom ou vender a sua participação na Telecom Italia. 

Baggio e Santos veem duas soluções para a Telefónica: decidir a sua venda na participação da Telco, o que resolveria os seus problemas com o Cade, mas reduziria a capacidade da companhia em influenciar a Telecom Italia para vender a TIM ou tentar uma oferta para aquisição da empresa em conjunto com outras operadoras, para que o negócio fosse aprovado pelo órgão antitruste. 

O primeiro caso é bastante difícil, avaliam os analistas, uma vez que envolveria um player que não está presente no País para entrar no controle da Vivo; no segundo ponto, haveria a remoção de parte da flexibilidade da Telefônica Brasil de oferecer serviços similares.

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“A decisão do Cade… não elimina uma venda da TIM, mas tal venda provavelmente seria feita para um novo entrante no mercado. O preço pago por tal comprador seria provavelmente menor que o pago por operadoras existentes devido aos menores benefícios com sinergias”, afirmaram os analistas Andrew T. Campbell e Daniel Federle, do Credit Suisse, em relatório.

Por outro lado, os analistas do Itaú BBA avaliam a notícia como benéfica para a TIM. “Vemos a notícia como positiva para a TIM, pois ela traz urgência adicional para sua venda. Acreditamos que a Telefónica vai optar por vender a TIM em vez de uma fatia na Vivo”, afirmaram, em nota ao mercado.

Falas do presidente do TIM diminuem temores do mercado
Durante a tarde, em entrevista, o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, gerou menores temores ao afirmar que não existe a possibilidade da Telefônica forçar a venda da TIM. Abreu afirmou que a decisão da véspera pode se refletir na fusão da Portugal Telecom com a Oi (OIBR3;OIBR4). “É natural que a decisão seja, no mínimo, analisada”, afirmou.

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Abreu ressaltou ainda que a decisão do Cade não terá impacto no cotidiano e afirmou que a companhia continua com seu projeto de ganhar mercado com uma estratégia agressiva. 

Os analistas do JPMorgan seguem positivos sobre a TIM, com recomendação overweight (desempenho acima da média do mercado) avaliando uma relação risco retorno positiva relacionada a uma possível venda por ativo. Se por um lado, enquanto a um maior risco da Telefônica de se afastar da Telecom Italia e reduzir a probabilidade de operação por outro, poderia aumentar o apetite da Telefônica para comprar o ativo mais rápido. 

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.