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SÃO PAULO – Nos últimos dias, o mercado, sobretudo no âmbito internacional, tem acompanhado aflito o desenrolar de uma história imprevisível no leste europeu. A queda do então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, gerou uma forte instabilidade na península majoritariamente russa da Crimeia, à medida em que a situação causou mal estar no governo de Moscou, com o presidente russo Vladimir Putin organizando ofensivas para intervir no conflito político-social local.
Em um primeiro momento, você até pode pensar que a crise em uma modesta economia que sequer faz parte da União Europeia nada deve afetar em seu bolso e investimentos. No entanto, uma análise mais atenta e cautelosa pode trazer importantes fatores a se levar em consideração. Longe de ser apenas um impasse local ou até uma disputa geopolítica primariamente entre Rússia e Estados Unidos por espaços importantes no atual xadrez do sistema internacional, os atuais conflitos da Crimeia podem ter muito a ensinar ao investidor brasileiro.
Dentre os quadros mais previsíveis para aqueles que se acompanham o mercado, a elevação nos preços de ativos tidos como mais seguros pode tornar-se mais visível na medida em que aumenta a percepção dos investidores de que a situação estaria se agravando. Se tal movimento se confirmar, uma das primeiras consequências a se esperar é uma fuga mais intensa das bolsas e aplicações de maior risco na direção de investimentos como o ouro, conhecido como o “porto seguro” do mercado.
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Esse comportamento pode ser observada com grande clareza durante a queda das torres gêmeas nos EUA, em 11 de setembro de 2001. Mais recentemente, tivemos a oportunidade de observar um efeito mais brando, mas pilares semelhantes com o agravamento da guerra civil na Síria e as ameaças do governo de Barack Obama e intervir no país.
Como consequência do aumento da aversão do mercado a riscos, espera-se que os principais índices das mais diversas bolsas espalhadas pelo mundo sejam afetados, com o desempenho variando de acordo com a exposição do país em questão ao risco da situação e a respectiva percepção do mercado quanto ao evento e o panorama geral da economia e empresas.
Ainda falando da bolsa, um dos indicadores que devem trazer uma visão ainda mais clara do aumento da instabilidade no mercado de capitais é o VIX (Volatility Index), conhecido popularmente como “índice do medo”, que deve registrar alta com a piora do quadro na Crimeia. O índice mede a volatilidade das opções sobre ações do S&P 500 negociadas na bolsa de Chicago, e sinaliza momentos de grande nervosismo do mercado.
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Fique de olho nos preços das commodities
Incerteza é a palavra que mais ilustra o panorama do mercado para o futuro próximo com relação ao desfecho dos conflitos na Ucrânia e seu impacto na economia mundial. Apesar de não ter grande representatividade no quadro geral do mercado europeu, a modesta economia do leste europeu pode trazer fortes impactos nos preços das commodities. Entre elas, o destaque ficaria por conta de milho, trigo e gás, que podem mostrar volatilidade acima da média nos próximos dias.
Agora, caso a Rússia entre com maior intensidade na briga, os efeitos para o mercado global podem ser mais desastrosos, tendo em vista a dimensão da economia russa, sem contar com a influência política do governo de Putin no ambiente geopolítico. Se isso ocorrer, os economistas esperam um crescimento bem menor para a Rússia e seus devidos impactos espalhados pelos mais diversos cantos do mundo, onde um conflito mais enérgico não estava precificado pelos investidores.
“Se você olhar para as estratégias para a maioria das grandes multinacionais, a Rússia é a chave para o mercado da Europa Central e Oriental. Se a Rússia ‘der errado’, haverá efeitos globais”, apontou Richard Martin, diretor administrativo da IMA Asia, à equipe de reportagem da rede americana CNBC.
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Tudo isso pode se agravar ainda mais a depender dos próximos passos a serem tomados pelo governo de Washington. Vale lembrar que na véspera, Obama deixou claro seu apoio à soberania ucraniana sobre seu próprio território ao manifestar repúdio ao referento, taxado por ele como uma “violação às leis internacionais”. Desta forma, é difícil traçar projeções claras em um cenário tão nebuloso, o que faz com que a ordem predominante do mercado seja uma: atenção. Como disse a equipe de economistas da agência de classificação de risco Fitch, “a situação ainda é extremamente imprevisível”.
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