Definida a cessão onerosa, mercado estima tamanho da capitalização da Petrobras

Número será divulgado na sexta-feira; analistas estimam fatia da União em US$ 25 bi, em operação total de US$ 60 bi a US$ 68 bi

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – Na noite de terça-feira (1), a Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou o preço do barril da cessão onerosa, ultrapassando assim a primeira grande barreira que ainda restava em seu processo de capitalização.

Sem saber qual seria o valor médio do barril, não era possível estimar quantas ações a estatal teria que emitir para o governo e para o mercado, e essa apreensão em torno dos valores acabou pressionando os papéis da empresa.

Agora, com o preço médio do barril estabelecido em US$ 8,51 (o que, com cerca de 5 bilhões de barris, significa que a estatal pagará US$ 42,533 bilhões ao governo), as estimativas sobre o tamanho da oferta começam a surgir – entretanto, a dúvida sobre o valor final da capitalização ainda permanece pelo menos até sexta-feira (3), quando a estatal deve protocolar documento na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) detalhando a operação.

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Apostas
Por hora, alguns analistas se arriscam a apontar possíveis valores para a capitalização, apesar de boa parte do mercado não comentar o assunto por estarem envolvidos na oferta.

O único deles a estimar um número cheio é o Citigroup. Em relatório de Pedro Medeiros, o banco revela a expectativa de que a operação fique entre US$ 60 bilhões e US$ 68 bilhões – sem considerar a possível colocação de lotes complementar e adicional.

Os demais analistas optaram por estimar a parcela da União e do mercado na oferta – caso, por exemplo, do Barclays, que estima que o mercado fique com algo entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões. A Link, por sua vez, afirma que uma adesão abaixo desse mesmo intervalo seria um fator desfavorável ao aumento de capital da estatal, “uma vez que não deverá atender a necessidade de recursos necessários para o (seu) plano de investimentos”.

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O papel da União
Já a equipe da Socopa espera que o aumento de capital da União seja de US$ 25 bilhões.

“Com o preço determinado, o valor da cessão onerosa chega a US$ 42,6 bilhões, o que extrapolaria o aumento de capital autorizado pelo estatuto da Petrobras, caso a União decida utilizar integralmente tal valor. Estimamos que a União faça um aumento de capital de US$ 25 bilhões, para não ultrapassar o limite, e utilize os US$ 17,5 bilhões remanescentes numa eventual sobra de ações”, explica a corretora, que vê como “inevitável” que o governo aumente sua fatia na estatal.

Como consequência disso, a equipe da corretora também espera que o preço das ações no bookbuilding “não seja tão baixo quanto suspeitávamos”, já que a União terá cacife para entrar no final da oferta comprando sobras, assim como o Fundo Soberano brasileiro e as estatais.

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Andrés Kikuchi, da Link, avalia que o valor da cessão onerosa (os US$ 42,53 bilhões, ou R$ 74,8 bilhões) está dentro do limite de elevação do capital autorizado da Petrobras em ações ordinárias, de R$ 90 bilhões. “No entanto, é superior à participação da União de 51,3% das ações desta classe no capital social da estatal, o que poderia indicar inicialmente uma redução do volume total no contrato de cessão onerosa ou uma diluição dos demais acionistas”, explica o analista, lembrando que o valor é equivalente a 49,9% do total autorizado de R$ 150 bilhões no aumento de capital.