Novo adiamento da oferta de aquisição das ações da Net eleva risco para o investidor

Mudança das exigências da CVM levou a Embratel a postergar a oferta pública de aquisição de 100% das ações PN da companhia

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Citando mudanças nas exigências da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Embratel (EBTP4) comunicou ao mercado na noite da última terça-feira (28) novo adiamento do leilão para a OPA (Oferta Pública de Aquisição) dos ativos da NET (NETC4). Vale lembrar que, no último dia 19, o leilão já havia sido adiado. 

A América Móvil, grupo controlador da Embratel pertencente ao magnata mexicano Carlos Slim, explicou que a área técnica da CVM estabeleceu que o limite de um terço das ações preferenciais da Net que serão alvo da oferta deve ser calculado com base nas ações preferenciais da empresa em circulação em 4 de setembro de 2000, o que corresponde a 1,2 milhão de ações. Por outro lado, caso haja aceitação por mais de dois terços das ações preferenciais da companhia, a Embratel deverá adquirir a totalidade das ações ofertadas. 

Na prática, ou a Embratel compra pelo menos dois terços do free float da Net ao preço proposto de R$ 23 por ação, ou apenas as 1,2 milhão de ações. “A mudança eleva o risco para os investidores, mas também eleva o retorno esperado, na nossa visão”, apontam Mauricio Fernandes, Lars Konrad e Rodrigo Vilanueva, do Bank of America Merrill Lynch. 

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Risco
O trio de analistas do banco norte-americano aponta que as mudanças elevam o risco a que os investidores que esperam vender suas na oferta estão expostos, uma vez que eles podem tanto vender metade de suas posições ou praticamente nada, dependendo da aceitação da oferta entre os acionistas da empresa.

“Acreditamos que essa mudança, caso seja mantida, reduziu as chances de sucesso da Embratel em obter aprovação de dois terços na operação, em função do aumento das incertezas”, destacam, em relatório, Jacqueline Lison, Luiz Guilherme Fonseca e Mateus Renault, do Banco Fator Corretora. “Adicionalmente, a percepção de risco para investidores que estavam arbritando a operação aumentou consideravelmente”, completam, projetando uma resposta negativa das ações.  

Retorno
Por outro lado, a mudança abre espaço para uma elevação do preço da oferta, o que pode trazer impactos positivos. A equipe do Bank of America Merrill Lynch indica que um preço mais próximo dos R$ 25 permitiria à Embratel atingir níveis de aceitação superiores aos dois terços necessários sem trazer um ônus muito elevado para a empresa. 

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“Mantemos a recomendação de adesão à oferta que, em nosso ver, teria sido bem sucedida (aproximadamente 70% de adesão) se ocorresse hoje. Neste cenário, mesmo que ocorra um aumento de preço, este prêmio seria estendido aos acionistas que participaram da oferta”, indica, por fim, Maria Tereza Azevedo, da Link Investimentos.