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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou na noite da última terça-feira (6) que quer se desfazer de um dos ativos mais emblemáticos da crise que a companhia passou anos atrás. Trata-se da refinaria de Pasadena, que ficou muito conhecida em meio à série de denúncias de corrupção e de no mínimo, “péssimo negócio” que a estatal fez ao adquiri-la anos atrás.
A polêmica sobre a compra de Pasadena pela Petrobras ganhou destaque no começo de 2014. E um dos seus pontos mais emblemáticos foi a chamada cláusula de “put option”, a qual a então presidente Dilma Rousseff alegou não saber que existia, após dizer que aprovou o negócio com base em relatório “falho” e que omitia essa cláusula na época em que era presidente do conselho de administração.
A compra da refinaria de Pasadena por US$ 1,2 bilhão, ganhou destaque, uma vez que o valor ultrapassa vinte vezes mais que o valor justo pela unidade no Texas. Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por metade da refinaria, valor muito superior ao pago em 2005 pela belga Astra Oil pela refinaria inteira, em US$ 42,5 milhões. Em 2008, a Petrobras e a Astra Oil iniciaram uma disputa judicial, fazendo com que a empresa comprasse a fatia que pertencia à companhia belga, o que totalizou um valor bilionário que a estatal brasileira teve que desembolsar.
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Mesmo que se desfaça do ativo, a Petrobras provavelmente não conseguirá livrar da pecha de que fez um mau negócio, conforme destacou a Bloomberg, ao apontar que a estatal não deve recuperar o investimento em Pasadena com a venda.
A agência compara a compra por US$ 1,2 bilhão pela instalação pela Petrobras aos US$ 322 milhões que a PBF Energy pagou em 2015 pela refinaria Chalmette, na Louisiana, EUA, e com os US$ 537,5 milhões pagos pela planta de Torrance, na Califórnia, em 2016.
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“É improvável que a Petrobras recupere o que pagaram por Pasadena”, diz Andy Lipow, presidente da consultoria Lipow Oil Associates em Houston, EUA. “É difícil pensar que receberão mais de US$ 1 bilhão.”
Porém, apesar de ser provável que a refinaria precise de manutenção e atualização, Lipow ressaltou que a capacidade de processamento de petróleo americano leve e de baixo teor de enxofre e sua localização privilegiada no Canal de Navegação de Houston podem atrair o interesse de empresas como PBF, da HollyFrontier, da Delek US Holdings, da Par Pacific Holdings e até da Petróleos Mexicanos.
Em comunicado, a Petrobras destacou que, além da refinaria, a oportunidade inclui todo o sistema de operações de refino de Pasadena. A refinaria tem capacidade de processamento de 110 mil barris de petróleo por dia e capacidade de armazenamento de 5,1 milhões de barris do produto e derivados. Assim, o anúncio se estende ainda ao terminal marítimo, à logística e aos estoques associados, além de um terreno estrategicamente localizado no canal marítimo de acesso à cidade de Houston (Houston Ship Channel), para oportunidades de expansão futura.
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De qualquer forma, mesmo sem conseguir recuperar o prejuízo, a venda da refinaria faz parte de um plano de desinvestimentos que é considerado chave para que a companhia consiga reduzir a sua dívida. E, após acordo com o TCU (Tribunal de Contas da União), a Petrobras deve acelerar a sua política de desinvestimento, o que é um dos catalisadores para a tese de investimentos da estatal.