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SÃO PAULO – O primeiro mês do ano não foi dos melhores para os mercados. Mesmo diante de apostas otimistas para a economia e sob o olhar do investidor estrangeiro, a bolsa brasileira sucumbiu ao fraco desempenho observado ao redor do mundo.
De olho em questões como esta, a gestora de recusos canadense Gluskin Sheff, através de seu economista-chefe David Rosenberg, destaca a disparidade entre o início dos últimos anos. Cada começo de ano vem intercalando percepções positivas e negativas de 2007 para cá. Foi assim em 2008, na iminência do estouro da crise, foi assim em 2009, com o mercados abrindo em patamares historicamente baixos e entre apostas de recuperação.
No entanto, 2010 tem suas particularidades. “Ou o mercado já está precificado para a recuperação, e este balanço recente sinaliza menos certeza em relação à sustentabilidade da expansão, ou o movimento é um ajuste puramente técnico nos preços das ações”, destaca Rosenberg.
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Sinais mais recentes
A julgar por sua percepção sobre a recuperação da economias mais maduras – e a correlação demonstrada em janeiro entre a bolsa brasileira e os mercados externos -, o cenário pode ser preocupante: “Olhe o que aconteceu na última sexta-feira. Mesmo com as boas notícias da economia, Bernanke (confirmação do segundo mandato) e o sinal de mais estímulos, os mercados abriram com um rali associado aos indicadores, mas sem volume, e a seguir caíram substancialmente – e a ponta vendedora com elevado volume. Caso você esteja com visão bullish das ações, isto é má notícia”.
Preocupação à frente
Isto porque os eventos apresentados nos últimos dias foram considerados esclarecedores sobre a atual situação da economia norte-americana. Apesar dos resultados corporativos de maneira geral estarem superando as estimativas – segundo a Gluskin Sheff, de 220 balanços das 500 companhias do índice Standard & Poor`s, 78% bateram as estimativas predominantes de lucro por ação. No entanto, o que incomoda são os guidances.
“O problema são os guidances. O que muitas companhias estão dizendo sobre o futuro”, completa Rosenberg. Para ele, a grande questão diz respeito à capacidade de recuperação. “Poderemos viver uma recuperação sem consumo e sem o setor imobiliário?”
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Nunca visto antes
Apesar do economista salientar que as condições de crédito nos Estados Unidos pioraram recentemente e a FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) continuar assumindo os depósitos de instituições financeiras de menor porte, também é evidente a presença de algumas novidades, fator que reforça as particularidades de 2010.
Na semana passada, a divulgação dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano surpreendeu. Não pelo avanço de 5,7% do indicador no quarto-trimestre (de fato maior que as projeções), mas sim por acompanhar um período de crescimento de 40 pontos-base na taxa de desemprego. “Nunca vimos isso antes”.
Mais defensivo
O movimento do dólar é outra evidência recente incorporada na opinião formada pela equipe da Gluskin Sheff. O fato da moeda norte-americana ter ganhado força frente às principais divisas internacionais nas últimas semanas – trajetória também presente em sua relação com o real -, para Rosenberg, sinaliza que o investidor se moveu em busca de maior segurança e maior liquidez. Dentro deste contexto, a gestora de recursos acredita que “ainda está em tempo para assumir uma postura mais defensiva”.
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