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SÃO PAULO – Com queda de 9% neste ano, as ações ordinárias da Cosan (CSAN3) voltaram a ganhar espaço entre as recomendações dos analistas em julho, já que sempre figuraram nas carteiras de gestores pelos bons resultados e por serem consideradas um “porto seguro” em tempos de crise. Conforme o levantamento feito pelo InfoMoney com 15 carteiras recomendadas, os papéis da empresa apareceram em 7 portfólios – 3 a mais do que junho – e empatando na segunda colocação com a Petrobras (PETR4) entre as empresas mais sugeridas no mês. A escalada do papel tem relação direta com a expectativa de recuperação do preço do açúcar, uma fonte de receita importante para a companhia.
Considerando o fechamento da última quinta-feira (6), a commodity acumula desvalorização de 25% e essa derrocada está relacionada a queda nas vendas de açúcar na Índia – maior consumidor global -, o que deixou o país com estoques suficientes para seguir até a próxima safra e derrubou os preços ao longo de 2017. Acompanhado a derrocada da commodity, as ações da Cosan acumulam desvalorização de 20,5% desde a máxima anual (R$ 42,40) cravada em 15 de fevereiro.
O gráfico abaixo, retirado do terminal Bloomberg, revela como os papéis (linha verde) de fato acompanharam a derrocada do açúcar (linha branca) no primeiro semestre:
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Hora da virada?
Em entrevista ao InfoMoney, o analista da XP Investimentos, Marco Saravalle, afirmou que o açúcar está em um ponto de breakeven, ou seja, em limite de preço que pode ser considerado um “colchão” para a commodity: “quando [o preço do açúcar] chega neste patamar, ele não começa a ser viável globalmente. Talvez o único produtor que tenha alguma rentabilidade neste nível de preço é o Brasil”. Confira aqui a entrevista completa do analista da XP Investimentos Por ter atingindo esse limite de preço, Saravalle acredita que a oferta tende a se equilibrar no médio prazo e a commodity iniciar uma recuperação se adequando ao nível de oferta e demanda do mercado global. A expectativa por uma recuperação também é compartilhada pelos analistas da Guide Investimentos, que possuem Cosan em sua carteira recomendada para julho: “embora observamos as recentes quedas do preço do açúcar, o valor da commodity deve se recuperar ao longo de 2017, uma vez que esse preço não condiz com os fundamentos”. Porém, esse cenário de recuperação não é uma unanimidade. Em uma reunião com uma das tradings mundiais mais importantes de açúcar, Gustavo Allevato, analista do Santander, constatou que haverá um superávit global de açúcar na safra 2017/18 e a commodity pode seguir com o movimento de queda no segundo semestre. “Saímos da reunião com a opinião de que, além do superávit global de açúcar, parte da safra a ser exportada a partir de outubro ainda não está protegida por hedge, e acreditamos que, assim que os preços mostrarem alguma recuperação, as empresas aproveitarão a oportunidade para proteger parte dessa produção e os fundos de hedge aumentaram as posições especulativas vendidas na commodity”, relata Allevato. Segundo o analista do Santander, o principal catalisador para uma recuperação nos preços do açúcar seria a mudança climática em países produtores importantes, como no caso da Índia, mas este não é o cenário base para até o final do ano. Risco x retorno favorável Além disso, existe um outro upside que deve ser considerado quando o assunto é a sucroalcooleira: aumento da alíquota da Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico). Caso o governo eleve o imposto para os combustíveis, o analista da XP Investimento prevê um impacto positivo para as produtoras de etanol do País e as ações da Cosan reagiriam imediatamente. Segundo Saravalle, existe a possibilidade de até ser dobrado o imposto: “nós não recomendamos o papel por conta disso, mas pode ser mais um catalisador positivo para o setor (…) na minha opinião, está cada vez mais próximo ocorrer esse aumento da Cide”.
Apesar deste contraponto citado pelo Santander, a forte queda das ações da Cosan ofereceu uma relação favorável de risco x retorno, um dos motivos que fizeram o papel figurar entre as principais recomendações para julho. “Nos preços atuais, há um ponto interessante de entrada, já que a companhia está sendo negociada a múltiplos bastante descontados em relação ao histórico”, destacam os analistas da Spinelli, que incluíram as ações CSAN3 em seu portfólio.
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