Assistimos a um retrocesso muito grande e corremos risco de voltar a 2015, diz Marcos Lisboa

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o economista manifesta preocupação com o recente encaminhamento da agenda de medidas do governo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – As recentes medidas com impactos econômicos assumidas pelo governo Michel Temer traduzem postura ambígua que têm mais a cara do governo anterior do que o que se viu há um ano, no início da gestão do peemedebista. Essa é a leitura do economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, entrevistado pelo jornal Valor Econômico na edição publicada nesta terça-feira (13). Alguns dos focos das críticas do ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda são o Refis e a convalidação de incentivos fiscais, que, em sua avaliação prejudica a retomada da economia. O especialista não vê recuperação sustentável e defende mudanças tributárias, investimentos em infraestrutura e melhoria do ambiente de negócios.

“A gente tem assistido nas últimas semanas um retrocesso muito grande na agenda econômica, o que é preocupante, tanto nos Estados quanto no governo federal”, afirmou Lisboa. Se, por um lado, houve avanços na PEC do Teto, discussão da Previdência e mudanças nas leis trabalhistas, o economista falou em “fracasso monumental” no tema da renegociação da dívida dos Estados e nos reajustes salariais. Ele vai além: “Imaginar que a retomada da economia virá com medidas de estímulo fiscal, com gastos, ampliando benefícios para setores produtivos, é não entender o que trouxe o Brasil à grave crise dos últimos anos”.

Para Lisboa, que poupa a equipe econômica das críticas há possibilidade para continuidade da política monetária mesmo com a crise política, mas em decorrência de uma atividade econômica mais fraca. “Infelizmente, com a agenda avançando, você tem um espaço muito grande de corte de juros no curto prazo, porque a economia estava em recessão e você conseguia fazer isso sem aumentar a inflação. Caso o agravamento fiscal continue e se retome a agenda de medidas paliativas de estímulo, no entanto, o resultado pode ser ainda pior: podemos terminar retomando a trajetória de 2015”, concluiu o economista.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.