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A decisão da União Europeia, da China, do Chile e da Coréia do Sul (esta voltou atrás posteriormente) de suspender total ou parcialmente a compra de carne e derivados brasileiros, surpreendeu o governo Temer. O Palácio do Planalto esperava que a rápida reação empreendida desde a deflagração pela Polícia Federal da Operação Carne Fraca na sexta-feira e as primeiras explicações dadas aos embaixadores dos principais importadores em Brasil fossem suficientes para acalmar os compradores internacionais. Não bastou. Ficaram as suspeitas de que o problema pode ir além dos já detectados nos 21 frigoríficos investigados até agora pela PF e cujas exportações estão suspensas.
Portanto, o governo brasileiro deverá ir muito além do combate a esse que está chamando de apenas “um problema pontual” e passar uma “lava-jato” em todo o sistema de vigilância sanitária brasileira e também na forma de conduzir a gestão do Ministério da Agricultura, limpando a área da maléfica influência política que por lá impera há anos. Ou seja, trocar a mera gestão política por uma gestão técnica e profissional. No fim de semana, foram demitidos os superintendentes regionais do Paraná e de Goiás, onde o problema aflorou, ambos apadrinhados de partidos aliados, PP e PMDB. Serão os únicos? Todos os indícios são de que não, pelo contrário. Um dos líderes do setor, o senador Ronaldo Caiado, diz que é preciso extirpar essa influência. O “Valor Econômico” diz que o Ministério da Agricultura ignorou alerta do TCU sobre falhas em inspeção.
É preciso cautela também ao discutir o papel da Polícia Federal no episódio. Muitos críticos dão razão ao Palácio do Planalto, acham mesmo que os investigadores criaram um espetáculo desnecessário numa questão tão delicada, sensível, que atinge um setor crucial da economia brasileira e cria temores porque afeta à opinião pública. Que pode, inclusive, ter cometido erros técnicos na avaliação das denúncias. Porém, isto não apaga o fato de que o problema é grave. Ponto. Na sua defesa, a PF agora insinua que o quadro pode ser ainda mais grave, ela guardou revelações ainda sob sigilo. E diz que desde sexta-feira está recebendo denúncias de problemas idênticos em outros pontos.
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É hora de transparência absoluta. O risco é o que o ministro Blairo Maggi definiu como um “desastre”: perder mercados para os concorrentes. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, por exemplo, a Associação de Comércio Exterior do Brasil avalia que para exportar agora o Brasil terá de reduzir o preço da carne em até 20%. E mesmo assim deve haver uma queda no volume vendido.
Destaques dos
jornais do dia
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– “Reforma trabalhista deve ser votada antes da Previdência” (Globo)
– “Seis empreiteiras envolvidas na Lava-Jato demitiram 300 mil pessoas em três anos” (Valor)
– “Maggi e mais oito ministros incluídos na lista de Janot” (Valor)
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– “Paes e Alckmin na lista de Janot” (Globo)
– “Reino Unido ativará ‘brexit’ no dia 20” (Folha)
– “Lei Rouanet terá teto de gastos e limite para ingresso de R$ 150” (Folha)
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LEITURAS SUGERIDAS
1. José Casado – “Depois da carne, os remédios” (diz que em relatórios a Anvisa confessa ser quase nula a sua capacidade de garantir a qualidade, a segurança e a eficácia dos medicamentos consumidos pelos brasileiros) – Globo
2. Miriam Leitão – “Carne fatiada” (diz que um terço da carne brasileira não passa por qualquer tipo de fiscalização e que os crimes foram descobertos em empresas sob a melhor inspeção federal) – Globo
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3. Editorial – “Lava-Jato, três anos” (diz que a despeito dos feitos notáveis da operação há que vigiar abusos dos seus protagonistas e manobras da elite política para escapar de punições) – Folha
4. Hélio Schwartzman – “Entre o espetáculo e a técnica” (diz que PF e Ministério Púbico têm feito um grande bem ao pais, mas precisam tomar cuidado para não colocar o espetáculo à frente da técnica) – Folha
5. Raymundo Costa – “Previdência fica para agosto ou setembro” (diz que governo tem margem para negociar sem desidratar a reforma) – Valor
6. Roberto Duailibi – “O poder da credibilidade” (diz que na hora que se precisa de um veículo forte para falar à população e que tenha credibilidade suficiente é à mídia tradicional que se recorre) – Valor
6. Bernard Appy – “O STF e a base de cálculo do PIS/Cofins´(diz que decisão do STF sobre PIS/Cofins altera modelo consagrado no sistema tributário nacional) – Estado
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