Guerra dos “reis dos bonds”: Gundlach rebate Bill Gross e projeta Treasuries a 6%

Dois dos maiores gestores do mundo discordam sobre o futuro do rendimento dos Títulos do Tesouro dos EUA

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Jeff Gundlach, fundador da gestora DoubleLine Capital e que administra US$ 100 bilhões em investimentos, voltou a comprar briga com um de seus maiores desafetos no mercado: Bill Gross, um dos maiores gestores do mundo. A “guerra” dos dois gira em torno do mercado de títulos, com projeções muito diferentes em cada caso.

Durante uma  teleconferência apresentando sua perspectiva para 2017, Gundlach disse que certos gestores de “segunda linha” estavam se concentrando em 2,6% como um nível importante para o rendimento do título do Tesouro de 10 anos dos Estados Unidos. É exatamente esta a projeção de Bill Gross, que gere as carteiras do fundo Janus Global Unconstrained Bond.

Em uma carta para clientes, Gross disse que esta era sua única previsão para o ano. Para ressaltar sua análise, o gestor disse ainda que o nível de 2,6% dos Treasuries era mais importante do que Dow Jones em 20 mil pontos, o petróleo em US$ 60 ou a paridade do euro-dólar.

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Mas Gundlach vê as coisas de outra forma. Para ele, é “quase certo” que o rendimento dos títulos de 10 anos vai ultrapassar os 3% em 2017. “É um adeus ao bull market, descanse em paz”, brincou. Vale lembrar que o rendimentos dos Treasuries aumentam à medida que os preços dos títulos caem. 

“Isso vai definir o fim do bull market dos a partir de uma perspectiva clássica de gráficos, não será 2,60%”, acrescentou. Isso porque não haveria mais declínios nos yields, segundo ele, após a mínima de 1,39% atingida em 2012. E ele foi ainda mais longe em sua projeção, dizendo que o rendimento dos títulos de Tesouro de 10 anos poderiam chegar a 6% até 2020. Os yields não chegam a valores tão altos desde 2000.

Bill Gross ficou bastante conhecido como rei dos bonds em Wall Street após atingir grande sucesso com suas projeções pela Pimco, empresa que ele fundou e depois deixou em 2014, após 43 anos.

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Após sua mudança para a Janus, Gross perdeu espaço com relatórios considerados “sem brilho” e a mídia americana começou a conceder este novo título de “rei” para Gundlach. Mas o próprio fundo de Gundlach está passando por uma fase bastante difícil. O DoubleLine Total Return Bond Fund apresentou sua maior retirada em um mês em dezembro, de acordo com a Morningstar, com uma saída líquida de US$ 3,5 bilhões. Mas esta não foi a primeira vez que houve uma grande saída do fundo, o que ainda deixa o gestor com brilho no mercado. Pelo menos por enquanto.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.