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SÃO PAULO – O último pregão foi de desespero no mercado acionário brasileiro, com o Ibovespa terminando a sessão com queda de 4,9%, sua maior desvalorização diária desde 2011. No entanto, o dólar não fez o que era esperado e não subiu com a mesma força. Na verdade, a moeda norte-americana teve uma leve alta e hoje já voltou a cair com força. O que ocorre para que o dólar não consiga subir?
A resposta à muitas perguntas deste tipo no mercado normalmente está debaixo do nosso nariz, mas neste caso, ela vem bem de longe mesmo: da Ásia. Segundo o diretor da mesa de operações da Mirae Asset Wealth Management, Pablo Spyer, o real tem tido um desempenho melhor do que outras moedas de países emergentes por causa da entrada de recursos do extremo Oriente para fazer uma operação conhecida como “carry trade”. Basicamente, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplica em outro que possui taxas de juros mais altas, fazendo uma espécie de arbitragem.
Porque essa operação ganhou força nos últimos tempos? A explicação é simples: o Japão anunciou recentemente a sua decisão de reduzir as taxas de juro do país para o terreno negativo, -0,1%. Isso significa que o japonês que quiser poupar dinheiro comprando títulos do seu país vai ter que pagar para manter seu dinheiro parado. Acaba sendo literalmente uma “perda fixa” em vez de uma renda fixa. A razão do banco central do país fazer isso é clara: o governo tenta desesperadamente estimular a economia japonesa, que está há anos em uma espiral deflacionária. Desestimulando os poupadores, o Japão espera aumentar o consumo e o investimento produtivo.
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No entanto, há uma terceira opção para quem quer ganhar dinheiro no país, que é justamente o carry trade. E que país melhora para usar na operação do que o Brasil, com suas taxas de juro de 14,25% ao ano.
“O asiático pega dinheiro emprestado lá no país dele e aplica aqui no Brasil para ganhar o nosso juro”, explica Spyer. E a maneira de investir aqui, obviamente, é comprando reais para depois comprar títulos brasileiros. A demanda por real aumenta e impede que o câmbio fique mais desvalorizado apesar das péssimas notícias no nosso cenário macroeconômica. O diretor da Mirae ainda atenta para o fato de que não é só o Japão que está fazendo mais carry trade, mas também a China, já que estão vindo regras de flexibilização ao envio de remessas ao exterior na segunda maior economia do mundo.
Contudo, Spyer faz questão de deixar claras duas questões: a primeira é que o dólar foi mantido perto dos R$ 4,00 por esse carry trade não hoje, nem ontem, mas ao longo de todo este ano. E a segunda questão é que este não é o único motivo do câmbio não subir. “Uma das principais razões é que ele já estava muito estressado, então está tendo uma correção”, explica.
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Outros analistas veem motivos técnicos para o câmbio não ser depreciado. É o caso de Rafael Figueiredo, que em artigo aqui no InfoMoney explica que uma figura de topo duplo sendo formada no gráfico do dólar pode indicar que a moeda vai buscar o suporte dos R$ 3,74.
Carteira da InfoMoney bateu o Ibovespa em 8 pontos em janeiro: você já baixou a sua?
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