4 gráficos que indicam que um novo crash dos EUA pode estar próximo

Se a liquidez é o oxigênio que movimenta o sistema financeiro, o mercado americano estará hospedado em La Paz até o dia 15 de abril

Eduardo Cavendish

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Bandeira dos EUA (Crédito: Shutterstock)
Bandeira dos EUA (Crédito: Shutterstock)

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Ao final do ano passado, durante o forte movimento de queda dos mercados acionários americanos, uma situação peculiar de liquidez sucedeu. O Tesouro Americano, especialmente por conta do “shutdown” do governo (22/12/18 – 25/01/19), antecipou caixa e em 17/12/2018 atingiu o valor de quase U$414 bilhões disponíveis, tendo o dia 17/12 uma retirada de mais de U$100 bilhões do mercado.

Tal movimento do Tesouro funciona como um dreno de liquidez nas reservas do FED, que por sua vez funcionam como um dreno de liquidez na conta “Excesso de Reservas” que possui a função precípua de prover reservas de capital para os bancos.

Mas somente a retirada de liquidez da conta GTA (“General Treasury Account”) pelo Tesouro Americano não explica todo o dreno de liquidez nos mercados. Adicionalmente o FED vem realizando as operações de QT (“Quantitative Tightening”) em que tem como objetivo a redução dos valores adicionados durante o processo de afrouxamento monetário conhecido como QE (“Quantitative Easing”). Todo mês quase U$40 bilhões são retirados da reserva do FED.

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Abaixo segue circulado em vermelho a redução de liquidez considerando os 2 componentes de liquidez que citei acima:

Não é difícil perceber que o final do ano passado e o mês de Março/19 são dois momentos de rápida retirada monetária.

Abaixo, como informação complementar, seguem as reservas do FED no período:

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Nesse gráfico que tem movimentos mais suaves fica ainda mais claro o dreno na liquidez nos momentos circulados em vermelho.

A baixa liquidez afeta os mercados de diferentes maneiras, mas de forma geral, tende a causar movimentos de “risk off” (redução do risco nas carteiras). Cada mercado reage de uma forma e a transmissão monetária varia.

Analisando especificamente o mercado de ações, há outro ponto em comum entre o final do ano passado e o final de Março que é o período de “blackout” das recompras de ações por um alto percentual das empresas. Abaixo está a distribuição de quando um determinando percentual de empresas estarão em período em que não podem realizar recompra de ações:

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Tal dado importa tendo em vista a importância que a recompra de ações vem apresentando nos fluxos dos mercados acionários. Abaixo retrato dos fluxos do 1S18 de acordo com o BofAML:

Por fim, teremos um movimento adicional de aumento da conta GTA por conta dos pagamentos de IR dos Americanos que se estende até o dia 15 de Abril. Nesse período, as entradas de recursos são maiores que as saídas, motivo pelo qual o Tesouro reduziu consideravelmente o caixa durante o mês de Fevereiro e agora está recompondo de volta aos U$400 bilhões que parecem ser o patamar de segurança atual.

Todos os dados expostos acima são fortes indicativos de risk off. Minha visão de curto prazo para o mercado Americano não é positiva e acredito que movimento semelhante ao final do ano passado deve se repetir.

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Se a liquidez é o oxigênio que movimenta o sistema financeiro, o mercado Americano estará hospedado em La Paz até o dia 15 de Abril.

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Eduardo Cavendish

Administrador formado pelo Insper, apaixonado por geopolítica e sócio na CIGA Invest. Sempre desafiando o senso comum