Um presentão a longo prazo

Como o dia é meu, tomo a liberdade para fazer um pedido de aniversário que vai ser bom para você - mas reservei um presente ao final 

Glenda Ferreira

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Hoje é um dia especial. Ao menos para mim e minha família, porque é o meu aniversário e do meu irmão – e olha que nem somos gêmeos.

Como o dia é meu, tomo a liberdade para fazer um pedido de aniversário que vai ser bom para você – mas reservei um presente ao final também.

Isso porque, atualmente, em todas as conversas, trocas de e-mails e andanças por aí, o que mais vejo são pessoas em busca de um retorno interessante. Até aí tudo bem. Mas (sempre tem um mas) tem que ser logo, tem que ser rápido e tem que ter muita ansiedade.

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E no meio de toda essa inquietação para ganhos rápidos, temos um mundo que não para de girar.

Uma hora é a vez dos bitcoins. Para em logo menos de um ano, se tornarem os novos vilões.

Outro dia é a vez daquela ação da fabricante de armas. Para meses depois, virar um mico em sua mão.

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E apesar desse vaivém todo, insistimos em focar nessa agonia do curto prazo. Em ter que acertar apenas uma tacada. Se deixar passar essa, nunca mais… e por aí vai.

Eu sei que sou jovem e ainda tenho uma bela jornada pela frente. Mas a todo momento me forço a pensar em minha aposentadoria, no futuro e não apenas nos anseios do presente.

Se você parar para pensar comigo, vai perceber que é muito melhor (no sentido de ser mais fácil mesmo para o seu dinheiro e para a sua saúde) pensar no longo, longuíssimo prazo.

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Você está feliz neste mundo moderno? Em ter de acompanhar as mudanças a todo o momento? A cada hora falam que foi descoberto o investimento da vez…

Ou agora tudo mudou porque chegou a crise nos Estados Unidos. Ah não, o problema todo é culpa da China…

Como que você, investidor, deve estar preparado para daqui 10 anos com a loucura diária em que vivemos? Deve mudar as suas posições de investimentos a cada dois dias? Viver a beira de um infarto a cada semana?

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Investir não é para viver na ansiedade diária, é para curtir também.

Se você não vive disso, se o seu ganha-pão não é o mercado financeiro, não tem porquê respirar isso todos os dias e ficar apenas focado em tiros curtos. Foque na maratona e no prazo maior.

Vamos ser conservadores e utilizar os títulos públicos como base.

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Quanto maior o vencimento, maior costuma ser a sua oscilação. Ou seja, mais sobe e desce você observará em suas cotações, já que todos estão apostando em possíveis valores para a taxa de juros daqui a vários anos (que ninguém nem sabe ao certo o que acontecerá). Com isso, seu título fica um pouco mais sensível.

Mas e daí?

Se você comparar dois papeis, poderá notar que os mais longos têm alterações mais intensas em seus preços, mas, por outro lado, são beneficiados nas taxas – e você ganha um prêmio por isso.

Uma recompensa só por não pensar na loucura do agora. Em olhar o seu rendimento diariamente.

Portanto, se você quiser, pode não se preocupar com esse balanço e apenas focar que você conseguirá bastante lá na frente.

É simples: só exige paciência em aplicar o seu dinheiro e deixar a mágica dos juros compostos acontecer.

Para os títulos públicos, eu acredito estoicamente em venda antecipada ao vencimento para um retorno interessante. Mas para uma pequena parcela de tudo que você tem, que tal colocar seu dinheiro lá e esquecer?

Por isso, como o meu presente neste aniversário para você, desejo que pense mais no seu futuro – por mais incerto que seja – e que compre um ‘tiquinho’ de Tesouro IPCA+ com o vencimento mais longo que encontrar.

E para refletir: se a gente falasse menos, talvez compreendêssemos mais.