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Arrisco dizer que o programa Escola sem Partido, caso seja efetivado, terá uma importância maior que o impeachment da presidente Dilma no longo prazo para a nação. A razão é que um dos grandes problemas do nosso sistema educacional é a doutrinação ideológica. Basicamente, a doutrinação ideológica hoje se caracteriza pela interpretação dos fatos históricos e da realidade exclusivamente por pensamentos de esquerda (Marx, Foucault, Marcuse, Gramsci, etc…). Ou, não saímos do colégio acreditando que ser de esquerda é ser a favor da “justiça social”, enquanto ser de direita é ser um defensor do lucro egoísta; que os EUA são os maiores culpados por todos os problemas do mundo; que Cuba é um paraíso da saúde e educação; que o bandido na verdade é uma grande vítima da sociedade capitalista opressora e desigual, e agora, por vir, que a ex-presidente Dilma sofreu um golpe? Exemplos não faltam.
O problema é que enquanto nossos alunos saem repetindo todos os clichês esquerdistas possíveis, nosso sistema educacional é um dos piores do mundo, sempre nas últimas colocações nos rankings internacionais. Pior do que isso: esses estudantes acreditam piamente que eles têm o conhecimento necessário para acabar com todos os problemas do mundo e construir uma sociedade ideal. Claro, foram instigados a acreditar que são seres “iluminados”, capazes de guiar a sociedade num processo revolucionário. Não é à toa que alguns, geralmente os mais frustrados, se tornam Black blocs; hoje, aos gritos de “Fora Temer”.
Mas pior que o vandalismo dos jovens Black blocs, é o vandalismo intelectual presente nas universidades brasileiras. Aquele mesmo adolescente que já saiu contaminado do colégio com uma visão unilateral do mundo, sem capacidade de levantar várias hipóteses para tentar explicar a realidade, consolida seu processo de doutrinação ideológica nas universidades, principalmente nos cursos de humanas (Economia, Psicologia, Jornalismo, História, Direito, Letras). Era de se esperar que pelo menos nas universidades, ao contrário do colégio, o jovem entrasse em contato com várias visões diferentes sobre um determinado tema. De fato, o professor às vezes, até passa “outras visões”, mas sempre dentro da mesma linha de pensamento, sem a ocorrência de essência do conteúdo; apenas da forma.
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Pronto, e assim o ciclo está completo: aquele mesmo jovem, vítima de doutrinação ideológica no Ensino Básico/Médio, sairá das universidades e irá direto para as salas de aula, redações de jornais, clínicas de psicologia, tribunais de justiça para passar suas crenças e valores que se baseiam na mesma ideologia aprendida nos colégios e nas universidades.
Uma questão importante é que não necessariamente o jovem escolheu fazer uma faculdade de História para se tornar um professor militante infiltrado nas salas de aula a serviço de um comando central. Não, nem é necessário. O jovem, sem perceber, se torna automaticamente um militante de causas de esquerda porque foi doutrinado a ser assim desde sua infância e adolescência. É o rebelde de manada.
Já outros estudantes optam por carreiras nas áreas de exatas e biológicas onde naturalmente o contato com política, economia, história, psicologia, linguística, estratégias de comunicação é menor. Nesse caso, não sofrerão a mesma doutrinação ideológica universitária presentes nas áreas de humanas. Mas, por outro lado, nunca mais entrarão em contato com essas áreas do conhecimento (exceto aqueles que buscam sozinhos estudar esses temas por interesses próprios), e sairão das universidades com os mesmos conhecimentos sobre política, história e geopolítica adquiridos nos colégios e nos cursinhos, ou seja, quase nenhum.
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Para exemplificar a cracolândia intelectual que se tornou o Brasil, basta verificar quantas vezes você já não ouviu dizer que o fascismo é de direita, mesmo que 80% das empresas estavam sobre forte regulação estatal, sendo uma mera extensão do Estado, e que todas as liberdades individuais foram suprimidas (ver Why Nazism was Socialism and Why Socialism is Totalitarian). Pergunto: O que isso tem a ver com a direita de Margaret Thatcher ou de Ronald Reagan? O que isso tem a ver com o conservadorismo de Eric Voegelin e de Roger Scruton? A visão deste estudante é que o fascismo é de direita porque ele estudou desta maneira no colégio e é incapaz de perceber a contradição entre o fascismo e as ideias conservadoras ou liberais (veja aqui meu artigo para InfoMoney – O Fascismo não é de Direita).
Calma, nem tudo está perdido. É claro que existem estudantes, em número cada vez mais crescente, que mesmo sofrendo toda a pressão ideológica possível tiveram a curiosidade de estudar outras correntes de pensamento. Provavelmente se você chegou até aqui neste texto, você faz parte deles. Aliás, daria um bom estudo científico responder a seguinte pergunta de pesquisa: Por que, apesar de toda a doutrinação ideológica presente nas escolas, alguns estudantes resolvem buscar estudar sozinhos outras correntes de pensamento? Da onde vem essa motivação?
E são justamente esses estudantes que defendem o Escola o Sem Partido para que os professores mostrem outras linhas de pensamento e os alunos possam enriquecer suas formações intelectuais entrando em contato com outras literaturas e correntes de pensamento, geralmente contrárias ao mainstream universitário atual.
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A forte reação contrária ao projeto nas escolas e nas universidades só reforça a tese de que a doutrinação ideológica esquerdista existe. O projeto incomoda tanto que até os “filósofos pop”, os “neutros” (nem de esquerda e nem de direita, mas a favor de uma palestra bem cara para o RH da empresa) saíram do armário para dizer que o projeto era uma bobagem, que faz parte o professor passar sua opinião numa sala de aula e que no fundo só querem substituir uma doutrinação ideológica por outra, “ de direita, conservadora, retrógrada”.
Aliás, essa ideia de que o projeto só quer substituir uma ideologia por outra é uma grande mentira, construída engenhosamente para tentar aniquilar o projeto manipulando os inocentes úteis. Para provar que não passa de uma mentira, basta ler o que diz o item 4 do projeto: “Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade – as, principais versões, teorias, opiniões e perspectivas correntes a respeito.
Em suma, não se trata, por exemplo, de proibir Marx nas salas de aula, mas mostrar também os pensamentos de Mises, Hayek, Friedman entre tantos outros. Mostrar que além da visão glamourosa da Revolução Francesa existe também uma visão crítica ao processo revolucionário, (Edmund Burke).
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Enganam- se aqueles que acham que a doutrinação nas Escolas é um fenômeno tipicamente brasileiro. Para se ter uma ideia, o livro “The Silencing: How the Left is Killing Free Speech” traz relatos verídicos onde estudantes contrários às ideologias da esquerda progressistas (ideologia de gênero, feminismo, criminalização da polícia, etc…) são perseguidos nas universidades americanas (New York University, por exemplo) e têm suas reputações esfaceladas por meio do tripé deslegitimação, desumanização e demonização. Chega-se ao ponto de existir “free speech zone” para que os estudantes possam expressar suas opiniões livremente, longe da “Polícia das Ideias” presente campus universitários americanos. Ué, mas como isso é possível, já que aprendemos que justamente os EUA são o símbolo do capitalismo e dos valores da civilização Ocidental? Pois é ,a importância do Escola sem Partido não se dá apenas por uma questão ética, mas para que começamos a entender o mundo em que vivemos. Pergunto: Onde fica a liberdade de pensamento?
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