Como sobreviver a um Drawdown

Ser capaz de lidar com ele e compreender este momento estão entre as habilidades mais importantes na vida de um trader.

Álvaro Velloso

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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O temido drawdown é uma realidade na vida de qualquer investidor (trader). E interpretações equivocadas podem levar a decisões erradas e resultar não só em grandes perdas, mas também no fim precoce de uma promissora carreira de trader.

 Métricas convencionais de análise de risco, tais como os índices Sharpe e Sortino, por exemplo, podem ajudar a entender o desempenho da sua estratégia. No entanto, elas não são suficientes para interpretar corretamente seus drawdowns e você precisará de conceitos adicionais para administrar a situação de maneira eficiente, mesmo que você esteja operando com robôs de investimento (estratégias automatizadas) devidamente testados.

 Um bom ponto de partida é a chamada métrica “topo-fundo” (ou drawdown relativo), onde o trader analisa diversos períodos de drawdown e identifica a queda máxima em relação a um topo anterior. Em vez de se concentrar no maior drawdown absoluto (perda máxima em relação ao capital inicial investido) você também deve verificar os seus topos-fundos anuais, semestrais e trimestrais, para ter uma ideia do que esperar em períodos curtos e longos. O objetivo aqui é conhecer o seu desempenho, de modo que, na próxima vez em que você “tomar” um drawdown, você estará melhor preparado e saberá aproximadamente o que esperar e o que é “normal” nas suas operações.

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 Tempo, Tempo, Tempo, Tempo

 O tempo também é uma variável muito importante. Traders podem sofrer mais pelo tempo de duração do drawdown do que pela efetiva perda financeira ocasionada por ele.

 Os ativos financeiros passam por ciclos semelhantes repetidas vezes e, assim, as suas operações terão, naturalmente, períodos favoráveis e outros mais turbulentos. É importante, então, você calcular o tempo médio dos seus drawdowns.

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 Neste contexto, é útil saber em que condições de mercado o seu “setup” (estratégia ou conjunto dos parâmetros que você utiliza para operar) funciona melhor. Assim, acompanhando o comportamento do mercado, você administrará melhor o seu drawdown. Todas as estratégias passam por esses ciclos e você só tem que atravessar os momentos mais duros para chegar ao próximo ciclo de mercado que lhe será favorável.

 Além disso, o trader que sabe quanto tempo seus drawdowns duram, em média, facilmente perceberá quando os ventos começarem a soprar a seu favor e, desta forma, poderá ajustar o seu risco de forma adequada.

 Finalmente, o trader que conhece não só a duração, mas também os valores médios dos seus drawdowns, pode ajustar a sua posição de uma forma que lhe permita minimizar os efeitos do drawdown. Assim, é especialmente importante saber a média e o número máximo de perdas consecutivas que sua estratégia produz.

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 Embora muitos recomendem manter o risco constante durante os drawdowns e outros até recomendem aumentar o volume aplicado – pois isso, teoricamente, permitiria você se recuperar do drawdown mais rapidamente – isso é o que não deve ser feito, na maioria das vezes.

 Gerencie seus drawdowns como um trader profissional

 O principal problema que um trader enfrenta durante um drawdown não é necessariamente a perda do capital monetário, mas a perda do capital emocional. Um drawdown pode afetar seriamente o equilíbrio psicológico de um trader – e quando a frustração, a falta de motivação e o desespero tomam conta, muitos traders normalmente esquecem suas métricas e abandonam a disciplina, o que acaba conduzindo, invariavelmente, a drawdowns ainda mais profundos.

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 Durante um drawdown, um trader com problemas emocionais fará pouco uso das métricas mencionadas anteriormente, já que sua maior preocupação será recuperar o capital anterior. Saber que o drawdown terá um fim é bom, mas sem capital emocional, ficará difícil seguir um raciocínio lógico.

 Resumindo:

 • Comece a coletar suas estatísticas de drawdown e mantenha registros precisos;

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• Faça estatísticas por períodos anuais, semestrais, trimestrais e mensais para ter uma ideia do que é “normal” e esperado nestes diversos prazos;

• As métricas topo-fundo e duração média dos drawdowns são mais importantes do que índices convencionais, como Sortino e Sharpe;

• Comece a monitorar as condições de mercado e procure identificar em que condições você tem um melhor desempenho e quando é mais provável que os drawdowns ocorram;

• Certifique-se de que os seus drawdowns são causados realmente por condições de mercado e não pelo seu eventual mau comportamento como trader;

• Revise suas operações toda semana, para entender o desempenho da sua estratégia e o seu comportamento emocional;

• Reduza seu risco durante um drawdown, concentre-se na proteção do capital como sua maior prioridade e não tente forçar um fim rápido para seu drawdown;

• Assim que você perceber uma perda no seu capital emocional, tire uns dias de folga e recupere o foco. (compilação Optimus Futures)

 

E lembre-se sempre que há risco substancial na negociação em renda variável. O desempenho do passado não é garantia do mesmo resultado no futuro. O bom é que isso também vale para o mau desempenho!