Sem risco de bolhas

Um levantamento divulgado pela revista Economist mostrou que o Brasil teve a segunda maior valorização do mercado imobiliário entre 23 países, o que fez muita gente acreditar que uma bolha poderia estourar nos próximos meses. No texto a seguir enumero as razões pelas quais não há razão para este temor

Marcelo Tapai

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Há alguns meses tenho visto comentários sobre uma suposta bolha imobiliária que explodiria aqui no Brasil, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos. Apesar de muita especulação, o fato é que, de concreto, não há nada que possa indicar um cenário semelhante ao americano. 

Esta semana o assunto novamente ganhou destaque, por conta de um estudo que coloca o Brasil como o segundo mercado onde os imóveis mais de valorizaram entre 23 países, e teve quem afirmasse que uma bolha imobiliária estouraria no Brasil ainda no primeiro semestre de 2014.

Diferente dos Estados Unidos, o Brasil ainda tem um deficit habitacional muito grande. Além disso, aqui também não se hipotecam 100% do valor dos imóveis, tampouco vários imóveis para um mesmo “comprador”. As regras são diferentes e trazem maior solidez ao mercado.

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Para comprar um imóvel, o interessado precisa desembolsar entre 20% a 30% do valor do bem e somente pode financiar o restante desde que demonstre ao agente financeiro que reúne condições de arcar com as parcelas.

A taxa de juros é bem maior que zero, o que desestimula curiosos a comprar para revender, pois o custo do dinheiro é alto e a negociata não compensa. Em outras palavras, não é possível que alguém, sem nenhum lastro, hipoteque um imóvel sem pagar quase nenhum encargo financeiro e espere que esse imóvel se valorize para repassá-lo a terceiros.

O mercado não está estagnado e lançamentos continuam crescentes em toda cidade e as vendas seguem acontecendo. Evidente que não se vê uma aceleração igual a que ocorreu durante o boom imobiliário, pois o mercado se ajustou.

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Mas também não se verificam quedas, nem de preços, nem de ofertas, e as vendas continuam estáveis. O mercado talvez não seja mais tão promissor para especuladores, pois os preços tendem a se estabilizar e ninguém mais fará fortuna fácil comprando no lançamento e revendendo com altíssimo lucro poucos meses depois.

Haverá, sem dúvida, um ajuste de mercado, o que já está ocorrendo, mas queda generalizada de preços, estagnação de vendas e quebradeira geral, é um fenômeno que não dá mostras de ocorrer no Brasil.

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Marcelo Tapai

Marcelo Tapai é advogado especialista em direito imobiliário, vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/SP, diretor do Brasilcon e sócio do escritório Tapai Advogados.