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Apesar do recuo da Selic no Brasil para o patamar de 12,25% ao ano, a BlackRock, uma das maiores gestora de recursos do mundo, disse que vê as taxas atrativas no país e alerta para uma das últimas janelas no curto prazo para aproveitá-las, já que a perspectiva é de queda nos próximos meses com a manutenção do ciclo de cortes pelo Banco Central.
A avaliação foi feita por Axel Christensen, estrategista-chefe de investimentos da BlackRock para a América Latina, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (5).
Na ocasião, o executivo destacou também que está “ligeiramente mais confortável” com a alocação em dívida no Brasil na comparação com ações, enquanto as taxas estão elevadas e a atividade econômica está um pouco mais fraca.
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Christensen, porém, avaliou que isso poderá mudar ao olhar para um horizonte mais longo, à medida em que os juros recuarem e a economia voltar a ganhar tração.
Atualmente, a BlackRock está com uma perspectiva neutra para mercados emergentes. Uma das explicações, diz o executivo, é que a China possui um peso forte na alocação e a casa está mais cautelosa com o País.
Segundo a gestora, desafios estruturais, como o envelhecimento da população e os riscos geopolíticos, representam fonte de preocupação para a casa ao seguirem no radar, ainda que os “modestos” estímulos governamentais possam ajudar a estabilizar a atividade econômica chinesa.
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Dentro de mercados emergentes, o executivo afirmou que a casa está com uma visão mais positiva para Índia e México. No primeiro caso, Christensen disse que o país poderia se beneficiar dos investimentos em tecnologia, com destaque para inteligência artificial, que é um dos temas que a casa vê mais potencial, com alocação acima da média de mercado (overweight).
Já no caso do México, o executivo disse que o fenômeno do nearshoring, que envolve a terceirização de serviços em países estrangeiros próximos geograficamente, poderia atrair mais investimentos para o País.
Visão menos otimista com Estados Unidos, China e Europa
Por outro lado, a casa está com uma perspectiva menos otimista para alocações em Estados Unidos, China e Europa.
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No caso dos EUA, a BlackRock destacou que está com uma alocação abaixo da média de mercado (underweight) em ações americanas e que a esperança de cortes de juros e de um pouso suave levaram a ralis, mas que a casa vê riscos de que tais cenários não se materializem.
Já ao comentar sobre Europa, a gestora defendeu que também está com uma visão abaixo da média de mercado, porque a política monetária mais agressiva adotada pelo Banco Central Europeu (BCE) deve levar a uma desaceleração da economia, o que poderia trazer impacto para o mercado acionário europeu.
“Valuations estão atrativos, mas não vemos um catalisador para melhorar o sentimento”, avalia a casa.
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Enquanto as perspectivas estão menos otimistas em boa parcela do mundo, a BlackRock manteve a recomendação acima da média de mercado para o Japão, única região a receber esse tipo de classificação.
No documento, a gestora disse que as recompras de ações e as reformas com foco mais corporativo têm sido positivas no País.
“Vemos um crescimento mais forte ajudando as expectativas de lucro a ficar acima do esperado”, destacou a gestora.
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Mudanças na alocação em renda fixa global
A entrada de 2024 também será marcada por um otimismo maior com a alocação em títulos de curto prazo do governo americano (Treasuries), em que a casa está com uma visão overweight. Para a BlackRock, as taxas no País devem se manter mais altas por mais tempo, o que tenderia a favorecer a alocação.
Por outro lado, a casa realizou algumas mudanças marginais na parte de renda fixa global. No relatório, a BlackRock reduziu a alocação em títulos atrelados à inflação dos Estados Unidos, de acima da média de mercado para neutro.
Segundo a gestora, a inflação deve subir no médio prazo, mas o arrefecimento da escalada de preços e do crescimento devem impactar mais no curto prazo.
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Da mesma forma, houve um rebaixamento da posição em títulos do governo de países europeus e do governo britânico (gilts), de overweight para neutro.
Na avaliação da casa, os preços de mercado europeu estão em linha com as expectativas da gestora e há risco de abertura dos spreads.
Já sobre o Reino Unido, a gestora avalia que os rendimentos dos gilts ficaram comprimidos na comparação com os juros oferecidos nos Estados Unidos e que as expectativas de mercado sobre a trajetória da política monetária estão em linha com as da casa.
Mudanças também na alocação em títulos globais com grau de investimento, em que a alocação passou de overweight para neutra.
“Spreads mais apertados não compensam a expectativa de impacto que deve ocorrer nos balanços corporativos devido à alta das taxas. Preferimos [títulos com grau de investimento] da Europa aos EUA”, concluiu a gestora.