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SÃO PAULO (Reuters) – Exportadores de grãos que veem algum risco de atraso para seus embarques antes previstos para os portos do Norte do Brasil estão desviando algumas cargas para terminais ao Sul/Sudeste, especialmente para Santos, principal canal de escoamento de soja e milho do país, disse o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, à Reuters.
Segundo ele, não se trata de um movimento amplo. O dirigente da Anec, que representa gigantes do setor como ADM, Bunge, Cargill, Cofco, entre outras, não citou quais empresas estariam desviando cargas do Norte para o porto do Sudeste. Os volumes envolvidos também não foram estimados.
Mendes disse ainda que a seca nos rios amazônicos, que tem limitado os volumes transportados em barcaças até os portos de exportação do Arco Norte, não impactará as exportações brasileiras este ano, já que há alternativas como o porto de Santos, onde cerca de 70% da carga de grãos chega por ferrovia.
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“Aqueles recordes de exportação no ano permanecem, isso é uma mera troca (de porto). A companhia vê que ela poderia correr um risco transportando pelo Norte, ela pega e desvia o navio para Santos, parece que é mais Santos que está acontecendo”, disse Mendes, por telefone.
“Não é uma coisa que o setor inteiro (esteja) desviando. Aqueles que acham que estão em algum local que pode ter sido afetado, e que possa correr algum risco, eles desviam”, acrescentou.
Os comentários foram feitos após a Reuters questionar a Anec sobre uma redução na expectativa de exportação de soja e milho do Brasil em outubro. Na véspera, a associação reduziu em cerca de 900 mil toneladas a previsão de embarques dos dois grãos para o mês, em relação à projeção da semana anterior.
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Neste momento do ano, o Brasil exporta maiores volumes de milho, enquanto grande parte da soja já foi escoada.
“É coisa pequena (o que está sendo desviado). E que não vai afetar os nossos volumes anuais previstos”, disse ele, lembrando que os ajustes semanais nas previsões da Anec sobre exportações são “normais”, e muitas vezes estão relacionados a chuvas que interrompem os embarques.
Recentemente, choveu bastante no Sul e Sudeste do Brasil.
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“Agora está havendo mudança por precaução, negócio é negócio, naquilo que está dando para alterar. E normalmente é Santos… se analisar o milho, ao longo dos anos, Santos é o maior exportador… o pessoal da ferrovia dá segurança”, destacou.
Procurada, a Rumo (RAIL3), que opera a ferrovia que dá acesso a Santos, disse que não faz avaliações pontuais do mercado, apresentando dados apenas nas divulgações de resultados trimestrais.
ARCO NORTE E CHINA
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Os portos do Arco Norte, que têm sofrido com a seca e baixa navegabilidade dos seus principais rios neste ano, vêm ganhando fatia nos embarques nos últimos anos, sendo vitais para que as exportações brasileiras ampliem sua competitividade no cenário mundial.
De janeiro a agosto, 44% das exportações de milho do Brasil saíram por Barcarena (PA), Itaqui (MA), Itacoatiara (AM) ou Santarém (PA), de acordo com dados da estatal Conab.
No período, o Porto de Santos concentrou 31% dos embarques do milho do Brasil, que este ano deve ultrapassar os Estados Unidos como o maior fornecedor global a despeito de a produção brasileira ser cerca de um terço da norte-americana, com impulso da demanda da China.
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Das 34 milhões de toneladas de milho que o Brasil exportou de janeiro a setembro, volume de 7,9 milhões de toneladas teve como destino a China, que no primeiro ano após um acordo entre os dois países em 2022 já é o maior cliente do cereal brasileiro.
Mendes disse que a Anec mantém as projeções de exportações recordes do Brasil em 2023, em 99 milhões de toneladas para a soja, e entre 52 milhões e 53 milhões para o milho.
Mas disse que os traders consideram que o Brasil pode exportar volumes ainda maiores de milho em 2023.
“Se me perguntar quanto acho hoje, o número é 56 (milhões de toneladas para o milho)”, disse, lembrando que agentes do mercado já falam também em 100 milhões de toneladas de exportação da soja neste ano.
Tais volumes representam um salto em relação a 2022, quando o Brasil exportou 77,8 milhões de toneladas de soja, após uma seca reduzir a produção no Sul, e 44,7 milhões de toneladas de milho, segundo a Anec.