Fator Treasuries pesa e gestores reduzem estimativa de avanço do Ibovespa em 2023

Expectativa de dólar forte e de problemas com crescimento chinês também foram apontados como riscos para mercados, segundo levantamento do BofA

Bruna Furlani

(Gettty Images)
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A alta dos juros de longo prazo dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (os Treasuries), considerados referência para os demais ativos ao redor do mundo, teve reflexos no Brasil e levou gestores a reduzirem a expectativa de alta do Ibovespa neste ano.

Levantamento feito pelo Bank of America (BofA) com 34 gestoras latino-americanas divulgado, nesta quarta-feira (18) aponta que o principal índice da Bolsa brasileira deverá terminar o ano entre 120 mil e 130 mil pontos, um pouco abaixo da expectativa de setembro, que estava entre 130 mil e 140 mil pontos.

Além do avanço das taxas dos longos dos Treasuries, a expectativa de um dólar forte e de problemas envolvendo o crescimento chinês e a demanda por commodities foram apontados como riscos para os mercados latino-americanos.

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Em meio a um cenário de maior aversão a risco, os níveis de caixa dos fundos seguiram elevados, chegando a 8% em outubro, contra 7,5% em setembro. Ambos os percentuais estão bem acima do patamar histórico de 5,1%.

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Gestores também têm sido mais cautelosos e mantido a preferência por ações de alta qualidade e de valor, com destaque para os setores de energia, financeiro e de concessões públicas. Por outro lado, posições mais ligadas a consumo discricionário têm ficado abaixo da média de mercado (underweight).

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Volta para Bolsa e projeções

Na visão de 41% dos executivos, o principal gatilho que irá impulsionar a volta para a Bolsa em 2024 será o recuo da Selic para níveis perto de 10%. Para os gestores, a taxa básica de juros deve terminar o ciclo de afrouxamento monetário entre 8,75% e 9,50% ou entre 9,75% e 10,50%.

Na pesquisa divulgada hoje, caiu o percentual de gestoras que acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) irá encerrar este ano abaixo de 2%. Desta vez, 62% enxergam esse cenário, contra 81% no levantamento de setembro. Já para o ano que vem, a maior fatia aponta para a estimativa de alta do indicador entre 1% e 2%.

As projeções das gestoras têm se mostrado mais conservadoras do que as do próprio BofA, cuja expectativa de alta para o PIB está em 3% neste ano e em 2,2% para 2024. Também superam as estimativas presentes no Relatório Focus, do Banco Central.

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Segundo o documento divulgado pela autoridade monetária na última segunda-feira (16), o mercado espera que o PIB encerre este ano em 2,92%, previsão que tem se mantido ao longo de três semanas. Já a estimativa para 2024 está em 1,50% há quatro semanas.

Com relação ao dólar, maior parte dos gestores estima que a moeda americana alcançará a faixa entre R$ 4,81 e R$ 5,10 até o fim do próximo ano, sem alterações em relação ao levantamento de setembro.