Santander (SANB11), Itaú (ITUB4), BB (BBAS3) e Bradesco (BBDC4): como os “bancões” devem se sair na temporada do 3º tri?

Analistas esperam início de melhora em linhas individuais e apontam que Itaú e BB devem seguir como destaques no período

Mitchel Diniz Lara Rizério

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A temporada de resultados para os grandes bancos começa na próxima quarta-feira (25) com a divulgação dos números do Santander Brasil (SANB11) antes da abertura dos mercados.

Ela deve ser marcada por crescimento na concessão de empréstimos e na carteira de crédito das instituições financeiras, depois de um primeiro semestre enxuto. “A qualidade do crédito começará a melhorar em linhas individuais, apesar da persistência deterioração nas empresas”, preveem os analistas do Itaú BBA.

O Goldman Sachs também vê tendências positivas para os bancos brasileiros no terceiro trimestre, ainda que a diferença de rentabilidade entre as instituições permaneça no período. Nesse sentido, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (ITUB4) estão mais bem posicionados para expandir suas carteiras de crédito. O primeiro, tem maior exposição ao cliente de alta renda. O segundo, ao crédito rural. Ambos, na avaliação do Goldman, têm uma melhor qualidade de ativos.

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Porém, o banco acredita que os investidores vão direcionar a atenção a vetores de crescimento de receita em vez de preocupação com qualidade de ativos. Isso ocorre porque o custo de risco a inadimplência parecem ter alcançado o pico. O Goldman Sachs espera retorno sobre capital (ROE) acima de 21% para Banco do Brasil e Itaú e abaixo de 12% para Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil.

Para o Bradesco BBI, por sua vez,  o foco principal será confirmar se a qualidade dos ativos se estabilizou, assim como monitorar o desempenho dos indicadores iniciais de inadimplência (NPL). “Na nossa opinião, os bancos deverão ter um trimestre sólido, com expansão do rendimento líquido de juros (NII)  sequencialmente, com despesas de provisões globalmente estáveis, uma vez que os NPLs deverão permanecer sob controle. Além disso, as taxas de serviços deverão apresentar uma ligeira expansão, devido a melhores atividades nos mercados de capitais, maiores atividades de cartões e melhores receitas de seguros. Por fim, esperamos aumento nas despesas operacionais, refletindo reajustes salariais”, avalia.

Confira o que esperar para cada banco:

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Santander (SANB11): resultado em 25 de outubro, antes da abertura

Depois de sucessivos trimestres de pressão sobre lucro e rentabilidade, o Santander Brasil tem a chance de apresentar melhoras mais consistentes, ainda que de forma gradual, desses indicadores. Essa é a avaliação da Genial Investimentos sobre os resultados do banco no terceiro trimestre de 2023.

Os analistas da casam projetam crescimento de lucro, em bases trimestrais, da ordem de 25%. “Estimamos um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões, uma melhora de 25,4% na comparação trimestral, mas ainda não sendo suficiente para gerar um crescimento anual, com queda de 7,3% nessa base de comparação”, escreveu a equipe de análise do setor financeiro.

O resultado deve ser impulsionado por uma melhor margem com o mercado, despesas em níveis mais controlados, mas, principalmente por uma redução nas provisões para perdas de crédito (PDD) – reflexo da melhor performance das novas safras de empréstimos.

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Ainda que preveja uma melhora no retorno sobre capital (ROE), dos 10,9% do segundo trimestre para 13,5% no terceiro, a Genial observa que o indicador segue bem abaixo de outros pares, como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), que possuem retorno na casa de 20%. O ROE do Santander também seguiria abaixo dos 15,2% reportado um ano antes.

Para a carteira de crédito, os analistas esperam crescimento trimestral de 2,1% e anual de 5,3%, “ainda em um ritmo tímido, devido a maior seletividade e pelo cenário macroeconômico ainda conturbado, refletindo em um elevado nível de endividamento e comprometimento de renda das famílias”.

O leve crescimento, por sua vez,  deve refletir  uma expansão mais forte de empréstimos consignados, crédito rural, imobiliário, pequenas e médias empresas e a retomada de testes da carteira de cartões.

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“Ademais, as novas safras estão performando melhor em inadimplência que as safras antigas, o que, em nossa visão, pode elevar o apetite de risco da companhia mais à frente”, diz a análise da Genial.

Em relação a receitas com juros, a margem com clientes ainda tende a sofrer com a pressão de volumes fracos e custos de funding elevados, com a Selic ainda alta. A margem com o mercado, por sua vez, não deve ter melhora significativa como no trimestre passado. Assim, a Genial prevê um leve aumento de 1,3% nas receitas consolidadas, em termos trimestrais, e de 9,2%, em bases anuais.

Para a PDD, a Genial prevê uma queda de 2% em relação ao segundo trimestre de 5,6% ante o mesmo período do ano passado – a primeira desse ciclo de crédito. A linha do balanço deve ser impactada positivamente pela recuperação de crédito, por meio do programa Desenrola, além de uma melhor performance das novas safras de empréstimos, o que reduz a necessidade de provisões.

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“Pela performance das novas safras, esperamos que a inadimplência comece a entrar em patamares de estabilidade para o trimestre, com uma inadimplência acima de 90 dias de 3,3%.”

O Itáu BBA prevê ROE de 14,2% para Santander e enxerga o terceiro trimestre como o início de um ciclo de recuperação para o banco. Os analistas da casa também acreditam que a instituição financeira deve começar a mostrar crescimento em linhas de maior risco e registrar uma redução nas provisões para créditos inadimplentes.

O JPMorgan prevê lucro líquido recorrente de R$ 2,5 bilhões para o banco no terceiro trimestre, o que implicaria em um aumento modesto no ROE do Santander Brasil, de 11,1% no segundo tri, para 12%. Os analistas também acreditam que as provisões do banco devem diminuir e que os empréstimos vão continuar inferiores aos seus pares.

A qualidade dos ativos deve permanecer sob controle, refletindo a abordagem conservadora da instituição financeira na originação de crédito e uma menor contribuição das safras antigas.

Para o Itaú BBA, a recuperação do Santander Brasil deve estar um passo à frente, provavelmente mostrando sinais iniciais de crescimento em linhas mais arriscadas e redução nos de inadimplência.

A XP espera um aumento anual de 8,9% na carteira de crédito do Santander no 3T23 (+2,0% na base trimestral), já que o apetite de risco do banco continua limitado. Sua margem financeira (NII) deve mostrar um crescimento ano a ano de 12% e de 4% frente o 2T23.

Essa performance ainda é afetada negativamente por um NII mais baixo nas atividades de mercado, e a margem de NII no segmento de mercado deve se equilibrar apenas em 2024. As taxas e comissões devem aumentar 6% na base anual.

“Antecipamos uma taxa de inadimplência marginalmente menor de 3,2% (-0,1 ponto percentual na base trimestral), ainda em níveis controlados, e um saudável índice de cobertura de 220% na nossa expectativa, levando a um lucro líquido recorrente de R$ 2,5 bilhões no trimestre (+6% na base trimestral), implicando um ROE de 11,8%”, avalia a XP.

Itaú (ITUB4): resultado em 6 de novembro, após o fechamento

Para o Goldman Sachs, o Itaú pode sustentar seus sólidos níveis de rentabilidade com ROE de 21,0% no 3T23, com uma combinação de crescimento da receita, melhor eficiência e custo de risco relativamente estável.

“Esperamos um crescimento sequencialmente melhor dos empréstimos (3% no trimestre) com possivelmente melhor crescimento empresarial e das PME [pequenas e médias empresas], embora ainda vejamos o banco melhor posicionado para capturar o crescimento no varejo de alta renda”, avalia.

Assim, a margem financeira deve ter melhora 3% no trimestre, avalia o Goldman, enquanto as taxas de serviços podem subir 1% no trimestre devido à atividade modestamente melhor do mercado de capitais.

A qualidade do ativo deve permanecer relativamente sob controle, provavelmente apontando para uma melhoria potencial na inadimplência do varejo nos próximos trimestres. “Prevemos provisões para perdas com empréstimos em sua maioria estáveis, embora o custo do risco permaneça acima da média histórica”, destaca.

Para o trimestre, a XP antecipa que o Itaú relatará um crescimento de um dígito na carteira de crédito, impulsionado por linhas de crédito relacionadas ao consumo. O NII deve continuar a se beneficiar do aumento na carteira de crédito, mostrando um crescimento na base anual de 13% e um crescimento na base trimestral de 4%.

Além disso, espera um aumento marginal na inadimplência, atingindo um nível ainda saudável de 3,1%, juntamente com um forte índice de cobertura de 207% (-5 pontos percentuais na base trimestral).

A XP projeta um lucro líquido recorrente de R$ 9,1 bilhões no trimestre (+12% na base anual e +4% na trimestral), resultando em um ROE de 21,9% (estável na base anual e avanço trimestral de 0,10 ponto percentual). “No geral, não antecipamos nenhuma surpresa significativa no trimestre”, aponta.

A Genial espera que o Itaú entregue mais um trimestre de resultados consistentes com crescimento de lucro e rentabilidade bem acima de seus pares privados (Santander e Bradesco). As suas projeções incorporam um lucro líquido de R$ 8,9 bilhões (+2,1% frente o 2T23 e +10,5% ante o 3T22), com um ROE consistente de 20,7%.

“Esperamos que este trimestre traga uma retomada suave do crescimento da carteira de crédito, puxada por uma leve melhora do apetite em alguns linhas que haviam ficado para trás. Com isso, esperamos que a receita líquida de juros apresente uma expansão tanto pelo maior volume, quanto pela tesouraria que deve continuar apresentando um bom desempenho”, destaca a Genial.

Além disso, projeta que as receitas com tarifas sejam beneficiadas por algumas operações específicas no trimestre. Um ponto a se destacar é custo de crédito, onde espera ver uma estabilidade na comparação trimestral (+1%) com indicadores de inadimplência mais estáveis e novas safras performando melhor, podendo representar um ponto de inflexão do ciclo de crédito.

Já para 2024, a Genial espera que o banco apresente uma aceleração no crescimento da carteira de crédito (+9,9% na base anual) com a retomada do apetite a risco em algumas linhas de negócio, além de um alívio na linha de tarifas, principalmente com um mercado de capitais um pouco mais ativo. Do lado dos custos, espera que o destaque positivo virá do custo de crédito com níveis de provisões (PDD) mais controladas.

Banco do Brasil (BBAS3): 8 de novembro, após o fechamento

O Itaú BBA prevê mais um trimestre de resultados sólidos para o Banco do Brasil, com ROE de 21%. De acordo com os analistas, o lucro do banco deve crescer e atingir R$ 8,9 bilhões. Os ganhos devem ser impulsionados por uma forte receita de juros, capaz de compensar custos de risco ainda elevados.

O Goldman Sachs projeta lucro de R$ 9,1 bilhões (+4% no trimestre e com alta de +9% no comparativo anual) e um ROE saudável de 21,9%.

“Esperamos que o crescimento dos empréstimos no Banco do Brasil (+12% no comparativo anual) ultrapassará a indústria dadas as fortes tendências para empréstimos rurais. De fato, dados do Banco Central do Brasil até agosto mostram que os empréstimos rurais aumentaram 21% no comparativo anual”, avaliam.

Os analistas também preveem crescimento ainda saudável da receita líquida de juros, enquanto as taxas podem expandir 6% no trimestre (+3% no comparativo anual). “Esperamos uma normalização parcial no custo do risco frente as altas bases de comparação no 2T23, consistente com a banda superior do guidance de provisões (R$ 23-27 bilhões)”, avaliam.

A qualidade dos ativos provavelmente deve seguir sob controle, diz o Goldman, embora a inadimplência no segmento das empresas possam aumentar. “Finalmente, despesas com pessoal deverão ser parcialmente impactadas pelo reajuste salarial anual em vigor a partir de setembro em diante, enquanto outras despesas operacionais podem se normalizar parcialmente a partir do 2T23”, avalia o banco.

A XP ressalta que, após o segundo trimestre, o Banco do Brasil revisou e elevou sua orientação para a carteira de empréstimos. O crédito rural deve continuar se apresentando forte por mais um trimestre, apoiando um crescimento sólido na carteira de empréstimos.

“Antecipamos que a carteira de empréstimos manterá uma taxa de crescimento forte, provavelmente em linha com o ponto médio da projeção revisada de 9% a 13%. Como resultado, esperamos que o lucro líquido de juros aumente 21% ano a ano e 3% na base trimestral, apesar de uma receita de tesouraria mais fraca”, avalia a equipe de análise.

A taxa de inadimplência deve permanecer estável em 2,7%, que ainda é a mais baixa entre seus pares e reflete a natureza defensiva da carteira.

“Isso não deve ter um impacto significativo na relação saudável de cobertura da empresa de 208% (+7 pontos percentuais na base trimestral)”, avalia. Em termos de lucro líquido de operações contínuas, projeta R$ 9,0 bilhões para o 3T, representando um aumento de 8% ano a ano e um aumento de 3% T/T, resultando em um retorno sobre o patrimônio líquido de 22,2% para o Banco do Brasil.

Bradesco (BBDC4): resultado em 9 de novembro, após o fechamento

A Genial acredita que o Bradesco, assim como o Santander, deva continuar com resultados pressionados nesse 3T23, com uma rentabilidade ainda bem aquém de um cenário mais normalizado.

A casa de análise estima um lucro líquido no 3T23 de R$ 4,78 bilhões com uma evolução de 5,9% na base trimestral, mas ainda menor que no comparativo anual contra o 3T22 (-8,4% na base anual).

O ROE deve continuar fraca no 3T23, em 11,93%, bem abaixo do histórico e de outros bancos pares (Itaú e Banco do Brasil), mas com uma leve melhora em relação ao trimestre passado com um ROE de 11,49%.

“Em linhas gerais, esperamos um 3T23 fraco, apesar de crescimento trimestral. O trimestre deve ser beneficiado por uma margem com mercado saindo do negativo para algo mais próximo ao breakeven (zero), consequência da reprecificação do ALM (Asset Liabilitiy Management) e queda dos juros que ajudam a diminuir o custo de funding. Por outro lado, vemos o resultado de seguros marginalmente mais fraco no trimestre, mas ainda com um crescimento robusto na base anual”, avalia.

Para a PDD, a expectativa é de uma queda marginal, reflexo de um cenário mais estável. “Para o ano que vem, esperamos que a receita total apresente uma retomada impulsionado por: margem com mercado voltando a patamares positivos beneficiada pela queda da Selic; crescimento da margem com clientes impulsionada por maiores volumes de crédito e melhoria do mix com maior spread devido a retomada de apetite de risco; receitas com tarifas voltando a crescer acima da inflação; e seguros mantendo bons resultados”, avalia.

Do lado de custos, as provisões de crédito devem ficar relativamente mais comportadas, com queda quando comparado com 2023, além de um gasto mais contido com a linha de “outras despesas administrativas”, já normalizada.

A XP destaca que o Bradesco revisou seu guidance após a divulgação dos resultados do segundo trimestre. Com relação à carteira de empréstimos, a revisão foi para baixo. Assim, devido em grande parte ao ligeiro aumento do apetite por risco em relação a indivíduos, afirmado recentemente pela alta administração do Bradesco, a XP espera um crescimento de 1,6% na base anual e de 2,8% no trimestre na carteira de empréstimos do banco neste trimestre, amplamente em linha com o limite inferior de suas orientações (1% – 5%).

No entanto, em relação ao NII, a XP espera uma melhora ligeiramente mais significativa, com um crescimento de 10% ano a ano (+8% frente o 2T23), impulsionado principalmente por uma margem mais forte com os clientes. Na frente de inadimplência, a casa espera que o banco atinja 6,2%, pelo segundo trimestre consecutivo, imprimindo um aumento mais lento no T3 (+33 pontos-base versus alta de 75 pontos-base no 2T23).

Isso deve levar o banco a relatar uma taxa de cobertura próxima a 159% (-50 pontos-base no trimestre). Como resultado, projeta que o Bradesco relate outro trimestre de queda no lucro líquido recorrente (-12% na base anual, mas +2% na base trimestral) e ROE de 11,7% (-210 pontos-base na comparação anual, mas +10 bps na base trimestral).

O Itaú BBA apontou que “apesar de ser um resultado esperado, o ROE escasso de 11% e os lucros estáveis do Bradesco devem sinalizar que sua receita financeira e a recuperação dos custos de crédito ficarão atrás dos de outros bancos”.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados